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CADERNO 2

Festival Afropunk celebra música negra no Parque de Exposições

Com dois palcos, o festival traz grandes atrações, como Emicida e Liniker

Por Lila Sousa*

24/11/2022 - 6:30 h
Nelson Rufino faz show e ganha homenagem; Margareth se apresenta com Banda Didá
Nelson Rufino faz show e ganha homenagem; Margareth se apresenta com Banda Didá -

Nesse final de semana o AFROPUNK Bahia 2022 abre a sua roda em Salvador, em um encontro histórico e simbólico, ao som de muito rock, pagodão baiano, rap e pop. Este evento tem a missão de reunir música, moda, gastronomia e ancestralidade em dois dias de imersão cultural na cidade mais negra do Brasil.

O movimento acontece por meio de um ambiente seguro e inclusivo para o seu público – esse aquilombamento é o encontro de pessoas que fazem parte de uma mensagem e proposta maiores.

“Pensar em aquilombamento é entender a potência da união, comunhão, resistência de uma comunidade negra que está presente não só no público do festival e na sua line up, mas também em toda a sua força de trabalho; nos empreendimentos de restaurantes presentes no festival. E, este impacto vai além das fronteiras do Parque de Exposições”, é o que afirma a direção da produção artística do festival, coordenada por Raína Biriba e Ismael Fagundes.

Com patrocínio da Budweiser, o evento acontece no Parque de Exposições e a programação conta com nomes como Ludmilla, Emicida, A Dama, MC Carol, Baco Exu do Blues, Liniker, Black Pantera, ÀTTOOXXÁ, Karol Conká, PSIRICO, Mart’Nália, Larissa Luz, NIC Dias, Ministereo Público Sound System, Yan Cloud, Rayssa Dias, N.I.N.A, Baile Favellê, Young Piva, Paulilo Paredão e Margareth Menezes. Há ainda a presença de dois nomes internacionais: Dawer x Damper e Masego. Este último, inclusive, vem pela primeira vez ao país com o seu show e banda completos.

Construção coletiva

Serão mais de 20 horas de celebração, que se dividem entre os palcos Agô e Gira, nomeados a partir do resgate histórico da cultura preta. “Fizemos um brainstorming coletivo entre os profissionais envolvidos no projeto”, relatam os diretores artísticos.

Os detalhes que compõem os palcos buscaram a valorização das raízes e a ligação destas com o que há de novo na cultura negra, reverenciando a ancestralidade e enaltecendo o afrofuturismo.

O palco Agô pede licença para abrir novos caminhos, em referência direta ao Yorubá, pronto para ser espaço dos novos nomes da música, com uma estrutura inspirada em elementos gráficos de pinturas tradicionais do continente africano. “O palco trará novos artistas, sonoridades mais contemporâneas, e o seu nome foi inspirado no sentido de Agô, que agrega o movimento dos novos pedirem passagem, licença para chegar na Roda Afropunk”, destaca Raína.

Já o palco Gira tem seu nome a partir do quimbundo, língua falada em Angola, representando o encontro de gerações em uma só roda. O projeto foi idealizado como uma releitura dos templos africanos, com a missão de enaltecer as distintas jornadas de cada um dos artistas, que vão do samba ao afropop.

“Foi pensando nessa celebração das grandes referências da música negra que abriram os caminhos para as novas gerações. Nas religiões de matrizes africanas, a ‘gira’ é a cerimônia de louvação às entidades. Que é justamente o que este palco propõe”, explica Ismael Fagundes.

O público precisará de energia extra para curtir toda a celebração, para isso o AFROPUNK Bahia elaborou uma praça central de alimentação com cardápios diversos para todos os paladares. “Quem estiver presente vai encontrar a gastronomia de afroempreededores baianos incluindo uma parceria exclusiva de chefes negros, o AjeumPunk. Ativações das marcas prometem surpresas, mas não podemos dar spoilers”, comentam os porta vozes do evento, deixando um suspense no ar.

Outro ponto de destaque é a moda. Como forma de enaltecer as diversas formas de expressão da comunidade negra, acontecerá o Black Carpet, ambiente localizado na entrada do evento reservado para fotos e desfiles do público. Com a proposta de celebrar a beleza e cultura dos presentes, além de ser um importante catalisador de afroempreendedores. Isso porque nas semanas que antecedem o evento, diversas marcas e estilistas negros se mobilizam para elaborar estratégias e coleções exclusivas para este período.

“O AFROPUNK fortalece e celebra a ancestralidade preta e persegue o futuro que a população negra vem remapeando na Bahia. Colocar no centro, nos holofotes novas perspectivas culturais, estéticas e tecnológicas é uma forma de reivindicar um futuro que nunca foi reservado para nós”, ressalta Raína Biriba.

Agô e Gira

Margareth Menezes, uma das atrações do AFROPUNK, relata a sua felicidade ao ser. “Vibrei com a chegada desse magnífico festival aqui em Salvador. Feliz também por estar tendo a oportunidade de mostrar nesse ambiente o meu som afropop, que defendo desde 1992, quando tive contato pela primeira vez com a expressão e a identidade da música afro contemporânea através dos festivais de World Music que participei”, salienta a artista.

Margareth percebeu como a Bahia estava conectada com o ambiente da música afro-urbana mundial e que muita coisa que ela, outros artistas negros e bandas soteropolitanas faziam estava e está totalmente envelopado na identidade sonora e comportamental do afropop.

Ela apresentará um novo show, intitulado Elevante, pensado especialmente para estrear no festival, recebendo a Banda Didá para dois momentos bem especiais. “Com a direção musical do baterista e produtor Tito Oliveira, que assinou a produção do Autêntica, meu álbum mais recente, produzido e lançado pelo meu selo Estrela do Mar, e que foi indicado ao Grammy Latino”, detalha Margareth.

“É muito bom ter essa interação com a Didá, mostrando a força feminina na percussão da Bahia. A Didá é um projeto criado pelo Neguinho do Samba e que merece sim os holofotes e todo reconhecimento. Então, ouvir os tambores da Didá e receber essa força, esse axé, é sempre muito bom”, declara Margareth.

Complementando a grade de atrações, o AFROPUNK também vai receber a artista Larissa Luz, que possui uma relação antiga com o festival, já fez a curadoria e esteve no cerne da composição dessa história na Bahia. “Estou feliz de poder viver isso neste ano pós-pandemia em Salvador e de estar tocando com a MartNália também”, frisa.

No repertório, homenagens a Nelson Rufino, mas tem também sucessos de Mart’Nália, como Cabide. “Vou também cantar uma música de Elza Soeres, para marcar a minha relação com ela, uma cantora que foi tão marcante na história do samba e da música brasileira. E vamos estar fazendo os clássicos de Nelson Rufino também, como Todo Menino é um rei”, diz Larissa.

Para a artista, o cantor e compositor Nelson Rufino é uma referência – e o show será para reverenciar e agradecer a quem veio antes e abriu caminhos para quem está chegando.

Nelson Rufino relata que Mart'nália e Larissa Luz tiveram o cuidado de consulta-lo na escolha das músicas. “Elas estarão cantando Nas águas de Amaralina, Todo menino é um rei. Sei que a seleção musical ficou de muito bom gosto, tanto pro meu lado quanto pro lado delas. Então eu acho que vai dar certo essa soma”, garante o cantor.

Aos 80 anos, Nelson Rufino usa algumas de suas músicas para descrever a chegada de um festival nas dimensões do AFROPUNK na Bahia: “Tem uma música minha que digo ‘fomos a luta e de grão em grão, de geração em geração, é um processo a conscientização’. A melhoria das coisas é um processo. Tem horas que eu brinco, dizendo que nos meus pulsos ainda doem as correntes, é um processamento. Como diz a música, há pouco mais de cem anos atrás meu povo sentiu o sabor de quebrar as correntes de aço. Então eu fico muito feliz, de estar vendo essa juventude bonita chegando e ganhando respeito”, conclui o mestre baiano.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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