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Transexuais são agredidas em bar no Rio de Janeiro

Zuria relatou todas as agressões em suas redes sociais

Publicado segunda-feira, 22 de janeiro de 2024 às 17:08 h | Atualizado em 23/01/2024, 14:57 | Autor: Felipe Sena
Artista está com hematmas por todo o corpo
Artista está com hematmas por todo o corpo -

Três mulheres trans foram agredidas por um grupo de mais de 15 homens em frente a um bar da Lapa, no Rio de Janeiro, na sexta-feira, 19. Nas redes sociais, uma das vítimas, a artista Zuria, relatou o caso, após dois dias do ocorrido, nesta segunda-feira, 22.

Zuria e a designer de moda, Lua, foram violentamente agredidas e estão com hematomas por todo o corpo. Zuria teve o nariz quebrado e aguarda uma cirurgia. A influenciadora relatou que foi agredida por seguranças do Casarão do Firmino, onde estava acontecendo um samba que estaria acontecendo na última sexta, além de ambulantes e motorista de aplicativo do app Uber.

Em nota, a Uber informou que não foi "possível" verificar se uma das pessoas que participou das agressões trabalha para a empresa, "porque, até o momento, não foi fornecida à empresa qualquer informação para checar se o motorista mencionado é cadastrado no aplicativo da Uber".

Além disso, afirmou que o nome "Uber" é "usado como sinônimo para toda a categoria de aplicativos de mobilidade, bem como sinônimo da atividade de quem utiliza os apps para gerar renda".

As agressões causaram lesões no corpo
As agressões causaram lesões no corpo |  Foto: Reprodução | Instagram

Ela disse que foi retirada do samba junto com a irmã, e recebeu várias ofensas. “Iniciaram uma agressão verbal com falas transfóbicas como: ‘pode bater que é tudo homem’, ‘nela (minha irmã sis) eu não bato, mas em vocês dois eu meto a porrada’, ‘eu pensava que era mulher, senão já tinha batido antes”, escreveu Zuria, que afirmou que após as agressões foram jogadas no chão e chutadas por todo o corpo.

As mulheres chegaram a ter ajuda de algumas pessoas que estavam no bar e pediram um táxi para as vítimas, mas as agressões continuaram. Zuria relatou que os seguranças do bar fizeram uma barreira em frente ao táxi e as impediram de sair do local, as humilhando, afirmando que deveriam sair do local “andando”.

Um dos seguranças foi em direção ao carro, tirou a chave da ignição, retirou o motorista do automóvel e voltaram a agredir as mulheres. De acordo com Zuria, uma das testemunhas afirmou que a ideia era continuar as agressões em uma rua sem câmeras de segurança, para que os atos não fossem registrados.

Quando retirada do veículo, Zuria afirma que um dos seguranças pisou no seu rosto, que terminou estourando seu supercílio e quebrando seu nariz. Uma das irmãs dela estava desacordada e teve que ser levada nos ombros da outra vítima, Lua, que também estava machucada.

Além disso, as vítimas não tiveram como pedir mais ajuda, pois tiveram os pertences furtados. Após isso, Zuria encontrou uma viatura da polícia e pediu ajuda, mas afirmou que chegando à delegacia, não foram bem recebidas.

Ela relatou que com a ausência dos pertences, teve que explicar detalhadamente o que fazia, sua formação, explicando seu “valor social”, entre outras informações, para que o atendimento fosse concluído.

“Eu e Lua, como mulheres trans, sobrevivemos às estatísticas que apontam que o país que a gente vive segue pelo 14° liderando o ranking de países que mais matam pessoas trans, renascendo de novo e estamos aqui contando a história”, afirmou.

Posição do bar

O Casarão do Firmino publicou uma nota de esclarecimento nas redes sociais na qual o estabelecimento afirma que as informações circuladas nas últimas horas sobre o ocorrido são “boatos” e que a “confusão ocorreu fora das dependências” do bar, e que, inclusive, o grupo autor da agressão não trabalhava para o bar.

“O samba havia terminado quando um grupo, já do lado de fora, começou a arremessar garrafas em direção a grade onde ficam os colaboradores”, diz a nota. “Dois seguranças do Casarão foram atingidos, socorridos e, em seguida, prestaram depoimento, em sede policial, sendo encaminhados para exame corpo de delito”, continua.

De acordo com o bar, segundo relatos, o grupo que fez a denúncia teria se envolvido em uma briga corporal com ambulantes na rua. Ainda afirmam que o grupo teria se desentendido com um motorista de aplicativo que registrava a confusão pelo celular”.

Crime

LGBTfobia é crime, com pena prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio, é possível denunciar, ligando para 190, em caso de flagrante ou 100 a qualquer horário, presencialmente ou online, abrindo um boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas.

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