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Dia do Choro é celebrado com som no Sesi Rio Vermelho

Gênero musical é um dos primeiros do país

Publicado sábado, 22 de abril de 2023 às 07:00 h | Autor: Tiago Freire*
Dudu Reis: “O choro se espalhou não só pelo Brasil, mas mundo afora, na Alemanha, França, EUA”
Dudu Reis: “O choro se espalhou não só pelo Brasil, mas mundo afora, na Alemanha, França, EUA” -

Amanhã, 23 de Abril, comemora-se o Dia Nacional do Choro, em homenagem a um dos primeiros gêneros musicais brasileiros. Para marcar a data, o projeto Segundas do Chorinho realiza, em parceria com músicos chorões, uma programação de dois dias na Varanda do Sesi Rio Vermelho. 

Serão dois dias de som no Centro Cultural. O primeiro será na própria data oficial, amanhã, a partir das 17 horas. O segundo brinde será na noite seguinte, na segunda-feira, 24, às 20h, integra a programação semanal do Segundas do Chorinho.

As rodas de choro serão capitaneadas pelo cavaquinista Dudu Reis, com participações especiais de amigos chorões como Leandro Tigrão (flauta), Mateus Venâncio (violão 7 cordas), Everton Dingo (pandeiro) e Carlinhos do Bandolim, além de outros músicos que subirão espontaneamente ao palco para, juntos, interpretar clássicos do chorinho. 

A data foi criada como homenagem ao que se acreditava ser a data de nascimento de Pixinguinha (1897 - 1973), um dos principais responsáveis por formatar o gênero. Sua data de nascimento foi confirmada oficialmente como sendo 4 de setembro no ano 2000, quando foi sancionada a lei originada por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello. 

Pixinguinha: erro de registro inspirou data
Pixinguinha: erro de registro inspirou data |  Foto: Divulgação
  

Celebrando o choro

Além de celebrar a data nacional, a apresentação na Varanda do Sesi busca homenagear grandes nomes do choro, como Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth.

“Todos os chorões presentes nas apresentações, apesar de morarem em Salvador atualmente, não são todos daqui. Alguns são de São Paulo, outros de Minas Gerais e da Paraíba. Isso só mostra como que o choro é nacional, que atravessa todos nós”, celebra Dudu Reis, coordenador das rodas de choro.

“O choro se espalhou não só pelo Brasil todo, mas mundo afora. Já tive a oportunidade de visitar outros lugares do mundo e encontrar rodas de choro em Stuttgart, na Alemanha, em Toulouse, na França, em Boston, Estados Unidos, e até no Japão”, afirma.

Para o músico, além de homenagear o estilo e seus artistas, o choro merece ser destacado no dia pela diversidade de estilos que abrange. “É uma alegria estar junto com grandes músicos, e homenagear esse grande estilo tipicamente brasileiro.A escolha do repertório vem dessa vontade de homenagear esses grandes nomes do choro brasileiro e manter essa memória viva”, comemora.

"O choro abrange uma diversidade de estilos musicais, de ritmos. Abrange valsa, polca, maxixe, que foram alguns gêneros que o influenciaram. É fácil você ir em uma roda de choro e ouvir essa diversidade de gêneros. Eu acho que todos os ritmos têm uma importância grande para o gênero”, comenta Reis.

Já para o Maestro Fred Dantas, o choro é menos um gênero e mais uma forma de abordar uma composição. “O choro, assim como jazz, é mais uma maneira de tocar. Porque você pode tocar no começo algumas melodias que tinha de uma certa maneira”. 

“Mas é o uso do ritmo sincopado. Quando falo da maneira, é porque tem alguns choros, em especial de Jacob do Bandolim, que são valsas. João e Maria, de Chico Buarque, quando você tira as letras dela, vê que é uma valsa em choro. O que caracteriza em especial é o ritmo sincopado com essa melodia”, detalha. 

Fred Dantas: “O choro, assim como o jazz, é mais uma maneira de tocar”
Fred Dantas: “O choro, assim como o jazz, é mais uma maneira de tocar” |  Foto: Divulgação
 

Mantendo a memória viva

Além da celebração, o Dia Nacional do Choro é tido como um momento importante não só de homenagens, mas também de manter vivo um dos gêneros mais importantes para a música brasileira, cujas influências permanecem até hoje na MPB. “O choro é a música instrumental tipicamente brasileira, por isso eu acho que deveria ser mais divulgada. Eu vi essa semana, na internet, um grupo vocal (só de vozes) cantando Pixinguinha e eu achei incrível. Todo estilo musical só vai para frente se  começar a ser praticado com formações diversificadas”, afirma Dantas.

“Um dos grandes motivos de o choro permanecer sem o desenvolvimento que merece é esse conservadorismo que tem. O choro, quando praticado, é nesses ambientes conservadores. Então é importante darmos essa liberdade para o choro seguir na mente das pessoas, divulgarmos e dar espaço para as pessoas conhecerem e improvisarem”, diz.

Seja conservador ou inovador, a data de amanhã é digna de ser conhecida e celebrada: “A expectativa é grande. Haverá homenagens no Brasil todo e mundo afora. Não só pelo choro em si, mas também pelo aniversário de Pixinguinha, um dos maiores compositores e arranjadores do Brasil. É o maior expoente do gênero, então é mais um motivo para comemorarmos com muito amor e muita música e poder dar a chance de conhecerem essa estilo tão maravilhoso”, finaliza Dudu Reis

Dia Nacional do Choro com ‘Rodas de Choro Especiais’ / Amanhã (às 17h) e segunda-feira (20h) / R$ 30 (por dia) / Casadinha: R$ 50 / Varanda do SESI Rio Vermelho (Rua Borges dos Reis, 09 - Rio Vermelho)

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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