Nem esquerda, nem direita

Já dizia Chico Anysio: “O humor é quem denuncia, eu não tenho possibilidade de consertar nada, mas eu tenho a obrigação de denunciar tudo. O humor é tudo, até engraçado”. Há pouco mais de 20 dias do segundo turno das eleições no Brasil, a Prime Vídeo lançou a nova série brasileira de comédia Eleita, protagonizada por Clarice Falcão, com direção geral de Carolina Jabor e direção de Rodrigo Van Der Put. Em sete episódios de 30 minutos, a série parece sempre ecoar as palavras do mestre do humor.

A pandemia se tornou um grande obstáculo para a ideia que teve início há cinco anos, mas proporcionou o timing certo para o ano eleitoral.

A história se passa em um futuro distópico, com o Rio de Janeiro falido e sem grandes perspectivas. Neste cenário, Fefê (Clarice), uma jovem influenciadora digital, decide se candidatar à governadora do estado de brincadeira. O problema é que a piada faz sucesso e ela é eleita.

Com um poder imenso e pouca noção do que fazer com ele, ela tenta administrar sua agitada vida pessoal e o Estado, mas essa missão não só é difícil, mas, na verdade, impossível. “A gente está rindo, está fazendo graça, mas tem sim uma crítica, acho que tem algumas reflexões pra gente fazer sobre o circo político, sobre nossa responsabilidade nisso, em quem a gente está votando. A gente começou a escrever já fazem cinco anos e acho que nesse tempo ficou mais realista”, explica a protagonista.

Na sala de roteiro composta por Célio Porto e Clarice como roteiristas chefes, Mateus Torrião, Rafael Spínola e Carolina Jabor desenvolveram os sete episódios. “A Clarice e o Célio chegaram com a premissa que já vem muito genial. ‘E se uma pessoa totalmente apolítica fosse eleita governadora do Rio?’”, contextualiza Jabor, que ganhou intimidade com os personagens aos poucos.

Para o processo de criação da Fefê, Clarice relata o desejo da construção de uma personagem imatura, uma criança que não entendesse de política: “Ela não é de esquerda, não é de direita, simplesmente não entende. Ela não sabe o que está fazendo ali, como muitos políticos não estão sabendo o que estão fazendo”.

Sátira política

O maior desafio da direção era descobrir o tom da série, já que possui um humor peculiar. Esse processo se tornou rico com a experiência em comédia do elenco e do diretor Rodrigo Van Der Put, que contribuiu para que o humor não se perdesse ao longo da série.

Jabor detalha que Clarice já estava dentro da personagem por ter escrito a série e se identificar com a temática. A diretora menciona que foi necessário criar um cenário que retratasse um contraste do Rio de Janeiro, perfeito com o palácio – que é residência da governadora – e a decadência da cidade.

“Fomos juntando as peças e resolvemos fazer uma sátira política. A gente filma fazendo além de uma série política, uma série política de comédia. Então, tem que ter muito ritmo, muita rapidez pra não ficar devagar”, acrescenta.

O elenco também é composto por Diogo Vilela, Luciana Paes, Polly Marinho, Rafael Delgado, Bella Camero, Felipe Velozo, Pablo Pêgas, Fabio de Luca e Diogo Defante, além de participações especiais de Ingrid Guimarães, Cristina Pereira, Estevam Nabote, Betty Gofman, Alessandra Colassanti e Luis Lobianco.

Na expectativa de contribuir para a reflexão do público sobre a importância de exercer a cidadania e não se ausentar da decisão eleitoral, Clarice Falcão e Carolina Jabor expressam com orgulho a oportunidade de participar deste momento. O final da primeira temporada deixa um gancho para continuidade das aventuras da personagem Fefê em uma trama que “ainda tem muita história pra acontecer”, garante Clarice.

Eleita / Criada por Clarice Falcão e Célio Porto / Com Diogo Vilela, Luciana Paes, Polly Marinho, Rafael Delgado, Bella Camero / Disponível na Amazon Prime Video

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.