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08/06/2022 às 6:10 - há XX semanas | Autor: Bruno Santana*

CADERNO 2

FLIN retorna com artistas, empreendedorismo negro e muito mais

Segunda edição do Festival Literário Nacional acontece em Cajazeiras

Baco Exu do Blues, um dos maiores nomes do rap atual, estará em bate-papo no Flin
Baco Exu do Blues, um dos maiores nomes do rap atual, estará em bate-papo no Flin -

Se a arte de um povo é a sua alma viva, como disse o escritor russo Ivan Turguêniev, nada mais justo do que trazer a arte para mais perto do povo. É essa a proposta do Festival Literário Nacional (FLIN), que realiza a partir desta quinta, 9, sua segunda edição em Cajazeiras. Na programação, escritores e artistas de diversas áreas, com três dias de atividades para crianças, jovens e adultos de todas as idades.

Após uma primeira edição que reuniu mais de 15 mil pessoas em 2019, o FLIN retorna em 2022 com o tema "Diversas Leituras e Novos Caminhos". Segundo o curador e coordenador executivo do evento, Tom Correia, o objetivo desta edição é criar uma confluência entre diferentes formas de expressão artística, sempre mantendo a literatura como espinha dorsal.

"Acredito que o caráter multifacetado do FLIN é um reflexo natural do nosso tempo, em que já não cabe dispor as coisas em compartimentos isolados", afirma Tom.

"No caso de um festival literário, explorar o diálogo entre diversas linguagens artísticas é um dos elementos que conferem consistência, maleabilidade e ampliação de alcance do público", acrescenta.

Sem dúvidas, não faltarão opções de diversão e cultura para todos os gostos do público presente na nova edição do FLIN: o festival terá mesas de discussão entre diversos expoentes da literatura nacional, autores baianos e novos talentos do cenário local.

Mas haverá muito espaço para outros artistas, também: a programação terá a participação de músicos, humoristas, contadores de histórias, coletivos de arte e influenciadores digitais — com direito a batalhas de MCs, saraus, sessões sobre empreendedorismo negro e muito mais.

Literatura

Um dos maiores destaques do evento este ano é o escritor e geógrafo Itamar Vieira Júnior, autor do best-seller Torto Arado e vencedor do Prêmio Jabuti de 2020. Ele participará, na sexta-feira (10), de uma conversa com a escritora brasiliense Paulinny Tort, autora do livro de contos Erva Brava e vencedora do prêmio APCA de 2021. A expectativa é de que o papo toque nas interseções entre as duas obras, ambas elogiadas por seus retratos sensíveis de povos e pessoas nas margens dos principais eixos da literatura brasileira, e discuta o diálogo entre a realidade e a ficção nestas representações.

Na opinião de Itamar, o encontro será uma oportunidade para que a população de Cajazeiras e de bairros próximos tenham um contato mais próximo com a literatura nacional contemporânea — e, mais que isso, evocar, por meio das obras discutidas, a herança do local. "Eu penso que pelo perfil social das pessoas de Cajazeiras, há uma memória do meio rural brasileiro, e em particular da Bahia", diz Itamar.

“Sei que muitos vieram de cidades do interior, então é uma oportunidade de tocar em temas importantes e falar um pouco do Brasil", diz.

Itamar, que tem raízes em Cajazeiras — parte da sua família é moradora do bairro —, classifica a proposta do FLIN como uma iniciativa louvável e torce para que a experiência seja replicada em outros locais de Salvador.

"Eu vejo como um direito dos moradores do bairro ter eventos como esse em sua localidade. Muitas vezes eles se veem desestimulados de participar de atividades como essa porque não conseguem se deslocar, porque o transporte é caro e precário", opina o escritor. "Espero que [a iniciativa] se replique em outros lugares da cidade, porque como diria Antonio Candido, todos têm direito à literatura".

A opinião de Itamar é reforçada pela escritora pernambucana Micheliny Verunschk, autora de O som do rugido da onça, que participará de uma conversa com a poeta e cordelista cearense Auritha Tabajara. "Num país no qual a cultura é tida como um privilégio para poucos, enxergo ações como essa, do FLIN, como oportunidades de equidade na partilha dos bens culturais e de educação e arte", afirma Micheliny. "Descentralizar os eventos, democratizar o acesso e mesmo dar passe livre a feiras, museus, exposições, entre outros, deveria ser a regra, não a exceção", afirma.

Atrações

Nem só de discussões literárias viverá o público do FLIN, entretanto. Na quinta-feira (9), por exemplo, a mesa de abertura do evento trará o rapper soteropolitano Baco Exu do Blues numa reflexão, mediada pela jornalista Rita Batista, sobre seu processo criativo e inspirações. No mesmo dia, as jovens Karine Oliveira, da Wakanda Educação, e Keila Gondim, da Colagem Preta, falarão sobre empreendedorismo negro numa mesa comandada pela jornalista Luana Souza, e a apresentação musical ficará por conta da cantora e compositora baiana Nêssa.

A sexta, 10, trará, além das mesas com Itamar Vieira Júnior e Micheliny Verunschk, encontros de leitores e intervenções artísticas do Sarau JACA de Poesia, que reúne artistas de Cajazeiras em vertentes como música, poesia e teatro.

A parte musical será comandada pelos baianos Hiran, um dos mais novos expoentes do chamado rap queer, e Guedez, destaque do pagotrap.

No sábado, 11, a escritora, atriz e rapper paraibana Bixarte conversará com o poeta soteropolitano Esteban Rodrigues, autor de Sal a Gosto. O evento terá ainda apresentações do coletivo de trap Khalid Mob e discussões sobre o humor que pensa criticamente, com os humoristas soteropolitanos Jhordan Matheus e Tiago Banha.

Ainda no universo da comédia, o último dia do evento terá a participação de Wendel Muniz, criador do perfil "Cajazeiras da Depressão" e do "Big Brother Cajazeiras", dois sucessos recentes das redes sociais. Wendel reforça a potência do bairro como um criadouro de talentos em diversas áreas e reafirma a importância da FLIN para seguir estimulando essa tendência:

"Cajazeiras tem fama de ser longe mas tem muita gente boa na culturas e no entretenimento", diz o influenciador digital. "Tem muita gente que tá voando daqui", conta.

Vale notar, inclusive, que o FLIN reserva um espaço justamente para apresentações espontâneas, na chamada Rótula Cultural. A ideia é que artistas e grupos levem suas criações para a praça, apresentando músicas, poesias, peças teatrais e outras formas de expressão livre.

As crianças também serão contempladas, com oficinas de pintura e história em quadrinhos, sessões de leitura, contação de histórias e outros eventos pensados especialmente para os pequenos.

O FLIN 2022 ocorrerá no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras entre os próximos dias 9 e 11 de junho. As atividades serão iniciadas sempre às 9h, e a entrada é gratuita. Programação e outros detalhes podem ser conferidos na página do festival, acessível em flin.ba.gov.br.

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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