MÚSICA
Casa da Mãe, no Rio Vermelho, comemora 17 anos com shows
Vasta programação tem shows, saraus, jams, rodas de samba e segue até o dia 31 de maio
Por Elis Freire*
Ao vir de Santo Amaro estudar música em Salvador, Stella Maris avistou um pequeno espaço, em frente à casinha de Yemanjá no Rio Vermelho, que viria a ser a Casa da Mãe. Em comemoração aos seus 17 anos, o espaço cultural, localizado na Rua Guedes Cabral, 81, recebe mais de 30 artistas – muitos “adotados” pela casa – para um festival de shows de música e culinária.
“Eu sou filha de Yemanjá e eu sempre digo que foi ela que me deu esse espaço. É a casa dela, costumo dizer. Uma casa para gente fazer música e fazer cultura. Yemanjá é uma grande mãe no candomblé e não é à toa que esse lugar serve para acolher, como uma grande mãe", afirmou Stella Maris, fundadora da Casa da Mãe e administradora, ao lado da conterrânea Flávia Motta.
Roberto Mendes, cantor e compositor, também santamarense, é um dos filhos da Casa. Com o show O que se come e o que se fala, o artista que já se apresentou no dia 10, volta ao palco da casa na noite desta quarta (17) e no dia 24, junto com Stella Maris e o poeta Nizaldo Portela.
No dia 17, o show acontece em conjunto com o Festival Vatapá de Stella, onde o público poderá degustar de 8 diferentes tipos de vatapá. Trazendo suas raízes culturais do recôncavo, a intérprete, também formada em Gastronomia, celebra o espaço que administra, com muita música e comida.
“A Casa da Mãe é onde se come e se fala a palavra cantada. O que se come e o que se fala é sem dúvida o binômio de formação do comportamento de qualquer povo. Na Casa da Mãe, eu estou dentro do Recôncavo, dentro de Santo Amaro, com maniçoba, sarapatel, vatapá. Casa de Mãe é a casa do bom filho que eu sou”, disse Roberto Mendes. “Que a dona da casa me dê licença para eu sambar na varanda, com o chapéu na cabeça e facão”, completou o músico estudioso do samba chula, que já compôs canções gravadas por artistas como Gal Costa, Caetano e Maria Bethânia.
As comemorações dos 17 anos da Casa da Mãe trazem também o retorno do projeto Quinta Delas, com o protagonismo das musicistas e cantoras. O projeto, que já recebeu Jussara Silveira contará na última quinta do mês, próximo dia 25, com um show inédito de Cláudia Cunha.
Fã assídua desde a fundação da casa, a cantora apresenta um show solo pela primeira vez no espaço, em homenagem à Gal Costa. Com um repertório que dá foco ao lado romântico da discografia da mestra da música popular brasileira, a cantora se apresenta junto à Jussara Silveira e Belô Veloso.
Para você eu guardei o amor mais bonito é um show inédito com canções de amor, dor, prazer e desilusão que fazem parte do repertório romântico e sentimental da minha musa eterna e irretocável: Gal Costa”, explicou Cláudia.
Também se apresentarão ao longo deste mês a banda Samba das Pretas, nos domingos de maio, hoje, dia 21 e 28, MãeAna e Bem Gil nas noites de segunda: amanhã e nos dias 22 e 29 de maio, além de muitos outros artistas.
Lugar dos Artistas
O Sarau Casa da Mãe é uma marca do espaço e não podia estar de fora da programação. Na noite do dia 30, última terça-feira do mês, sob a condução de Stella Maris e Gil Vicente Tavares, os artistas poderão revezar o palco para apresentar seus trabalhos.
Gil Vicente Tavares – músico e dramaturgo soteropolitano – se apresenta desde o primeiro sarau e se formou no palco durante as noites do projeto. “Devo à Casa da Mãe ter saído de uma pessoa que cantava e tocava mal, sem jeito para o palco, para virar uma pessoa mais desinibida. Consegui criar um repertório que me salvou do fracasso, divertindo as pessoas e criando uma identidade nas terças. Canto de Chico à Chiclete”, afirmou o músico.
O acolhimento de pequenos a grandes artistas é o diferencial desse espaço, com diversidade de ritmos e estilos. Através do sarau, a Casa da Mãe materna os seus artistas, como uma pequena incubadora localizada no centro da boemia do Rio Vermelho.
“O diferencial é que ela não é só um espaço comercial, é um espaço do artista. O Sarau, por exemplo, são os artistas que administram: cada noite é uma noite. É um espaço em que as pessoas se sentem à vontade. Lá tem música de verdade, tem o que a Bahia produz de verdade, dos artistas mais antigos aos artistas novos. Um teatro tem um custo maior e a Casa da Mãe serve como um espaço para maternar as coisas., explicou Stella.
Com a junção da música soteropolitana com a música do recôncavo, tocando samba, MPB, funk, forró, rock, o espaço se coloca como um local de efervescência cultural da cidade.
“A Casa da Mãe acolhe boa parte do que se faz de melhor no recôncavo baiano e é uma referência para se ouvir boa música, variada, quase todos os dias da semana, de forma ininterrupta”, afirmou Gil Vicente Tavares
“A Bahia não tem outro espaço com esse onde pode se comer, se cantar e se falar como aqui. Aqui se tem uma Bahia maior, onde Salvador e o Recôncavo se fundem, em um ‘reconsertão’”, completou Roberto Mendes.
Com 17 aninhos, a Casa da Mãe contribui para gerar frutos que só os encontros entre música, comida e público podem proporcionar.
Confira a programação e veja mais informações: Instagram @casadamaeoficial
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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