CADERNO 2
Jussara Silveira traz show intimista e acústico construído na pandemia
Repertório mostra diversidade de sotaques com as aproximações melódicas da língua portuguesa
Por Eugênio Afonso
Mineira de nascimento e baiana por pertencimento, Jussara Silveira saiu de Nanuque ainda pequena e veio se banhar nas águas mornas da Bahia. Nunca mais se distanciou do suingue musical da costa litorânea.
A própria cantora diz que se considera baiana e garante que foi criada no mar. Agora, mais uma vez, Jussara vem matar as saudades da terra, desta vez com o show A Voz do Coração, que apresenta nesta sexta-feira, às 21h, no palco principal do Teatro Castro Alves (TCA).
Acompanhada pelo pianista Danilo Andrade e o percussionista Marcelo Costa – responsáveis pelos arranjos –, Jussara finalmente traz a Salvador esse show acústico e intimista que foi construído e apresentado durante a pandemia e, portanto, até então era virtual. Com o arrefecimento da crise viral, é chegada a hora de percorrer o Brasil com a turnê e trocar afagos com a plateia.
“O show será um encontro com o público, desejado depois do silêncio imposto pela pandemia. Este acontecimento no TCA é bastante simbólico pois foi onde fiz meu primeiro show, em 1989. Voltar a essa sala é bastante significativo, é começar bem o ano trazendo para o meu público, principalmente canções do álbum Ame ou se Mande, pensado para essa formação de piano, percussão e voz”, conta Jussara.
Mas o show também traz clássicos do repertório da cantora, além de lançamentos como a música Três, da dupla Marina e Antônio Cícero. Jussara privilegia ainda a diversidade de sotaques com as aproximações melódicas e rítmicas encontradas no universo artístico-cultural da língua portuguesa.
“São sotaques baiano, pernambucano, carioca, português, paulista, angolano e cabo-verdiano. Vejam só a riqueza da canção popular em língua portuguesa”, entusiasma-se a cantora.
Dama do cassino
A mistura de canções de vários álbuns, pinçadas desde o primeiro até os mais novos, como Ame ou se Mande (sexto disco de carreira) – que tem Zeca Baleiro, Moraes Moreira, J. Velloso, Roberto Mendes, Cézar Mendes e Capinan, Ronaldo Bastos, Beto Guedes e Celso Fonseca – dá o tom do repertório. “São maravilhas do cancioneiro popular brasileiro que tenho a alegria de cantar”.
E claro que Dama do Cassino, de Caetano Veloso, gravada no primeiro disco da cantora, e até hoje o seu maior sucesso, vai compor a lista da seleção musical. “Quando não canto, em geral o público pede e eu cedo. Canção imprescindível na minha coleção”, reconhece Jussara.
Com mais de 30 anos de carreira e já tendo gravado nomes de peso do panteão da música brasileira, como Chico Buarque, Luiz Melodia e Caymmi, Jussara confessa que são muitos os motivos que a levam a escolher uma canção.
“Depende da ordem do que se vai construir. Eu não componho, então como intérprete o trabalho é a escuta. Escutar música e ser tocada por aquela que me emociona e, consequentemente, preencha um lugar num roteiro determinado de algum álbum ou espetáculo”, admite a baiana.
Por fim, Jussara diz que pensou o espetáculo como uma grande nave em que todos possam ser passageiros e navegar juntos, e também que é sempre um grande prazer poder estar no palco do Castro Alves. “É fundamental passar por lá. Para mim, uma alegria imensa cantar naquela sala. Mas olha, gosto de cantar em todos os lugares em que me apresento”, adverte a intérprete.
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