CADERNO 2
Angra volta à Bahia nesta sexta-feira com turnê de 20 anos
Nome consagrado do heavy metal brasileiro, a banda se apresenta em Lauro de Freitas
Por Bruno Santana*
“Relembrando, recuando, retornando, recuperando. Uma conversa fiada da qual você sente falta. Mais inteligente, porém mais velho agora”. A estrofe de Rebirth, faixa-título de um dos álbuns mais celebrados do Angra, vem a calhar para descrever a nova fase da banda. E é neste espírito de renascimento que o grupo, já devidamente inserido em seu devido lugar no Olimpo do heavy metal brasileiro, retorna à Bahia nesta sexta-feira (16) — justamente para comemorar as duas décadas de lançamento do Rebirth.
A apresentação, que ocorre a partir das 19h no Zurique Hall, em Lauro de Freitas, é um renascimento simbólico em diversos sentidos. Além de comemorar as duas décadas de um dos discos mais icônicos da banda, o show também é o reencontro do Angra com os fãs baianos após o período mais difícil da pandemia de COVID-19. E, mais que isso, a força do palco também sela aquilo que o guitarrista Rafael Bittencourt classifica como o melhor momento da formação atual da banda.
“É um excelente momento, de muito entrosamento, de muita refinação”, define Rafael, um dos fundadores e único membro presente em todas as formações do Angra desde a sua formação, em 1991.
“A gente hoje tem uma sintonia muito grande no palco e fora também, e é muito bom relembrar esse momento glorioso que foi o lançamento de Rebirth. Fora a saudade de tocar para o público de Salvador — acho que o público vai notar essa paixão, essa vontade de estarmos juntos”, afirma.
Marcelo Barbosa, guitarrista que faz parte da formação atual do Angra desde 2015, concorda que a apresentação é um reencontro especial. "Todos os shows da turnê Rebirth têm sido muito emocionantes”, afirma. “É muito interessante porque o repertório é bem pra cima, além de termos momentos muito emocionantes. É essa mistura da força da banda, das músicas mais pesadas, com momentos que fazem as pessoas lembrarem de suas infâncias, adolescências, que há vinte anos curtiram o Rebirth. O público se renova, tem muita criança e adolescente no show, os pais levam os filhos, isso tudo é muito legal", comemora.
Outro – porém, o mesmo
Da formação que gravou o Rebirth, em 2001, apenas Rafael e o baixista Felipe Andreoli seguem na banda. De lá para cá, entraram, além de Marcelo, o baterista Bruno Valverde e o vocalista Fabio Lione, considerado uma das principais vozes do metal na atualidade. Ainda assim, o espírito do Angra — consagrado também por figuras como o lendário vocalista Andre Matos, falecido em 2019, e o guitarrista Kiko Loureiro, hoje no Megadeth — segue intacto. Com algumas diferenças, claro.
“Eu realmente gosto do álbum Rebirth, então é uma sensação boa cantar essas músicas”, afirma Fabio, italiano de Pisa, sobre a responsabilidade de entoar as canções originalmente interpretadas por Edu Falaschi, vocalista do Angra na época do álbum homenageado. “Algumas eu tento fazer com um estilo um pouco diferente, algumas como estão no disco. Eu acho que é importante colocar seu estilo em tudo que você faz. Bem, mudo sim, mas com moderação!", brinca o cantor.
Rafael, por sua vez, nota que as principais características do Angra estão cristalizadas, porém envernizadas por uma camada de experiência adquirida por todos os seus membros ao longo das décadas de estrada. "Permanece a paixão por tocar, as referências que estabelecem o estilo da banda, como o metal melódico, o power metal, o metal progressivo, as sinfonias… essas seguem sendo a nossa linha-guia, mas sempre com margem para experimentarmos coisas novas", afirma o guitarrista. "Por outro lado, o que mais mudou foi a maturidade de todos, a dinâmica interna da banda, os processos para ensaiar, para gravar música, para viajar junto… tudo isso, hoje, é muito mais leve e agradável", celebra.
O décimo
Embora o momento seja de celebrar a história do Rebirth, o Angra também olha para a frente: ao mesmo tempo em que roda o país tocando o seu quarto álbum de estúdio, a banda também já está preenchendo os bloquinhos de notas com ideias e composições para o próximo disco, seu décimo.
“Toda vez a gente fala que [o próximo] é o melhor álbum da banda, que está incrível, e obviamente não podemos deixar de tecer elogios, até porque estamos envolvidos com o trabalho, apaixonados pelo trabalho. Mas dessa vez o que eu garanto é que a banda está no seu melhor momento”, adianta Rafael.
“Com certeza é o melhor momento dessa formação, estamos muito entrosados, muito afinados e com muito tesão de tocar. Também acumulamos muitas vivências nesses últimos quatro anos, tantas coisas aconteceram, tanto no mundo quanto individualmente, e isso trouxe muitos assuntos e inspirações pra músicas diferentes. Eu tenho certeza que o público vai se apaixonar. É um álbum que vai marcar a cena do heavy metal brasileira e mundial”, afirma.
Marcelo, por sua vez, traz alguns detalhes sobre a produção do décimo álbum. “As gravações já estão bem adiantadas, já fizemos toda a parte mais pesada, mais difícil de ser gravada, trabalhosa”, revela o guitarrista.
“Faltam ainda alguns detalhes, alguns violões, percussão, alguma coisa de coros, que precisamos gravar em São Paulo. Em breve a gente entra na mixagem e masterização. Tá muito bonito o trabalho, temos certeza que todo mundo vai curtir muito", completa.
Enquanto o novo disco do Angra não sai do forno, os fãs de Salvador e Região Metropolitana podem, naturalmente, curtir as celebrações dos vinte anos do Rebirth.
Os ingressos para o show desta sexta-feira, que variam entre R$ 80 (meia-entrada para a pista) e R$ 220 (inteira para a área VIP), podem ser adquiridos online — mais informações podem ser encontradas no site oficial da banda, o angra.net.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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