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Cordas que falam

Com sessão às 20h esgotada, Yamandu Costa abre sessão dupla com outro concerto 22h, hoje, no Rubi

Publicado sábado, 14 de outubro de 2023 às 06:00 h | Autor: Tiago Freire*
Músico é aclamado pela crítica como um dos melhores instrumentistas de sua geração
Músico é aclamado pela crítica como um dos melhores instrumentistas de sua geração -

Com o novo show Esperançar, o músico gaúcho Yamandu Costa ocupa o palco da Estação Rubi, no Wish Hotel da Bahia, nesta Temporada 2023. A apresentação está com data para hoje, às 20h, mas em função de terem esgotado rapidamente as vendas, Yamandu fará uma apresentação extra às 22h.

Aclamado pela crítica como um dos melhores instrumentistas de sua geração, o músico tem encantado as plateias de todos os lugares onde leva sua incomum habilidade e sonoridade.

Em suas performances – solo, acompanhado de outros músicos ou com orquestras – Yamandu carrega a marca da música do sul do continente americano, mas incursiona por diferentes gêneros musicais, formando junto com seu violão de sete cordas uma rara simbiose.

Compondo em casa

O concerto autoral foi criado durante a pandemia, um momento extremamente atípico e crítico para o meio da música. A intenção de dividir com as pessoas um momento que foi vivido por todos e que trouxe muita incerteza, onde a música e as artes em geral tiveram um papel mais fundamental do que nunca.

“Esperançar aparece nesse momento em que compor foi uma chance de acreditar em um futuro possível dentro da instabilidade que se instaurou. Por isso comecei a compor essas músicas de lugares que eu não tive a chance de ir. A única maneira que eu tinha de visitá-los era compondo músicas em homenagem a eles. O esperançar é narrando e cantando as ideias desses lugares que foram se passando por essas homenagens”, conta Yamandu. 

Além das homenagens, Yamandu também pontua a música como algo de caráter terapêutico e social. 

Imagem ilustrativa da imagem Cordas que falam
 

"Foi a única saída, a música sabe que ela é terapêutica. Como a música pode ser uma manifestação complementar do dia-a-dia, como usam ela de forma criativa. E o momento foi muito propício, foi uma maneira de ser positivo no meio do caos. Tava tudo parado, congestionado. O que podemos fazer em um momento desses? Focar na beleza, compor, pensar na esperança de algo bom e que felizmente essa esperança de retorno veio”, detalha.

“A música é uma manifestação de união por si só, não tem muita graça tocar para si mesmo. Fazer música em conjunto, você sente o poder de união. E isso é algo primordial, desde muito antigamente. A música é a fotografia da união humana”, afirma. 

Do Sul para a Bahia

Nascido em uma família de músicos do Sul do Brasil, Yamandu tem uma carreira bastante longa. Subiu ao palco pela primeira vez aos cinco anos de idade, cantando. Aos seis, seu pai lhe deu de presente o primeiro violão; aos 21, ganhou o Prêmio Visa Instrumental, então o maior reconhecimento da música brasileira que o possibilitou gravar seu primeiro álbum solo.

"Foi muito bom começar jovem. Vim dessa família de músicos que circulava muito o Sul do Brasil, mas também viajou pelo país inteiro. Eu me criei nesse universo musical e agradeço muito, aprendi muito nessa forma informal os maneirismos do palco, como é  o dia-a-dia de quem trabalha com música, sem a romantização que há, vendo os desafios que são trabalhar com isso”, diz. 

“Então foi muito educativo para quem eu sou hoje”, acredita. Yamandu Costa traz para seu show uma sonoridade que mistura elementos da música gaúcha com o toque de violão característica das regiões fronteiriças no Sul do Brasil. Essa sonoridade gaúcha chegará no palco do Rubi em um show que além de marcar uma nova turnê do músico, vem aliada de uma grata surpresa para quem for atender.

"Trago essa sonoridade bem gaúcha – não só gaúcha, mas fronteiriça também, misturando esses elementos da América Latina. E o mundo brasileiro se encontra muito na sonoridade brasileira e na nossa linguagem musical, como o choro”, afirma Yamandu.

“De norte a sul é uma linguagem que conhecemos desde a época do rádio, que trazia essa conexão desde muito antigamente. Cada vez que vou na Bahia sempre tocamos choro com muita alegria e muito carinho”, conta.

E ele não estará totalmente sozinho no palco: “Terei o privilégio de receber Armandinho, um dos meus padrinhos musicais. E junto do show estamos lançando esse disco nosso e esse show de sábado é a oportunidade de poder vir comemorar com a gente esse projeto, com o Armandinho dando canja também, então será um momento bastante especial”, promete Yamandu.

Yamandu Costa: Esperançar / Hoje, 20h (esgotado) e 22h / Estação Rubi – Wish Hotel da Bahia / R$ 180

* Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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