CADERNO 2
Guitarrista Enio lança novo projeto com show no Teatro Gamboa
Show é parte do projeto |X| (pronuncia “ixi”), que sairá em um álbum com lançamento previsto para 2023
O músico e compositor paulista radicado na Bahia Ênio Nogueira coleciona mais de 20 anos de carreira. Inaugurando uma nova etapa na carreira, ele faz uma apresentação hoje no Teatro Gamboa, no Largo dos Aflitos. O show é parte do projeto |X| (pronuncia “ixi”), que sairá em um álbum com lançamento previsto para 2023.
Na lida musical, em carreira iniciada aos 13 anos, Ênio circulou do afro ao rock, em especial mais puxado para o metal. O que muitos enxergam como inconciliável, o músico viu uma forma de enriquecimento estilístico, o que lhe permitiu transitar e refinar seu ofício. “Minhas influência vão do Iron Maiden ao Olodum. Então fui fazendo várias parcerias, no rock e na música popular”, diz Enio.
“De uma maneira muito pé no chão, construí essas raízes híbridas e sem preconceito. Onde eu estou hoje é um elo artístico. Me lembro que me colocavam como alternativo e eu falava: ‘a música é alternativa, alternativa para mudar a vida das pessoas’ A arte e a música são pontes que nos conectam”, afirma.
Um elo na música
O show no teatro é a nova etapa no projeto |X|. Segundo Ênio, a ênfase do projeto é poder reunir esses vários artistas negros das música baiana contemporânea e poder trazer experimentação e essa junção de diferentes gerações da música popular.
Uma das partes desse projeto foi a parceria que o músico fez com o rapper Hiran e Carlinhos Brown na música Emoriô, regravação de uma canção de Gilberto Gil. Além da gratificação de poder regravar uma música do ícone da MPB, Ênio é bem enfático no que o encontro com os dois significou para ele como artista.
“É algo enriquecedor. Brown é uma referência da música e da consciência social. Eu fiquei surpreso chegando no estúdio e vendo o nível de produção que ia ser tudo. Também foi quando cheguei e o Brown já tinha minha ficha e conhecia meu trabalho”, conta.
“Hiran também foi quem trouxe esse elo que conseguiu fazer essa releitura de uma música de Gil. Quando falo desse elo, não é só por uma questão comercial, mas por ter essas pessoas que estão ligadas ao projeto todo. Aquele clipe não foi só uma música, mas sim um registro do encontro desses três artistas e de toda aquela equipe”, detalha Enio.
A ideia de elo não é algo recente para o compositor. Como um dos organizadores do festival de música Afropunk, que aconteceu em novembro, Ênio fala sobre o poder do que aqueles encontros musicais significaram naquele contexto e como isso ecoa para o projeto como um todo.
“O |X| é esse elo real, que nem no Afropunk, que é visando poder reunir todos esses artistas e colocar eles para experimentarem ritmos, letras e colaborações com outros artistas”, detalha.
“O |X| é o resultado desses vários encontros com vários artistas contemporâneos pretos, tendo a música como linguagem principal. Mas também está no audiovisual, na moda, no design e indo em lugares fora da caixa. Posso produzir alguém, fazer curadoria como no caso no Afropunk e o |X| é isso, é uma plataforma de novos caminhos para a artes e fruto de um encontro de vários artistas de múltiplas linguagens”, expressa.
Enio acredita que tudo inserido na arte – incluindo o design – é capaz de promover mudanças na sociedade. “As pessoas acham que o design é só o gráfico, mas ele muda a gente, muda nosso comportamento. E o disco vem com essa série de ações e comportamentos, é essa forma de reunir pessoas e influências”.
“Pra mim é um registro e uma realização de um verdadeiro presente. Eu sou esse elo e essa ponte que eu faço a vida inteira, entre estilos e artistas. Quando digo que o elo transforma, é porque ela transforma não só a mim, mas aos outros também. Temos esse encontro de músicos mais velhos, que eram e são minhas referências e poder me encontrar com eles e poder fazer algo sobre isso, é uma revolução. É um álbum de celebração, sobre a felicidade de estar vivo, mesmo que em tempos difíceis”, afirma.
Por fim, Ênio menciona a importância da apresentação no Teatro Gamboa como parte de todo o projeto e como será uma forma de o público poder ter seu primeiro contato com o que será |X|.
“Amanhã será um pequeno laboratório para essa turnê e o lançamento do disco, que vai rolar em 2023. O que vai ter no Gamboa é essa pequena demonstração do que vai ser o |X|, que está conquistando seu lugar e que vai ser essa semente de novas formas de expressar a cultura e a arte para a cidade de Salvador”, conclui Enio.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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