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CADERNO

Rádio brasileiro chega aos 100 anos com inovações e reinvenção

Desafio atual dos profissionais de rádio é buscar nas novas formas para que a mídia permaneça atraente

Cláudia Lessa

Por Cláudia Lessa

06/09/2022 - 7:00 h | Atualizada em 06/09/2022 - 23:48
Aparelho de rádio irreconhecível para os jovens, que hoje ouvem ao celular
Aparelho de rádio irreconhecível para os jovens, que hoje ouvem ao celular -

No dia 7 de setembro de 1922, o rádio chegou ao Brasil com a histórica transmissão do discurso do presidente Epitácio Pessoa, na ocasião das comemorações do centenário da independência do país. O 100º aniversário do surgimento nacional desse antológico meio de comunicação – celebrado nesta quarta, 7 – é marcado não só pela sua capacidade de manter a capilaridade e alcançar um público eclético, mas, sobretudo, por continuar se transformando e se reconstruindo em um mundo cada vez mais digital.

O desafio atual dos profissionais de rádio é buscar nas novas tecnologias formas para que a longeva mídia eletrônica permaneça atraente para o mercado e a audiência, que já não está mais restrita ao aparelho de rádio. Da inauguração oficial da radiotelefonia no Brasil, em 20 de abril de 1923, com a estreia da Rádio Sociedade, no Rio de Janeiro, pelas mãos de Roquette Pinto, ao tempo atual, a maneira de consumir rádio mudou.

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Ainda que preserve seu perfil acústico e múltiplo, o veículo se tornou mais que um instrumento sonoro: é formador de opinião, capaz de criar hábitos e penetrar na imaginação do ouvinte. Com sua atuação híbrida, em meio a grandes inovações tecnológicas, boa parte do veículo está na Internet, através de sites; aplicativos para dispositivos móveis; podcasts; e redes sociais. Outra parte mantém a tradição de ouvir o rádio do carro ou de casa, seja através de aparelhos portáteis, celulares ou dispositivos multitarefa.

O presidente da Associação Baiana de Empresas de Rádio e Televisão (ABART), Fernando Henrique Batista Chagas, reforça que a história do rádio no Estado da Bahia – que computa cerca de 200 emissoras FM e 20 veículos AM, outorgadas pelo Ministério das Comunicações – registra um importante avanço a partir das inovações tecnológicas.

“Estas influíram na forma de produzir e ouvir o rádio. Com a invenção do transístor, que substituiu as válvulas, o tamanho dos equipamentos foi reduzido, surgindo os rádios de pilha, o automotivo e, hoje, pode ser sintonizado via celular. Com a Internet, o rádio ganhou uma plataforma que possibilita ser ouvido em qualquer lugar do mundo, aumentando substancialmente seu numero de ouvintes”.

Ondas que se renovam

Assim, com as novas tecnologias e plataformas digitais, o mercado da radiofonia foi ampliado. “O veículo rádio vem, hoje, utilizando a imagem em sua programação e utiliza tudo que circula nas redes sociais como informação, que, depois de apurada, é transmitida para seus milhares de ouvintes, conquistando uma área de cobertura bastante significativa, com preços mais acessíveis quando se compara aos demais veículos, possibilitando maior valorização do conteúdo comercial para o mercado do rádio”, avalia o dirigente da ABART.

O diretor-geral da rádio A TARDE FM, Jefferson Beltrão, ressalta que, com a Internet e as ferramentas digitais de comunicação cada vez mais acessíveis, o rádio foi levado a se integrar à nova realidade, como lhe é peculiar, ao longo da sua trajetória. “Isso graças à sua capacidade de renovação e adaptação às novas tecnologias e, principalmente, à magia que preserva ao oferecer, ainda na grande maioria dos casos, apenas o áudio como estímulo para o público. É uma sobrevivência que se deve, também, ao fato de estar sempre aberto, democrático e sensível a todas as mudanças ocorridas no mundo desde o seu surgimento”, analisa o jornalista e radialista.

Veterano no ofício e sempre requisitado como fonte quando o assunto é a história do rádio, Perfelino Neto, 81 anos e 63 de carreira, continua na ativa, só mudou de plataforma. O radialista já passou pelas mais importantes emissoras baianas, a exemplo da Rádio Cultura, onde estreou em 1958. Ao longo da carreira, acumulou uma usina de documentos sobre o rádio, incluindo centenas de discos e quase 600 livros. Atualmente, é proprietário do site www.eradoradio.com.br, que comanda de sua casa, onde montou um estúdio e é visto/escutado por mais de 515 mil visitantes/ouvintes. “Enquanto houver imaginação, vai haver rádio”, testemunha.

Perfelino conta que o sucesso do seu trabalho radiofônico no espaço cibernético é prova de que o rádio chega aos 100 anos com fôlego.

“O rádio tem na Internet o seu viagra dos mais potentes. E a minha loucura pelo veículo me faz entregar aos ouvintes a qualidade sonora que eles merecem. Com isso, sou acessado de 1.400 cidades de várias partes do mundo, até mesmo da administração de um cemitério em São Miguel, no Rio de Janeiro”.

O também radialista Dilson Barbosa, que começou no rádio como repórter esportivo, em 1966, na Rádio Sociedade de Feira de Santana, já cobriu presencialmente dez copas do mundo e uma olimpíada.

O profissional também considera a rede mundial de conexões um divisor de águas no universo radiofônico. “A mudança foi muito grande com a Internet, pois permitiu mais flexibilidade e rapidez na informação, embora o material humano de qualidade esteja mais escasso. Por outro lado, a maioria dos profissionais deixou de produzir conteúdos ao vivo, o que fazia com que o radialista tivesse maior capacidade de improvisação”, avalia Dilson, que atua como radialista há duas décadas nas rádios Princesa FM e Rádio Sociedade de Feira e é sócio de outras emissoras na região.

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