CARNAVAL 2022
Distantes das ruas e avenidas, festas ocupam locais fechados
Confira opções para variados gostos e bolsos para quem quer curtir a folia em Salvador
“Se você pensar, na quarta-feira já estaria acontecendo a entrega de fantasias, o maior burburinho de gente, a banda dando os últimos retoques nas vestimentas, os preparativos para saída do Ilê, o ensaio geral… nada disso aconteceu”, relembra, saudoso, Antônio Carlos Vovô, presidente do bloco Ilê Aiyê.
Neste sábado, 26, o Carnaval estaria no seu terceiro dia de circuito oficial, com gente curtindo a folia em cada canto de Salvador. Mas, com a festa de rua cancelada pelo segundo ano consecutivo por causa da pandemia, o formato indoor tomou conta da programação da cidade, em locais fechados.
O próprio Ilê, com a tradição de mais de 40 anos da saída do bloco pelas ruas do Curuzu, aderiu à nova configuração.
O Baile à Fantasia do Ilê Aiyê será realizado no domingo, 27, no Largo da Tieta. O espaço no Pelourinho sediará os festejos do bloco afro mais antigo do Brasil, que convidou também o Muzenza e o Grupo Movimento para compor a festa. O limite de público será para 1000 pessoas, com apresentação obrigatória do comprovante de vacinação e documento de identificação na entrada.
“Vai ter a participação de compositores mais antigos, a proposta é matar um pouco a saudade, nós estamos tanto tempo sem fazer nada, então nesse domingo vamos relembrar o repertório com muitos clássicos. A gente espera que as pessoas vão fantasiadas, não é obrigatório, mas se elas quiserem é só chegar lá para fazermos uma festa bonita no Pelô”, convida Vovô.
Hits como Que Bloco é Esse, Deusa do Ébano e O Mais Belo dos Belos não vão faltar no baile. Os portões serão abertos às 17h, com primeira apresentação comandada pelo DJ Branco. Os ingressos podem ser adquiridos através dos sites do San Folia, da Bilheteria Digital ou no local do evento.
O Largo da Tieta também será palco para outra celebração, só que agora na segunda, dia 28. O Cortejo Afro à Fantasia promete trazer o desfile mais bonito deste carnaval, com os trajes vendidos junto ao ingresso da festa. As fantasias comercializadas pelo Cortejo farão Odé à vida, valorizando a ciência, a vacina e a saúde. Assim, a carteira de vacinação é obrigatória e deve constar com ciclo completo das doses, com no mínimo 15 dias de antecedência.
No repertório, Ageumbó, Meu Barco Vai e Eu Sou Preto. A abertura dos portões é às 19h, DJ set. O Cortejo inicia apresentação às 21h. Ingressos na Bilheteria Digital, na Sede do Cortejo Afro (Rua Santa Isabel, Pelourinho) e no próprio Largo.
De toda gente e lugar
Outro bairro que abriga várias festas é o Santo Antônio Além do Carmo. No domingo, 27, na Associação Cultural Asa Branca dos Forrozeiros da Bahia acontece o Bloquinho Fuzuê, com Jefinho Losst, Melanie Mason, Scarleth Sangalo e DJ Chiquinho. Já neste sábado, das 12h às 16h tem o Bailinho das Artes. Promovido pelo Bistrô das Artes, na galeria NN Arte Plural, o carnaval é de barriga cheia, com buffet de feijoada ao som do DJ Tolledo.
Hoje também tem o Baile do Grupo Botequim no Pátio da Igreja do Carmo. Com participação do DJ Guerreira e da cantora baiana Juliana Ribeiro, a banda garante um repertório variado, com marchinhas de Carnaval, marchas rancho, frevos e sambas enredo. Passarinho, Atrás do Trio Elétrico e Mamãe Eu Quero são algumas que estão na lista.
O evento começa às 17h e os ingressos estão à venda no Sympla. O Grupo Botequim está há quase 16 anos na trajetória de trazer o samba para a vivência de Salvador.
“Claro que acredito que o samba deveria ser patente alta de qualquer carnaval, seguido dos outros estilos, porque o carnaval é um lugar para todos, de samba, de marchinha, axé (..) É um processo histórico, mas também resistência, porque ele está pairando por um lugar de menos visibilidade hoje, mas só ele resgata essas memórias que atingem de crianças até pessoas idosas, que vivenciaram o início de tudo”, afirma Roberto.
Amiga e parceira de longa data do grupo, Juliana Ribeiro concorda com a posição e acrescentou ao repertório uma homenagem a Moraes Moreira, ao samba afro e ao galope, e promete o que um carnaval de rua proporciona, mas com cuidado, devido ao local fechado. O convite pede fantasia, máscara e cartão de vacina.
“Existe um carnaval que não é o de antigamente, é o de agora, de 2022, inclusive atípico, que clama pelas marchas, pelo frevo, pelo galope, que é muito mais amplo do que um estilo musical só. Essa fantasia está diretamente ligada à esses ritmos, a gente não pode esquecer que o carnaval é uma festa de catarse coletiva, e a gente faz isso colocando uma música que todo mundo canta junto, como ‘Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô / Mas que calor, ô ô ô ô ô ô’. Isso é catarse coletiva, é todo mundo”, acredita.
Ainda tem festa no Museu de Arte da Bahia, com o Baile de Máscaras do Sollar Baía, no Rio Vermelho (Baile d’As Periquitas na Casa Rosa, Bloco do LUCAS, Segundas do Chorinho), no Terminal Naútico (Bem Bahia - A Casa) e na Praia do Forte. Em Mata de São João, o Carnaval Praia do Forte reúne hoje os artistas Durval Lellis, Alexandre Peixe e a banda Filhos de Jorge.
Para quem quer continuar a curtição em casa, a Devassa vai realizar o Paredão Tropical. Amanhã, às 20h45, Carlinhos Brown, Gaby Amarantos, Xanddy, Lia de Itamaracá, Larissa Luz e os blocos Ilê Aiyê, Cortejo Afro e Didá ocuparão as janelas do Centro Histórico em show transmitido no canal Multishow, YouTube e redes sociais.
Os músicos serão revezados na apresentação, que não será aberta ao público para evitar aglomerações. A proposta do Paredão é homenagear a percussão enquanto essência preta do carnaval brasileiro.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes