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08/11/2022 às 6:30 - há XX semanas | Autor: Chico Castro Jr.

CADERNO

Jornalista Gutemberg Cruz lança Dicionário do Quadrinho Brasileiro

Pesquisador de fôlego, o baiano finalmente lança sua obra, desde já obrigatório aos fãs

Gutemberg: “As artes gráficas podem seduzir e levar à reflexão”
Gutemberg: “As artes gráficas podem seduzir e levar à reflexão” -

Que o Brasil é uma potência mundial na produção de histórias em quadrinhos, só quem acompanha este gênero nobre – porém pouco compreendido fora dos círculos de apreciadores –, sabe. Pioneiro, o Brasil foi um dos primeiros países a desenvolver esta linguagem, lá no século 19. Hoje, a HQ brasuca é uma das vedetes planetárias desta indústria, com seus autores e obras badalados e premiados ao redor do mundo em convenções e premiações.

Ao seu modo, o livro Grande Dicionário do Quadrinho Brasileiro (Editora Noir, 416 páginas, R$ 99), do jornalista e pesquisador baiano Gutemberg Cruz, conta boa parte desta história de muita luta e glória. O livro resume o trabalho de uma vida: desde os anos 1960, quando ainda era garoto, Gutemberg vem colecionando e fichando a produção nacional de HQs. Resultado: 1.035 verbetes, relacionando em ordem alfabética personagens, graphic novels, edições especiais etc. A obra cobre 160 anos de atividade nos quadrinhos nacionais, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Uma verdadeira obra de consulta básica, necessária para todos que apreciam e / ou pesquisam a HQ nativa.

Consciente, Gutemberg entende que, mais do que entretenimento – muitas vezes dispensado como meramente infantil pelos desinformados – a linguagem da narrativa sequencial é um poderoso instrumento de comunicação desde seu surgimento.

“Mais que elencar autores e datas dos primeiros personagens de quadrinhos brasileiros, interessa sublinhar que nossos artistas pioneiros colocaram em cena temas alusivos às mazelas políticas como mensagem de comunicação”, afirma Gutemberg. “Seus trabalhos se infiltravam, contundentes, em meio ao país reprimido pela Igreja, pelo Estado e pelo regime escravo logo no início”, acrescenta.

Consultores

Trabalho de tamanha monta necessita, evidentemente, de auxílio. Além do editor, o também baiano Gonçalo Junior, que propôs a ideia do Dicionário a Gutemberg, dois outros pesquisadores / consultores se juntaram ao autor a fim de revisar os verbetes e sugerir os que ficaram faltando: Worney Almeida de Souza e Leonardo Vicente di Sessa.

“(O Dicionário) é uma fonte inesgotável de consulta para quem se interessa pelo tema”, escreve Gonçalo no texto de apresentação do livro.

“Natural que ele fosse mais completo ao destacar um número maior de autores baianos. Normal também que o leitor sinta falta de figuras relevantes em seus estados ou mesmo de projeção nacional. Se depender de nós, essa ausência será temporária”, garante o editor.

Como ele mesmo lembra em seu texto, um dicionário como este é um trabalho infinito, pois a produção não para nunca. Desta forma, ele pede que os criadores ou leitores, que tenham sugestões de verbetes, que enviem os dados necessários à editora, para que estes venham a ser incluídos em edições futuras.

“Mesmo que a maior parte tenha transitado de forma independente, à margem da indústria editorial brasileira e acessível a um número reduzido de leitores”, afirma.

Demasiadamente humano

Dos personagens mais conhecidos, como a Turma da Mônica, o Menino Maluquinho e os transgressores da geração Chiclete com Banana de Angeli, Laerte e Glauco, aos mais obscuros, praticamente todos os brasucas em duas dimensões que foram impressos em quatro cores estão aqui.

A título de representação, vejamos dois verbetes: o primeiro e o último. O primeiro é Aba Larga. “Herói da fronteira gaúcha, espécie de Polícia Montada brasileira. Criação do Getulio Delphim, em 1962, publicado pela Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre (CETPA)”, descreve Gutemberg, apenas iniciando o verbete, que traz muitas outras informações sobre o personagem e sua publicação.

Quatrocentas e tantas páginas depois, está o último verbete: Zumbi. “HQ publicada no Livrão dos Quadrinhos, da Editora Versus (SP), em 1977, com trabalhos de Jô Oliveira”. Aqui Gutemberg fala não só desta publicação sobre o personagem histórico do Quilombo dos Palmares, mas também de outras que vieram depois, como uma de 1984, outra em 1995 e por fim a premiada no exterior Angola Janga (2016), de Marcelo D’Salete.

Como já foi dito, pesquisadores e curiosos sobre a HQ baiana também têm aqui uma fonte inédita de informação – antes dispersa – agora reunida. Estão aqui a Turma do Xaxado do saudoso e consagrado Mestre do Quadrinho Brasileiro Antonio Cedraz, Buteco Teco (Lessa), Fala Mansa (Setubal), Nego e Nega (Romilson Lopes), Fala Menino! (Luis Augusto), Aú O Capoeirista, O Cabra e Jab O Lutador (todos de Flavio Luiz), Dora Mulata e Pituboião do inesquecível Lage, Dona Dedé de Wilton Bernardo e muitos outros.

“Nas artes gráficas é possível sonhar. Assim como sonhamos na poesia, na música, no teatro e na literatura. A arte gráfica no Brasil renova os caminhos do olhar, reinventa a leitura, modifica a linguagem”, afirma Gutemberg.

“É no lugar do desejo social que abarca a arte e o imaginário em seu torno. Em suas formulações conteudísticas, há sempre uma porta aberta para o social, para o poético, o político, filosófico, religioso, para o demasiadamente humano, enfim”, conclui.

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