LITERATURA
Ruy Espinheira, de A TARDE, é o novo imortal da Academia de Letras
Aos 80 anos, colunista foi eleito por unanimidade para ocupar a cadeira de número 20 da ALB
Por Eugênio Afonso
No último dia 19 de janeiro, o poeta, escritor, jornalista, professor, imortal e colunista de A TARDE, Ruy Espinheira Filho, 80 anos, foi eleito por unanimidade para ocupar a cadeira de número 20 da Academia de Letras do Brasil – ALB (academiadeletrasdobrasil.com.br) – com sede em Brasília –, cujo patrono é o romancista e pintor carioca Cornélio Pena (1896-1958).
Ruy disse que não esperava a indicação, mas que ficou muito feliz. “Fiquei surpreendido. Depois, conversando com o presidente Marcos Freitas, me senti honrado, aceitando que meu nome fosse submetido aos acadêmicos”.
Aos 80 anos recém-completados (em dezembro último), o imortal baiano também é membro das Academias de Letras da Bahia e de Jequié. Acredita que tenha sido escolhido para a ALB pela sua poesia, embora saiba que o restante da obra certamente foi considerado, e ressalta que segue na ativa.
“Minha produção atual é no ritmo de sempre. Tenho a ideia de selecionar crônicas publicadas em A TARDE para uma edição. Por falar em A TARDE, comecei minha colaboração em 2007, a convite do então editor Florisvaldo Mattos, o que me honrou muito e ainda me honra. Fiquei feliz e estou no batente até agora”, comenta o poeta. Os leitores é que agradecem pelos textos publicados no jornal.
Com uma obra ainda em construção, Espinheira já tem 35 livros individuais de poesia, 15 de ficção e três ensaios. São cerca de 40 participações em antologias no Brasil e exterior. Coleciona ainda cinco prêmios na Ufba, quando estudante (sim, havia prêmios literários para estudantes), o Prêmio Nacional de Poesia Cruz e Sousa, de Santa Catarina (em 1981), o Prêmio Rio de Romance (em 1985), o de poesia da Academia Brasileira de Letras (2006), e o 2º lugar no Jabuti, também em 2006.
“Ainda fui finalista do Jabuti e também do Prêmio Rio (poesia), como algumas vezes indicado ao Prêmio Portugal Telecom. Atualmente, estou com contrato com a Bertrand Brasil (editora) para novo livro de poemas em maio deste ano”, completa o escritor.
Esperança renovável
Com relação à sua ligação com as academias de letras, Ruy diz que as agremiações são como todas as reuniões humanas, repletas de virtude e faltas de virtude. “Gente de primeira categoria e gente de segunda e terceira. É assim no mundo inteiro, como já foi e sempre será. Quando funciona bem, chega também ao grande público, com cursos, debates, edições de obras”.
E também não se ilude quando o assunto são os leitores brasileiros. “O país nunca foi muito bem, mesmo porque os governantes acham que a cultura atrapalha, pois os eleitores podem votar melhor... a ignorância é que elege os piores”, frisa.
E por falar em governo, o jornalista acredita que o Brasil de hoje está renovando esperanças, mas que os últimos quatro anos foram um pesadelo. “O Estado contra a ciência, as artes, a cultura de um modo geral, o cidadão comum, os indígenas, praticamente tudo, com promoção do pior, sempre. O Brasil é mesmo um país de vida difícil, dos portugueses até hoje, sempre submetido a ações indignas e sofrendo longas ditaduras. Espero que as esperanças de agora sejam mais duráveis”, deseja o poeta.
Reconhece também que as redes sociais podem ser boas ou ruins, mas não é muito adepto delas. “Procuro ficar distante”. E garante que as pessoas que o interessam, acompanham sua obra e, assim, ele não acumula frustrações.
“Sendo um autor nordestino que mora no Nordeste, até que não saio muito mal na história, já que tenho sido publicado por grandes editoras, recebi prêmios, fiz amizades de alta qualidade etc.. Escrevendo o que escrevo, que necessita de certo tipo de leitor, dificilmente teria uma carreira melhor. Se me sinto realizado? Não sei. Mas não me sinto frustrado. Sei que tenho feito o que posso, só posso ser o que sou”, finaliza, poeticamente.
Minibio
O soteropolitano Ruy Espinheira Filho começou no jornalismo como cronista da Tribuna da Bahia (1969-1981), onde também trabalhou como copidesque e editor (1974 - 1980). Colaborou ainda com O Pasquim, como correspondente na Bahia (1976--1981), e foi contratado como cronista diário do Jornal da Bahia (1983-1993).
Atualmente, assina artigos quinzenais em A TARDE. Graduado em Jornalismo (1973), mestre em Ciências Sociais (1978) e doutor em Letras (1999) pela Universidade Federal da Bahia, e doutor honoris causa pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Uesb (1999), foi professor associado do Departamento de Letras Vernáculas do Instituto de Letras da Ufba.
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