NO CARNAVAL
João Jorge sobre Palmares: "Vamos ter que reconstruir o sistema"
Futuro presidente da Fundação Palmares quer "recuperar os quatro anos perdidos" na gestão Bolsonaro
Por Alan Rodrigues
João Jorge Rodrigues se despede nessa terça-feira, 21, do Carnaval de Salvador na condição de presidente do Olodum. A partir de março, seu desafio será reconstruir a Fundação Palmares, após nomeação da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Ao Portal A TARDE, o futuro presidente afirmou ter a noção exata do que deverá encontrar. "Foi uma instituição que todo o governo anterior atacou diariamente, uma tentativa de sepultar uma experiência prazerosa dos afrobrasileiros. Agora, Margareth, eu, Zulu (chefe de gabinete do ministério) e outros vai ter que reconstruir o sistema".
João Jorge apontou a sua intenção de querer resgatar a função da Fundação Palmares, instituição criada "para cuidar de quilombos, escolas de samba, congados, terreiros de candomblé, patrimônio afro-religioso e também de uma noção de civilização. Nós precisamos ser civilizados".
Ele lembrou que a gestão anterior fez apagar nomes de personalidades como Gilberto Gil, Leci Brandão, Milton Nascimento, e até trocou o símbolo da fundação. "Foram quatro anos perdidos que nós vamos, a partir de março, quando eu for nomeado e empossado, recuperar rapidamente", afirma João Jorge.
Na sua nova função, o ainda presidente do Olodum destaca o papel da fundação junto aos 54 países da África, 12 do Caribe, além dos Estados Unidos, que ele lembra, tem uma vice presidente e prefeitos de 10 cidades de grande expressão negros.
Entre outras intenções do futuro presidente da Fundação Palmares está o fortalecimento dos carnavais da Bahia, do Rio de Janeiro, São Paulo, Olinda e Belo Horizonte. "Carnaval é a alma do povo brasileiro. São cinco capitais fazendo carnaval, 10 municípios grandes fazendo carnaval, mais de R$ 8 bilhões na economia. A ideia é iluminar a fundação Palmares com a experiência da Bahia, do Rio, do Maranhão, de vários lugares", antecipa o futuro presidente, que pretende ampliar a captação de recursos públicos e privados.
"O ano de 2023 é de construção. De definir eixos, políticas públicas e como vai se financiar a cultura afro-brasileira. Com BNDES, Caixa, Banco do Brasil? Parcerias nacionais, internacionais? Não vai ficar sem dinheiro. Até porque é um momento que o ministério já tem mais dinheiro, a fundação tem um pouquinho mais, mas ainda não é o necessário. O ideal é R$ 250 milhões, nós temos R$ 24 milhões".
João Jorge reconhece que a Bahia terá protagonismo na elaboração de políticas voltadas à cultura afro. "A Bahia é o celeiro da cultura negra, da capoeira, candomblé, da música afro, e é uma área em que a cultura negra internacional. Aqui veio pulsar Michael Jackson, Mandela, Malala. Essa presença vai abrir portas e o ministério da cultura e a fundação Palmares precisam de portas abertas", concluiu.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes