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Coluna da July retorna ao A TARDE, conectando tradição e modernidade

Alexandra Isensee, sobrinha de July, assume a coluna da falecida tia

Publicado sexta-feira, 18 de novembro de 2022 às 05:30 h | Autor: Eugênio Afonso
Cinquentenária coluna de July se confunde com a própria trajetória de A TARDE
Cinquentenária coluna de July se confunde com a própria trajetória de A TARDE -

Depois de quase seis décadas comandando a mais prestigiada e longeva coluna social da Bahia, publicada desde 1963 no jornal A TARDE, a jornalista Julieta Isensee nos deixou, no último dia 3, aos 95 anos de idade.

July, como era carinhosamente conhecida por todos, deixou um legado importante e, a partir de agora, sua sobrinha, Alexandra Isensee, assume o lugar da tia e segue à frente da coluna, que mantém o nome mas agrega ”Por Alexandra Isensee”. 

Manter a expressão ‘July’ é fundamental, já que ela é, na verdade, muito mais do que um simples nome. É uma marca de prestígio, confiabilidade e referência no colunismo social. Uma verdadeira grife.

Em três dias da semana (terça, quinta-feira e sábado), Alexandra, que desde pequena acompanhava a tia à Redação do jornal – ainda na sede da praça Castro Alves, onde hoje é o hotel Fasano – dará continuidade ao estilo elegante da coluna, destacando os mais relevantes acontecimentos sociais da capital baiana.

“Para mim, era um prazer ouvir as histórias que ela contava sobre os acontecimentos que eram noticiados e a repercussão. Aquela paixão que ela tinha pelo que fazia me influenciou desde pequena”, observa a sobrinha.

Renovação e estilo

Alexandra conta ainda que irá personalizar um pouco mais a coluna, criando novas seções, como uma entrevista semanal e a  Recordar é Viver, mas que, na essência, o mais importante será mantido: a preocupação com a informação de qualidade sobre o que acontece de mais interessante na sociedade baiana.

“Nesse novo projeto, vamos preservar a coluna, que sempre foi referência do colunismo social, mas conectando o tradicional com a modernidade. Um exemplo é a seção que vai traduzir esse novo momento: Velhos e Novos Tempos, onde vamos entrevistar duas gerações da mesma família para contar suas histórias. Mais pra frente, iremos também fazer parte do portal A TARDE, com mais espaço e trazendo novidades”, informa.

De acordo com  Mariana Carneiro, diretora de conteúdos e projetos especiais de A TARDE, a   atuação de July no colunismo social se confunde com a própria trajetória do periódico. 

“Construiu-se entre o jornal e ela uma relação estreita e longeva, de quase seis décadas, o que corresponde a mais da metade do tempo de existência do jornal”, observa a diretora. 

Mariana diz ainda que July trouxe um olhar de jornalista para o colunismo social, registrou a evolução de costumes e a expressão de inúmeras pessoas e famílias que marcaram a vida baiana nas mais diversas áreas. 

“Construiu um caminho de sucesso que deve ser reconhecido e permanecer, e nada mais natural que a coluna prossiga aos cuidados da sobrinha-filha que acompanhou muito de perto boa parte dessa trajetória. Alexandra vai trazer renovação ao espaço, mas sem perder de vista o respeito às referências e à memória de quem o criou e o conduziu por tanto tempo”, pontua a jornalista.

Importante legado

Para o publicitário baiano Nizan Guanaes, July praticamente inventou a coluna social na Bahia. “O legal é que ela era uma mulher da sociedade sem frescuras. Transitava de A a Z e a coluna tinha espaço para isso”. Ele diz ainda que Alexandra tem o DNA de July e que vai manter o espírito da coluna com energia jovem. “Acho que July ia ficar muito feliz”.

Já Sérgio Habib, advogado e amigo pessoal de July, diz que ela não era apenas uma colunista social, mas uma cronista da história da sociedade baiana. “Sua coluna, antes de tudo, é um registro histórico da sociedade contemporânea da Bahia. July era fabulosa, tinha um coração maravilhoso, gestos largos, alegria de viver e era muito leal”, discorre Habib.

O advogado a compara aos grandes colunistas sociais do Brasil, como Ibrahim Sued (RJ), Zózimo Barrozo (RJ), Gilberto Amaral (DF), e acredita que Alexandra reúne todas as condições para levar adiante o trabalho interrompido com a morte da tia.

“Na verdade, Alexandra foi a filha que July não teve. Acho muito boa a atitude da direção do jornal em manter essa coluna em homenagem a July. Agora, renovada com a juventude de Alexandra e os ensinamentos que ela pôde aprender com a tia. Tenho grande apreço por Alexandra e sei que a coluna vai ser tocada com muita competência e seriedade porque ela já vinha fazendo isso conjuntamente com July”, constata Habib.

Outro que reconhece a importância de July é o cantor e compositor Walter Queiroz, responsável pelo jingle de uma propaganda das Óticas Ernesto , muito famosa nos anos 80 do século passado, que citava a cronista. Para ele, July foi um nome exponencial do colunismo social na Bahia. 

“Durante décadas, era um espaço que, mais do que mero glamour e futilidade, registrava e promovia eventos e notícias do interesse da comunidade baiana. Faço votos que sua sobrinha renove essa área jornalística em memória de sua competente tia”, torce Waltinho.

Afinidades eletivas

Sempre muito próximas, Alexandra diz que sua relação com a tia era muito presente, sobretudo pelo fato da mãe ter vindo morar com July e a bisavó ainda na adolescência.

“Quando nasci, ela foi escolhida para ser minha madrinha e, devido a isso, nossa ligação se tornou muito forte. Como meus pais trabalhavam, elas passaram a tomar conta de mim, o que me fez mergulhar no mundo encantado do jornalismo”, relata a sobrinha.

Alexandra comenta também a importância de ter convivido com tantos profissionais talentosos, além de Dona Regina de Mello Leitão (ex-presidente de A TARDE, filha do fundador do jornal, Ernesto Simões Filho), durante o período em que visitava o jornal com a tia.

“Desde aquela época, eu conheci e convivi com os maiores jornalistas da Bahia, quiçá do Brasil. De cada um pude aprender um pouco e me encantar com a profissão. Trago nas lembranças as visitas feitas à Redação, quando ela me levava para a sua sala, com muito orgulho, e me apresentava a toda a equipe”, comenta a cronista.

Para Alexandra, Inda – como ela chamava July – foi, além de madrinha, uma segunda mãe. “Minha companheira de todas as horas e inspiração. Esteve presente em todos os momentos de minha vida, aconselhando, apoiando, dando carinho e amor. Minha gratidão será eterna por essa pessoa tão especial ter sido a minha fada-madrinha na vida”, conclui.

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