JAM no MAM retorna shows presenciais após inverno pandêmico

A espera, literalmente, acabou. A JAM no MAM retorna neste sábado, 28, com ingressos esgotados. Para marcar a volta com o público presencial, a banda Geleia Solar se apresenta com uma formação maior, mas sem deixar de interagir com outros músicos durante a apresentação, improviso musical que caracteriza o evento.

Desde a tarde da última quarta-feira, 25, o limite de público foi alcançado. As duas mil pessoas que garantiram o ingresso para a sessão deste sábado expressam a saudade de curtir as jams sessions ‘ao vivo e em cores’ no Pátio do Museu. No entanto, a vontade já era perceptível no ano passado durante as dez apresentações online feitas, que alcançavam a mesma média de público antes da pandemia.

Segundo a produtora do evento, Cacilda Povoas, os preços dos bilhetes – R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) – foram mantidos devido ao cenário difícil de retomada das atividades. A jam session deste sábado ainda faz parte da temporada online com patrocínio do CCR Metrô Bahia, através de Lei Federal, e foi organizada para um momento de arrefecimento da emergência sanitária

“Não é uma retomada para um nova temporada com programação já definida, a gente ainda está captando patrocínio para novas sessões, esperamos que seja ainda esse ano, mas este sábado é mais uma apresentação presencial para marcar a volta da JAM com o público”, diz Cacilda.

Não só a plateia está ansiosa para o reencontro como a banda não vê a hora do momento chegar. No repertório da Geleia é garantida a mescla do baião, samba, frevo, blues, swing e jazz com a percussão baiana. Além das composições autorais dos músicos, tem os clássicos estadunidenses, João Donato, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O show acontece das 18h às 21h.

“A gente sempre tenta manter a Bahia na JAM, porque para virar uma apresentação apenas com blues, funk e soul é dali para cá, então manter as músicas brasileiras é muito bom e é o que a gente busca”, afirma Ivan Huol, baterista da banda.

Reencontros

O retorno presencial também promove um encontro entre instrumentistas que não tocavam há muito tempo juntos. A percussionista Alana Gabriela, os trompetistas Fernando Isaia e Graham Haynes, Ivan Sacerdote no clarinete e Lucas Decliê no sax se unem à banda-base. Ao todo 13 músicos estarão no palco, que fica aberto para interações sonoras de músicos ou profissionais em formação convidados.

“É um improviso sempre respeitoso, a gente vê muita competição nas jam sessions mundo afora, mas aqui a gente sempre se abraça, o improviso é isso, dá uma quebra de expectativa do que o público espera e sempre gera o movimento. Não existe nada, absolutamente nada, melhor no mundo, no planeta, do que uma jam improvisada”, declara Huol.

Ele ainda relembra as transmissões online em 2021 e que após três horas de show, voltava para casa e assistia a própria apresentação. Ao ver o que ficou bom e o que podia melhorar, Ivan analisa como a gravação perde um pouco da informalidade musical proposta no evento. Mesmo assim, receber os comentários do público de casa ajudava a recuperar o clima.

“É sempre bom contar com a presença do público e é disso que nós precisamos agora, retomar esse movimento, não esperávamos essa volta grandiosa como imaginamos que seria”, declara Ivan.

JAM na Bahia

A dificuldade de conseguir encaixar as jam sessions no MAM, principalmente por causa da demanda artística pelo espaço, movimentou a organização do projeto para outros locais. O formato do JAM no MAM ao ar livre e em contato com a natureza marca a identidade do evento, que será levado para o Parque da Lagoa, em Feira de Santana, e para o Parque Ecológico de Lauro de Freitas.

Denominado JAM no Parque, a banda Geleia Solar realizará as apresentações, nas respectivas cidades, nos dias 5 e 12 de junho. Com a mesma dinâmica musical, de palco aberto para outros músicos, a ideia é levar o evento para o estado inteiro e chamar atenção para a cena instrumental.

“Em Feira de Santana (a cena) é muito rica, os músicos daqui vão muito tocar lá e os de lá participam da JAM, então resolvemos fazer esse movimento de formação de público para esse tipo de música em outras cidades, começando pelas mais próximas. Enquanto estamos negociando uma nova temporada no MAM, e enquanto isso a gente vai sair numa itinerância nessas próximas semanas”, anuncia Cacilda.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.