'Autoramas & Fernanda Takai cantam Beatles' se apresentam no TCA | A TARDE
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'Autoramas & Fernanda Takai cantam Beatles' se apresentam no TCA

Espetáculo promete mergulho no repertório da banda que definiu a estética rock nos anos 1960

Publicado terça-feira, 12 de julho de 2022 às 06:30 h | Autor: João Paulo Barreto | Especial A TARDE
Gabriel Thomaz, Érika Martins, Fabio Lima, Fernanda Takai e Jairo Fajersztajn: Autoramas e convidada prontos para atacar – assim que alguém os tirar do elevador
Gabriel Thomaz, Érika Martins, Fabio Lima, Fernanda Takai e Jairo Fajersztajn: Autoramas e convidada prontos para atacar – assim que alguém os tirar do elevador -

Nesta quarta-feira, 13, se comemora o Dia Mundial do Rock, mas, em Salvador, a comemoração para essa data deverá acontecer, em grande estilo, na sexta-feira, 15, no Teatro Castro Alves. Isso  porque o repertório da banda que melhor representou esse estilo moldador de culturas e influências no século 20 será interpretado por nomes de peso do rock brazuca. Fãs de carteirinha dos Beatles, a vocalista do Pato Fu, Fernanda Takai, e a banda carioca Autoramas, um dos símbolos do Rock independente feito no país, vão deleitar o público presente na Sala Principal do TCA com uma seleção de músicas do famoso quarteto de Liverpool em uma noite especialíssima.

Dona de uma das vozes mais suaves e conhecidas da música pop brasileira, Fernanda Takai, do mesmo modo que muitas pessoas cujo envolvimento afetivo com o rock and roll é latente, tem nos Beatles um ponto de referência e personalidade que vem de longa data. "Os Beatles apareceram na minha vida porque o meu pai tinha uma fita deles. E eu, bem pequena, acho que com cinco ou seis anos, comecei a ouvir. Eu falava: 'Nossa! O que é isso?' E pedia para o meu pai me explicar o que era. Ele só dizia: 'Ah, é uma banda, mas essa banda já acabou.' Sabe aquela coisa assim? E eu respondia: 'Mas como assim acabou? É tão boa!'", relembra Fernanda, entre risos.

"Os Beatles me deram noção de duas coisas: primeiro que existiam outros idiomas no mundo. Porque acho que foi a primeira música em outro idioma que ouvi. E eu, criança ainda, não entendia nada, mas gostava muito. E eles me fizeram querer entender e aprender a fazer abertura vocal logo que eu fui ficando mais velha. Eu pensava: 'Nossa! Eu tenho que aprender a cantar com os Beatles e a fazer vocais como eles.' Então, são duas coisas que foram fundamentais para mim", explica Fernanda. 

Impacto do TCA 

O show, que chega a Salvador pela primeira vez, foi idealizado em 2019 para o Beatles SESC, o mês do SESC Jundiaí, em São Paulo, que é dedicado à música e à influência do quarteto de Liverpool.

Sua estreia, no final daquele ano, teve ingressos esgotados, sendo um promissor sucesso como turnê que teria início em 2020. Mas, com a pandemia, as apresentações foram suspensas e, agora, retornam  tendo no Teatro Castro Alves a ambientação perfeita para as interpretações da banda, para os alicerces da música que as composições da dupla Lennon & McCartney, além de Harrison e Starkey, trarão.

Érika Martins, voz e guitarra do Autoramas, pontua bem esse impacto do teatro soteropolitano nesse momento de sua carreira.

Ex-vocalista e guitarrista da banda Penélope, que surgiu aqui em Salvador nos anos 1990, fala com empolgação desse momento da próxima sexta-feira. "Pessoalmente, eu estou muito emocionada de tocar no Teatro Castro Alves. Nunca toquei lá. Já toquei na Concha Acústica com a Penélope algumas vezes, mas nunca tive a chance de tocar no TCA. Esse show, pra mim, vai ter um significado muito especial. Minha família toda vai estar lá e acho que só ela já lota o teatro," brinca a cantora.

Repertório e terninhos

Gabriel Thomaz, também vocais e guitarrista do Autoramas, brinca: "Eu não aguento nem esperar. Queria que esse show fosse hoje", diz entre risos. O músico também traz exemplos do repertório que o show abarcará, passando pelos "oldies" da fase inicial dos discos Please Please Me (1963) e With The Beatles (1963), e chegando aos pontos de virada com as inovações propostas em Rubber Soul (1965), Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967) e Álbum Branco (1968). "No meu caso, eu gosto de todas as fases", pontua o músico. "Do Sgt. Pepper's, temos um arranjo muito legal para Lucy in the Sky With Diamonds, que tem a Érika como a voz principal. É sensacional! Talvez seja a música mais simbólica do álbum Sgt. Pepper's. E tem, também Blackbird, do Álbum Branco, um momento bem bonito do nosso repertório", explica o músico.

Fernanda Takai pontua que a sonoridade do Autoramas possui uma identificação forte com a fase inicial da banda até 1966, quando os Beatles ainda tocavam ao vivo. "A identificação do som do Autoramas, para mim, e até se fosse o Pato Fu tocando, é maior com a fase 'terninhos' dos Beatles.  Porque é aquele momento Rock anda Roll, mesmo. É uma coisa mais crua, mais básica", salienta a cantora quando arguida acerca da fase do quarteto britânico com a qual o show melhor se identifica tanto sonoramente quanto em relação ao figurino.

"Acho que as músicas todas ganharam um peso do Autoramas tocando Beatles. Isso não dá para disfarçar. Você ouve e vai ver esse DNA. É Autoramas tocando Beatles e eu estou lá cantando metade das músicas com eles", explica Takai.

Gabriel brinca falando sobre uma ideia de evoluir. "Eu sempre sonhei em tocar de terninho. Passei a minha vida inteira tocando de jaqueta de couro. Tocar de terninho é uma super evolução", diz o guitarrista. Curiosamente, na história dos Beatles, essa mudança das jaquetas pretas para os ternos foi algo que o seu empresário, o lendário Brian Epstein, frisou em diversas entrevistas durante o tempo em que esteve à frente da banda nas questões de negócios.

A partir dessa mudança, dessa evolução, foi que o grupo adentrou em um terreno de conquista de público, algo que, ainda bem, encontrou respaldo no talento daqueles quatro rapazes. 

Tal talento ecoa 60 anos depois na vida pessoal e profissional de Érika Martins, Fernanda Takai e Gabriel Thomaz que, junto a Fabio Lima (bateria) e Jairo Fajersztajn (baixo) certamente construirão uma noite memorável no Teatro Castro Alves tocando as músicas daqueles caras que queriam apenas segurar nossas mãos, mas foram muito além disso.  

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