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Temporal deixa mais de uma dezena de mortos no Sudeste do país

As tempestades se devem à chegada de uma frente fria que causou estragos no RS e SP

Publicado domingo, 24 de março de 2024 às 08:03 h | Autor: AFP
A maioria das mortes aconteceu na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro
A maioria das mortes aconteceu na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro -

Um temporal deixou 12 mortos no Sudeste do país, a maioria na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, onde autoridades se mobilizavam neste sábado, 23, para tentar reduzir os danos.

O estado do Rio registrava sete mortos desde o começo das chuvas, no dia anterior, informou o governo. Autoridades do Espírito Santo confirmaram quatro mortos e sete desaparecidos.

Tragédias como essas se intensificam com as mudanças climáticas, ressaltou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na rede social X, solidarizando-se com as famílias afetadas.

O governo do Rio confirmou quatro mortos no desabamento de uma casa e um pequeno prédio em Petrópolis, a cerca de 70 quilômetros da capital.

Uma equipe da AFP acompanhou na manhã de hoje o resgate de uma menina que passou 16 horas soterrada, e a descoberta do corpo do pai da criança."Estamos com dor, mas agradecidos por esse milagre", disse à AFP Luis Claudio de Souza, 63 anos, dono de um bar vizinho.

No estado do Rio, houve duas mortes adicionais em Teresópolis e outras em Santa Cruz da Serra e Arraial do Cabo. Já no Espírito Santo, o governador, Renato Casagrande, descreveu "uma situação caótica" na localidade de Mimoso do Sul e disse que o número de mortos pelo temporal ainda é desconhecido.

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Imagens de um sobrevoo divulgadas pelo corpo de bombeiros daquele estado mostram bairros inteiros debaixo d'água. A imprensa local exibiu imagens de carros e um caminhão dos bombeiros sendo arrastados pela água.

No litoral de São Paulo, houve rajadas de vento e chuva forte. Duas crianças foram internadas ontem após ficarem gravemente feridas em incidentes diferentes, segundo a Defesa Civil.

As tempestades se devem à chegada de uma frente fria que causou estragos no Rio Grande do Sul durante a semana e depois atingiu São Paulo e o Rio de Janeiro, antes de chegar ao Espírito Santo, explicaram meteorologistas do Inmet.

Tragédia repetida

Dezenas de militares e bombeiros, com o auxílio de cães farejadores trabalharam na manhã de hoje em Petrópolis debaixo de uma chuva intensa. O governador Cláudio Castro descreveu uma situação crítica na cidade histórica, que se declarou em emergência devido às chuvas.

Imagens divulgadas pela imprensa local mostravam rios de água e lama descendo pelas encostas de Petrópolis, destino turístico que ainda guarda frescas lembranças de uma tempestade que deixou 241 mortos em fevereiro de 2022.

Parte do cemitério municipal foi devastada pelas águas, observou a AFP neste sábado. Veículos de emergência circulavam desde cedo para atender à população, que continuava enfrentando riscos "muito altos" de novos deslizamentos, segundo autoridades.

Cerca de 90 pessoas foram resgatadas desde ontem e escolas públicas foram habilitadas como abrigos, informou um comitê de emergência do governo do Rio, em conjunto com os Bombeiros e a Defesa Civil. Brigadas de apoio federais também atuavam nas áreas afetadas.

Clima severo

Ainda estavam previstas precipitações fortes no norte do Rio e na Região Serrana, onde Petrópolis registrou 300 milímetros em 24 horas e outras cidades, como Teresópolis e Magé, somaram mais de 220 milímetros, segundo estimativas oficiais.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia antecipado um "clima severo" no Sudeste, principalmente no Rio de Janeiro, com cerca de 200 milímetros de chuva por dia entre ontem e amanhã. Esse volume supera a média histórica de 141,5 milímetros para todo o mês de março.

O alerta permanece em vigor até amanhã no Sudeste do país, após uma onda de calor elevar nos últimos dias a sensação térmica para um recorde de 62,3 ºC no Rio de Janeiro no último domingo e gerar os maiores registros em São Paulo para o mês de março.

O país vem sofrendo nos últimos tempos com fenômenos extremos que especialistas relacionam às mudanças climáticas, entre eles tempestades, secas e recordes de calor, que têm forte impacto sobre a população mais vulnerável.

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