CADERNO 2
Rec-Beat promove encontro de artistas baianos e pernambucanos no palco
Festival tradicional do Carnaval recifense chega a Salvador neste sábado
Por Lila Sousa*
A cena musical contemporânea da Bahia e Pernambuco comandam o palco do Trapiche Barnabé neste sábado, durante a primeira edição soteropolitana do festival pernambucano Rec-Beat. Com início as 16:30, o evento reúne nomes como Melly, Joyce Alane, Josyara, Martins, Johnny Hooker, Nêssa, Freshprincedabahia e Marley no Beat. Além do DJ 440, que vai mandar aquele som na abertura e intervalos entre as apresentações.
Com 27 anos de existência, o Rec-Beat é tradicionalmente realizado no Recife, onde já promoveu mais de 600 shows para três milhões de pessoas. O festival foi expandindo para outras cidades, já tendo passado por Fortaleza e Sobral (CE), João Pessoa (PB), Caruaru (PE), Curitiba (PR) e São Paulo (SP).
Grandes artistas baianos como Mateus Aleluia, BaianaSystem, Tom Zé, Russo Passapusso, Riachão, ÀTTØØXXÁ, Larissa Luz, IFÁ, Xenia França, Lucas Santtana, Agridoce (leia-se Pitty e Martin Mendonça) e Rebeca Matta já foram atrações do Rec-Beat. Por isso, com o intuito de consagrar a sintonia histórica do festival com a música baiana, a chegada a Salvador garante originalidade e frescor musical.
“A produção musical baiana e pernambucana são referências históricas no contexto da música brasileira. Para nós, é uma honra poder realizar esta edição do Rec-Beat em Salvador com esses encontros sonoros, uma forma de celebrar toda nossa admiração e respeito pela produção musical da Bahia”, afirma Antonio Gutie, diretor e curador do Rec-Beat.
Além dos shows, o Rec-Beat Salvador promoveu quatro painéis de debate com especialistas em temas relacionados à produção musical dos dois estados no contexto nacional. Os bate-papos aconteceram na quarta e quinta-feira, no canal de YouTube do Rec-Beat (youtube.com/@RecBeatFestival).
A identidade visual da edição soteropolitana é assinada por Ema Ribeiro, mulher preta, graduanda em Cinema e Audiovisual, que intersecciona seu trabalho dentro da fotografia e audiovisual com outras linguagens, como a arte digital. “Fiz a ilustração pensando em algo que cresci vendo ao meu redor e que é muito presente nas periferias de Salvador e do estado da Bahia: a cultura de ‘criar’ passarinhos na gaiola, que atravessa gerações. A partir desse signo, faço um paralelo com o desejo de liberdade e vida do corpo preto”, conta a artista.
Encontro e Diversidade
Plural e democrático é como Gutie define o Rec-Beat, que chega a Salvador ousando ao unir potências musicais baianas e pernambucanas no mesmo palco. “Quando pensei em chegar em Salvador com o Rec-Beat, queria fazer um festival exclusivamente de encontro. Então toda o line up é de encontro”, explica Gutie.
Melly, que já tocou em outras edições do festival em Pernambuco espera trazer a mesma energia para os palcos de Salvador. Revelação da nova onda da musicalidade da Bahia, Melly faz uma mistura do R&B com samba-reggae, neo soul e blues, despontando como uma das artistas negras em evidência na música independente nacional. Ela se une a Joyce Alane, representante da MPB com referências pop que ganhou destaque nas redes durante a pandemia.
“Joyce tem um trabalho incrível, ela tem uma voz linda, muito doce e acho que a gente vai combinar bastante nisso. A gente vai subir no palco, vamos cantar umas músicas dela, deixar o espaço pra gente se divertir”, declara Melly. A cantora e compositora afirma que o público pode aguardar muita música autoral e algumas releituras que serão surpresas.
O pernambucano Martins, com sua criação musical literária e de batida contemporânea se encontra com a juazeirense Josyara, artista reconhecida nacionalmente pela qualidade de seu trabalho. “Está sendo um deleite poder participar com Josyara, no Rec-Beat, ainda mais em Salvador. Vou fazer um momento do show que é o lançamento do álbum dela. Ela me convidou pra fazer uma canção do álbum, e vamos cantar uma do meu repertório que foi gravada por Daniela Mercury e por nossa ministra Margareth Menezes. Vai ser uma coisa mágica”, detalha Martins.
Desde 2018 sem tocar em Salvador, o cantor recifense Johnny Hooker retorna a cidade para um encontro com Nêssa, soteropolitana que produz música popular a partir do pagode, funk afrobeat e trap. “A gente vai ter a oportunidade de fazer esse show um pouquinho antes do Carnaval pra exorcizar todo esse tempo da pandemia e desses anos muito difíceis no Brasil, além de comemorar esse reencontro do Brasil com ele mesmo”, declara Johnny.
O DJ 440 é fundador da famosa Terça do Vinil, festa criada em Recife há 15 anos e com mais de 800 edições realizadas pelo Brasil. Ele comanda o som do Rec-Beat no início do evento e nos intervalos dos shows. “Tô bem feliz por mais uma oportunidade de encontro, de troca, da gente poder potencializar junto a nossa música, vai ser massa”, afirma.
Com a proposta de sentir a pista, a dinâmica do público e o calor do momento, o DJ afirma que o friozinho na barriga ajuda a montar o set list para as apresentações. “Hoje em dia muita gente trabalha com set mixado, com playlist pronta, mas eu curto essa coisa orgânica, na hora, eu gosto desse friozinho, dessa emoção do momento”.
Gutie, diretor e curador do Rec-Beat, enxerga no festival a oportunidade de evidenciar novos artistas e tem planos de continuar realizando outras edições do festival na capital baiana. “Podemos resumir a programação do Rec-Beat como encontros, foi o que imaginei para o festival, trazer algo não óbvio. Quem for vai conhecer alguns nomes de Pernambuco e os nomes novos da Bahia para mostrar essa integração. A Bahia, com Pernambuco e o Pará, são os estados que historicamente mais estão presentes no Rec-Beat, são três estados que possuem uma música muito diversa e potente, que acaba influenciando e determinando os rumos da música brasileira”, conclui.
O Rec-Beat é realizado pela Baluart Produtora, com produção da Rec-Beat Produções e Leão Produções. Além do patrocínio da Oi, Devassa e Governo da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. E conta com apoio cultural do Oi Futuro e Labsonica.
*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.
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