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CINEMA

E o Oscar vai para a telona

Nacional, evento Meu Tio Oscar tem edição local na noite de domingo no Cine Daten Paseo

Por Tiago Freire*

08/03/2023 - 8:00 h
“Tudo indica que o grande filme será Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo“, diz Felipe Haurelhuk
“Tudo indica que o grande filme será Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo“, diz Felipe Haurelhuk -

Neste domingo, 12, será realizada mais uma edição da maior premiação do cinema internacional, a 95ª edição do Oscar. Em celebração desta noite, o canal especializado na premiação, Meu Tio Oscar, do crítico Felipe Haurelhuk, junto de outros criadores e críticos, prepararam uma programação especial.

No Circuito Saladearte, através do Cine Daten Paseo, será feita uma transmissão especial da premiação comentada por Haurelhuk, junto com Lucas Maia, do canal Refúgio Cult, Aline Guevara, do Nenhuma Das Alternativas, e Claudio Formiga, do Rolê do Roteiro. Além da transmissão, também contará com a presença dos críticos locais João Paulo Barreto (do Caderno 2+ do jornal A TARDE) e Enoe Lopes Pontes.

Serão analisados todos os filmes indicados na categoria principal, além de conteúdos exclusivos e a participação do público.

O ingresso para o evento dará direito ao sorteio de um kit com brindes personalizados e à participação no bolão oficial do Meu Tio Oscar. Essa programação especial organizada por Haurelhuk faz parte de uma tentativa de trazer essa prática, ainda não popular no Brasil, dos cinemas transmitirem a premiação e junto dela virem comentários e críticas.

“Em alguns países já existe essa tradição de fazer eventos presenciais assistindo a premiação e comentando. Aqui no Brasil já existiu, mas normalmente eram organizadas por distribuidoras ou por críticos, mas que aí eram esses eventos privados”, conta Felipe.

“Como alguém que fala muito sobre o Oscar, meu trabalho é levar esse tipo de premiação para o público e daí veio a ideia de fazer o evento presencial. Agora em 2023 estamos fazendo essa coisa coordenada em várias cidades no Brasil e o plano é expandir para mais cidades”, afirma.

Um ano diferente

O comentarista releva a importância do evento também poder fornecer um meio acessível para assistir a programação, tendo em vista que pela TV aberta, a premiação tem perdido bastante espaço.

“A cerimônia em si tem sido bem maltratada na TV aberta. A Globo mesmo confirmou que esse ano ela não vai transmitir nem mesmo no streaming. Só a TV a cabo vai transmitir. Então é bem interessante poder trazer essa premiação para o grande público”, comenta.

Mesmo guardando muitos comentários para a noite da transmissão, Felipe compartilha algumas expectativas sobre os indicados este ano. Para o crítico, o principal peso deste ano na categoria de Melhor Filme é a variedade de filmes, não só em termos de gêneros, mas também de produção.

“Acredito que há um diferencial esse ano em função de termos filmes grandes e muito populares indicados na categoria. Dos indicados, temos duas produções gigantes, Top Gun: Maverick e Avatar: O Caminho da Água. Também temos Elvis, que é outra produção de peso. Ao mesmo tempo temos mais modestos, como Tár, Triângulo da Tristeza, Entre Mulheres. Fora tudo isso, temos Spielberg como sempre. O grande atrativo é serem filmes relevantes, seja pelos nomes ou pela sua produção, e por conta disso as pessoas estão mais empolgadas para eles. Esse ano não temos um filme ruim, péssimo ou duvidoso, eu diria”, celebra Haurelhuk.

Felipe também comenta como neste ano as categorias estão muito disputadas, com candidatos bem fortes e muito poucas certezas sobre os vencedores.

“Tudo indica pelos prêmios que o grande filme será Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Ganhou todos os prêmios que normalmente tendem a ganhar os que levam ao Melhor Filme. Nas outras categorias tá bem embolado. Os Daniels (de Tudo...) podem levar em Melhor Direção, mas Spielberg também é alguém muito querido e vem forte com Os Fabelmans”, pontua.

“A Cate Blanchett estava certa que ia ganhar Melhor Atriz por Tár, mas até ela está bem embolada também, tudo indicava ela, mas no Critics Choice Awards a Michelle Yeoh saiu vitoriosa. Em Melhor Ator, tudo indica que o Brendan Fraser está forte com A Baleia, mas o Austin Butler também vem forte com Elvis, ainda mais porque as últimas críticas de A Baleia têm sido mais mornas. Todas as categorias estão disputadissimas”, disserta.

Premiação em decadência?

Em discussões sobre a premiação, uma frase recorrente nos últimos anos é dizer que “o Oscar tem perdido relevância”. Mesmo sem ser tão comum quanto nos últimos anos, ainda é algo que circunda muitas discussões sobre a academia por conta de uma falta de diversidade nos filmes. Haurelhuk comenta sobre o quão verdadeira é essa ideia e como tem sido a resposta da academia.

“Acho que há um fundo de razão. Acredito que a academia atravessa uma fase de questionamento, de perda desse glamour dela. O evento perdeu muita audiência. Mas também é importante lembrar que a perda na TV aberta não é perda de relevância em si. Eu vejo o Oscar perdendo público tradicional”, comenta.

“Em relação ao glamour, uma parte é a mudança do público e em outra são escolhas questionáveis pela academia nos últimos anos. Eu acho que ela tem atendido essas críticas, porém, ela encontra muito problema dos direitos de transmissão. Desde 2016 ela vem fazendo esse aumento da diversidade de membros votantes e na escolha de filmes indicados”, afirma Felipe.

Outra crítica recorrente é a falta de filmes populares nas categorias principais. Haurelhuk enxerga que neste ano uma resposta sobre essa falta dos filmes blockbusters e mostrando que não é porque um filme é comercial que ele não tem méritos artísticos.

“Eu acho que sem dúvida a presença de Elvis, Top Gun e Avatar representam muita dessa resposta do Oscar às críticas por não incluírem filmes populares. Não é porque o filme é blockbuster que é ruim. Temos aí algumas das maiores bilheterias do ano e uma resposta de que o Oscar não pode ter filmes blockbuster. Além do melhor filme, temos Pantera Negra: Wakanda Para Sempre e Batman representando os filmes de super herói, representando o gênero”, finaliza o crítico.

Meu Tio Oscar/Saladearte / Domingo, 19h / Cine Daten Paseo (Rua Rubens Guelli, 135, Itaigara) / R$ 50 e R$ 25 / Vendas: no local ou pelo (71) 99914 6177 / Estacionamento no local

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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