Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > CADERNO 2
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

CADERNO 2

'Meta Conto' explora redes, mania por séries, rifas e nossa baianidade

Espetáculo teatral traz o riso neste fim de semana no Teatro SESI Rio Vermelho

Lila Sousa*

Por Lila Sousa*

17/12/2022 - 0:30 h
“É um texto com DNA da Bahia, graças a Deus e aos orixás!”, diz o autor Ivan dos Santos
“É um texto com DNA da Bahia, graças a Deus e aos orixás!”, diz o autor Ivan dos Santos -

Uma comédia bem apimentada no melhor estilo soteropolitano que aborda o metaverso, tecnologia e redes sociais. Meta Conto, apresentada por alunos do Tríade Curso de Teatro, preencherá os palcos do Teatro SESI Rio Vermelho neste sábado e domingo provocando boas gargalhadas na plateia. Com texto do ator e comediante Ivan Santos, o espetáculo tem esquetes bem humoradas que transbordam diversidade e regionalismo.

“Usamos muito o recurso da comédia do soteropolitano, esse jeito debochado de falar e brincar. É um espetáculo pras pessoas irem e darem risada”, explica Marcos Oliveira, professor, diretor e ator da Tríade Curso de Teatro. Ele menciona sobre a construção do humor a partir de temas como uso das redes sociais na busca por um relacionamento.

Tudo sobre Caderno 2 em primeira mão!
Entre no canal do WhatsApp.

“Falamos, também, sobre os canais de streaming, essa galera que fica fazendo maratona, dizemos que é uma suruba de séries, uma série dentro da outra”, brinca Marcos. Com um toque baiano, o teatro clássico invade o roteiro do Meta Conto ao usar uma das cenas do texto de William Shakespeare, A megera Indomável, em um paralelo que apresenta ao público A Megera Indomada Baiana, na qual os personagens vivem a realidade de Salvador.

Para Suelen Magalhães, atriz e aluna da Tríade, participar deste espetáculo é um misto de felicidade, ansiedade, nervosismo e alegria. “É uma sensação muito gostosa”. Suelen dará vida a Margarete, uma personagem bem peculiar. “Me inspirei nas meninas da rifa, está muito engraçado, muito legal. Quem puder assistir, só vai que o riso é garantido”, convida.

O roteirista deixou em evidência a musicalidade baiana cheia de vida no espetáculo, assim como as gírias locais, uma característica ímpar do povo baiano. “Tem referências as cidades, bairros, e a festividade. É um texto com DNA da Bahia, graças a Deus e meus orixás!”, enaltece Ivan dos Santos.

Tempero baiano

O comediante Ivan dos Santos descreve o processo de construção do texto de Meta Conto como muito simples, já que utiliza um recurso que carrega do stand-up comedy, a estrutura premissa, que é a ideia ou conteúdo, acompanhada da piada. “Isso facilita muito a escrita. Também faço uso de esquetes, em grande parte pela influência que tenho de programas como Monty Python’s Flying Circus, TV Pirata, Saturday Night Live”.

Um dos pontos altos durante a comédia, garante o roteirista, é a quebra da quarta parede. Isso porque na maioria das esquetes do espetáculo o texto leva os atores a saírem do personagem e falarem diretamente com o público ou com o diretor. “Esse diálogo leva a reflexão da relação entre vida e arte. Bertold Brecht fazia isso. E agora brinco assim, só que com boas doses de baianidade”, destaca Ivan.

O roteirista ressalta que o texto aborda muitos assuntos da atualidade, desde a relação das pessoas com o mundo digital, passando pela crescente simbiose com as séries, sem deixar de lado os relacionamentos interpessoais, afinal é o que define o ser humano.

Meta Conto tem uma mensagem de fácil compreensão ao convocar o público para viver do jeitinho baiano. Marcos reforça que depois do período de pandemia, com o enfraquecimento do setor cultural, as pessoas passaram mais tempo conectadas a internet e esse movimento se tornou base para o texto.

“O grande barato do espetáculo, é que a vida pode ser um pouco mais suave, mais leve. Podemos fazer algumas coisas como gostamos de fazer aqui em Salvador, nos divertir, brincar e aproveitar o sextou. Depois do trabalho sair, ir ao Rio Vermelho, a uma festa, o ensaio de algum grupo musical, comer um acarajé ou tomar uma cerveja, aproveitando o aqui e o agora”, complementa o diretor.

Tradição do teatro local

Com a proposta de realizar um espetáculo para encerramento da turma, o curso de teatro oferecido pela Tríade, que tem duração de cinco meses, encerrará o ano com a apresentação dos alunos que iniciaram em agosto de 2022. “Sempre é um espetáculo numa pegada bem profissional que fica em cartaz por uma temporada”, detalha Marcos. Meta Conto terá as duas primeiras apresentações neste fim de semana, com retorno previsto para depois do carnaval.

O sentimento de poder, por conseguir enfrentar o público, domina o coração de Juliel Silva, aluno e ator do curso da Tríade. Desafiado a viver diversas formas em cada apresentação, interpretar personagens muito diferentes exige um dedicado processo de preparação. “Passamos por vários laboratórios e exercícios. Como esse personagem se move? Que são os exercícios de corpo, voz e fala. Qual é a voz dele? Como ele anda e se comporta? Qual o seu objetivo?”, explica Juliel.

Marcos Oliveira, professor de teatro, e Taric Marins, professor de interpretação vocal, são os responsáveis por atribuir exercícios que darão aos personagens uma perspectiva mais próxima do real. “Como esse texto é de um comediante baiano, várias características do nosso povo são incorporadas nos nossos personagens. Nossas gírias e alguns cacos que são colocados pelos atores e atrizes enriquecem o texto, tornando o processo todo maravilhoso”, afirma o aluno.

Suelen Magalhães lembra da leveza no processo de criação dos personagens, etapa importante para realização do espetáculo de encerramento da turma. “Marcos vai conduzindo a gente e quando vemos já estamos incorporados no personagem. Ainda mais que são personagens que a gente sempre conhece alguém que se comporta daquela maneira, um vizinho, primo ou tio”, completa a aluna e atriz.

Por ser um curso de interpretação teatral para pessoas que possuem, ou não, experiência no teatro, o grande desafio de Marcos foi unificar o nível da turma. “Tem alunos que já tem um nível de interpretação bem bacana e outras pessoas que estão chegando agora. Então o meu grande desafio na direção foi dar uma identidade única pra essas pessoas. Foi uma guerra, deu trabalho, mas foi divertido.”

Ensinando aos alunos da técnica ao fazer teatral, o Tríade proporciona a cada uma das turmas viver e experenciar a vida nos palcos. “O trabalho é muito bem feito, a equipe é extremamente qualificada. E o processo foi muito bacana, tudo tranquilo e muito bem conduzido pelo professor Marcos”, elogia Maria Clara Cardozo, atriz e estudante de licenciatura em teatro (UFBA).

Marcos Oliveira além de professor e diretor é também o fundador do curso Tríade, que existe há mais de 10 anos na capital baiana. “Tenho praticamente 20 anos como professor e diretor teatral aqui em Salvador. E o curso sempre tem o perfil de ser pra iniciantes, adultos, que querem iniciar na carreira teatral. Antigamente o curso acontecia no Espaço Xisto Bahia, mas já tem um ano que está acontecendo no Teatro SESI do Rio Vermelho”, conclui o Marcos.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.

Participe também do nosso canal no WhatsApp.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
“É um texto com DNA da Bahia, graças a Deus e aos orixás!”, diz o autor Ivan dos Santos
Play

Ilha de Itaparica recebe gravações de filme "Melodia do Amor"

x