ARTES CÊNICAS
Cláudia Raia apresenta comédia musical no Teatro Castro Alves
Espetáculo conta a história de amor entre um escritor e uma diva do cinema internacional
Por Eugênio Afonso
Quando se pensa em musical no Brasil, impossível não associar esse gênero teatral ao nome da atriz, bailarina e cantora paulista Claudia Raia, 55. Artista conhecida e reconhecida do Oiapoque ao Chuí, sobretudo graças às novelas veiculadas na TV Globo, Claudia tem há décadas alavancado os musicais no país e é, sem dúvida, um expoente de peso nesse universo.
De hoje a domingo (sexta e sábado às 21h, e domingo às 19h), no palco principal do Teatro Castro Alves, la Raia e seu marido, o bailarino Jarbas Homem de Mello, trazem para Salvador o espetáculo Conserto para Dois, o Musical.
Com texto de Anna Toledo e direção do próprio Jarbas, o musical tem 12 personagens, todos interpretados pelo casal, mas conta também com a participação do ator Guilherme Terra, responsável pelos personagens secundários de apoio.
“É uma comediona muito divertida, mas não só isso. Tem drama também, suspense, muitas reviravoltas. O propósito é levar alegria para o público, fazer o público se divertir, sonhar”, conta Raia.
Jarbas complementa dizendo que “outro propósito é a gente mostrar a força do teatro musical brasileiro. Esse é um mercado que cresceu muito. Conseguimos hoje ter dez espetáculos musicais em cartaz ao mesmo tempo, ou seja, temos já um mercado aquecido”.
Sempre em tom de farsa e comédia melodramática, a peça narra a história de amor, encontros e desencontros entre o famoso escritor Ângelo Rinaldi e a diva de cinema e celebridade internacional Luna de Palma. Separados, os dois partem em um cruzeiro para esquecerem a desilusão amorosa, no entanto não fazem ideia de que continuam juntos, pois embarcaram no mesmo navio, o Sinfonia dos Mares, rumo à Antártida.
“No desenrolar da história, eles começam a trabalhar nesta relação, por isso que o nome do espetáculo é conserto com "s" (risos). E nisso tudo, eu e Jarbas interpretamos todos os personagens que compõem a história. É uma maratona que nós, e a equipe que está conosco, fazemos em todas as apresentações”, detalha la Raia.
Parceria em cena
Juntos há dez anos, esta é a primeira vez que Jarbas, que tem 32 anos de carreira, dirige Claudia em um musical. “Ela é uma atriz que gosta de ser dirigida, o que facilita muito o trabalho. Como eu já a conhecia muito como atriz, isso também facilita. Sei o que funciona e o que não funciona para ela, onde eu posso apertar mais (risos)”.
Claudia, que estreou seu primeiro musical, A Chorus Line, em 1983 – portanto lá se vão quase 40 anos de estrada cantando e dançando nos palcos –, revela também que trabalhar com Jarbas não atrapalha em nada a relação do casal.
“Amamos trabalhar juntos, nos damos muito bem. E essa é a primeira vez que Jarbas me dirige, então, é uma nova experiência. E foi maravilhosa! Jarbas é um ótimo diretor, sempre preocupado em fazer o melhor para o espetáculo. E eu adoro ser dirigida, gosto dessa troca entre ator e diretor”, reconhece a atriz.
Os dois, inclusive, estão acostumados a importar e adaptar espetáculos da Broadway para o Brasil há anos, no entanto Jarbas acredita que os musicais brasileiros já estão mais descaracterizados dos clássicos novaiorquinos e encontraram um formato, digamos, mais tupiniquim.
“Encontramos nosso caminho, com certeza o público abraçou esse gênero. Ainda trazemos muitos espetáculos da Broadway, e acho que vamos continuar importando, mas já produzimos muitas coisas boas aqui. Conserto para Dois.... é um projeto 100% nacional. E, pelo menos com a gente, também acontece muito de, mesmo quando trazemos um espetáculo de fora, fazer adaptações para ele ter mais a cara do público brasileiro”, explica o dançarino e diretor.
Claudia, inclusive, conta que há muito tempo quando falou para Boni (ex-diretor da Globo) que queria investir em musicais no Brasil, ele a desencorajou. “Disse que brasileiro não gostava disso, que não iria ao teatro, mas eu nunca entendi essa opinião. A gente ama carnaval, ama ver os desfiles das escolas de samba. E o carnaval é uma grande opereta. Minha visão acabou se mostrando certa e o teatro musical está cada dia mais forte”, comenta a atriz.
Agilidade e surpresa
Como no teatro, que é vivo, a história precisa ser contada em um determinado tempo regulamentar, a agilidade na troca das vestimentas é essencial quando há muitos personagens e pouco elenco.
Em Conserto para Dois... o estilista Bruno Oliveira, famoso pela confecção de fantasias de luxo para o carnaval, precisou criar um figurino que pudesse ser tirado e colocado entre cinco e dez segundos, o que acaba surpreendendo o público.
“As trocas de roupas são muito rápidas, as pessoas não conseguem entender quem está no palco em que horário. É muito divertido isso! A mãe do Jarbas, por exemplo, não o reconheceu quando ele estava no palco como Dona Socorro”, deleita-se Claudia.
O restante da equipe também é composto por profissionais do universo das artes, como Natália Lana, responsável por um cenário que se desdobra em vários. A coreografia é de Kátia Barros, as músicas são compostas por Thiago Gimenes, Tony Lucchesi e Anna Toledo, e a direção musical está a cargo de Tony Lucchesi.
Com preparação vocal do maestro Marconi Araújo, que também assina a direção musical e vocal do álbum, o projeto já se transformou em um disco com 10 faixas. Adiado por dois anos em função da pandemia do novo coronavírus, Conserto para Dois, o Musical, que aqui em Salvador faz parte do projeto Catálogo Brasileiro de Teatro, agora segue para o Rio de Janeiro, onde encerra temporada.
Realizado há 21 anos, o Catálogo é uma iniciativa da Fred Soares Produções. Com patrocínio do Shopping da Bahia e incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o projeto traz constantemente a Salvador espetáculos produzidos no eixo Rio/São Paulo.
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