NOVO
Afinidade musical
Lançamento Três artistas da música – Saulo, Luciano Calazans e Ronaldo Bastos – se unem para produzir o álbum
O encontro entre três grandes nomes da música brasileira pode ser conferido no álbum de Saulo, Ronaldo Bastos e Luciano Calazans, dois baianos e um carioca que se uniram há quatro anos para dar vida ao repertório de Asa de Voar Longe - disponível nas plataformas virtuais de música a partir de amanhã.
Os artistas trazem células rítmicas do candomblé, passeando por harmonias que remetem a Tom Jobim, e um voo certeiro pelo sertão, adaptado com a percussão do pagode baiano, com produção musical e arranjos de Luciano Calazans.
“A inspiração deriva da nossa afinidade estética e principalmente da amizade gerada nesse encontro. Eu costumo levar muito tempo para compor e gosto de ter meu tempo a sós com as melodias, procurando as palavras como um escultor procura a obra a ser esculpida. Acredito que nenhum de nós pensava em um projeto conjunto naquele momento, mas acabou acontecendo”, conta Ronaldo Bastos.
“Eu acredito que a melhor parte dessa colaboração seja a combinação dos talentos individuais, cada um com seu lance, mas principalmente a soma, que resultou em algo original, fluido e de muita beleza. Esse é o primeiro registro fonográfico que eterniza o encontro dos três, e ficou melhor do que imaginávamos. É um privilégio poder continuar defendendo a canção com esses parceiros maravilhosos”, arremata o compositor carioca.
Reza Forte, Na Beira do Mar, Sussuarana são títulos que sugerem a narrativa de um álbum trabalhado a seis mãos e interpretado por uma das vozes mais suaves da Bahia - Saulo. Na capa, criada por Beto Martins com montagem de Enéas Guerra, a arte de Carybé, em Soltando Pipa, sobre a foto Garoto Empinando Pipa, de Pierre Verger.
A ludicidade se faz presente principalmente em Asas de Voar Longe, single que dá nome ao projeto, e em Choro de Amor, uma versão clássica que exalta o amor acompanhado dos sopros da clarineta de Ivan Sacerdote. O disco termina com a canção Bonita, Bonita e a certeza de que a poesia deu início a uma parceria forte, ao nascimento de uma trindade.
Ritmo e harmonia
Asa de Voar Longe é um projeto em que as canções estão impregnadas do melhor da Bahia e do Brasil. Sincretismo, ancestralidade, riqueza rítmica, harmônica, poética e modernidade. Enquanto Saulo e Luciano compuseram as melodias, Ronaldo fez grande parte das letras.
O convite para adentrarmos na poesia do trio se inicia com Reza Forte, evocando os atabaques oriundos da Bahia. Depois, o pandeiro no compasso em 7 por 8, abre alas para Samba Que Deu. O ritmo mais representativo da cultura popular segue na terceira faixa, Faz Quem Quer, e mostra sutileza em Na Beira do Mar. Sem perder a sonoridade raiz, Sussuarana se destaca como uma leitura moderna do sertão com uma ousada e peculiar sonoridade dentre as oito faixas do álbum.
“Para mim, a inspiração vem sempre das melodias. Luciano chegou com várias quase prontas, eu fiz quase todas as letras e Saulo participou tanto das melodias quanto das letras, sempre de maneira certeira. Tudo que nos move, musical e poeticamente, acabou entrando no balaio. O disco contém coisas que vieram de lugar nenhum, só vieram e ficaram. Acho que resultou num álbum universal que abraça o melhor da Bahia e do Brasil” conclui Bastos.
“Acho que o que nos inspirou, além do nosso amor em comum pela música, foi o grande respeito e admiração mútua que nutrimos um pelo outro. Na realidade, em cada encontro um se inspirou no outro e nós dois, eu e Saulo, nos inspiramos em Ronaldo Bastos. Também há uma atmosfera mágica que oxigenou todas as canções durante os encontros fantásticos e despretensiosos, onde só o ser, o estar e a deusa música imperavam”, comenta Luciano Calazans.
“Tenho fé em quem tem fé. Admiro muito as pessoas que são dotadas dessa coisa tão simples e ao mesmo tempo de tanta complexidade. Acho que toda forma de fé é bem-vinda. Fé na vida, nas artes, no mar, nas pessoas, no planeta. Tenho fé na música como algo transformador e eternamente revolucionário. A música me salvou, literalmente, da morte” finaliza Calazans.
* sob a supervisão do editor eugênio afonso
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