AÇÃO CONJUNTA
O diálogo fez a maior de todas as festas
Integração entre governantes para a folia de Momo premiou a administração do interesse coletivo
Por Priscila Dórea
O Carnaval chegou ao fim e, com a parceria firmada entre Município e Estado, o balanço dos 10 dias de festa rendeu saldos bastante positivos – em especial para a atuação da segurança pública e o reposicionamento do Centro. “Com uma coordenação conjunta entre Governo do Estado, Prefeitura Municipal e órgãos federais, reunida diariamente para monitorar, avaliar e dar sequência ao que nos comprometemos desde o início, o Carnaval de todo o Estado da Bahia aconteceu com tranquilidade e segurança”, declarou o governador Jerônimo Rodrigues.
Em Salvador, a festa injetou R$ 2 bilhões na economia local, afirma o balanço da prefeitura, e gerou mais de 50 mil empregos diretos e indiretos. Foram quase 3 mil horas de música e mais de mil atrações, com cerca de 3 milhões de pessoas nos circuitos. A Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA) informou que a rede hoteleira teve ocupação média de 95% na capital (com picos de 100%) e recebeu mais de 1 milhão de visitantes – em 2020 cerca de 800 mil turistas vieram para Salvador. Na Bahia, de 2020 para 2023, o número de visitantes subiu de 2,3 milhões para 2,7 milhões no período de Carnaval.
Com tanta gente chegando no Estado para se juntar aos foliões baianos já empolgados, a segurança pública se viu em alerta e o Governo do Estado investiu
R$ 70 milhões em segurança para o Carnaval da Bahia. Com o trabalho de 30 mil agente, diferentes operações para inibir comportamentos violentos fazendo uso de tecnologia, os resultados foram significativos: foram registradas 79 prisões de foragidos localizados por reconhecimento facial, 58 lesões corporais (em 2020: 120), 1089 crimes contra o patrimônio (em 2020: 1247) e 1.300 armas brancas apreendidas nos Portais de Abordagem.
Coeso e integrado
O vice-governador Geraldo Júnior reitera que as intervenções com o auxílio da tecnologia tornam as operações mais eficientes e seguras, e quem ganha é o folião e a sociedade. “As ações se deram com uma integração jamais vista e essa é a maior lição desse Carnaval: a atuação do estado de forma coesa e integrada. As forças estatais demonstraram que a união reflete positivamente nessa grandiosa festa, assim como a cooperação com as prefeituras. Cada qual atuando em sua área, priorizando os foliões que saem de todos os cantos do mundo para viver e curtir o nosso Carnaval”, afirma.
O titular da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP), Marcelo Werner, destaca outros aspectos do planejamento robusto e o uso da tecnologia, com a capacitação e comprometimento dos agentes, proporcionaram um excelente Carnaval. “Além disso, a Central de Controle, onde 43 órgãos funcionavam 24 horas durante todo o período do Carnaval e pré-Carnaval, também foi muito importante para que o acionamento dos órgãos municipais, estaduais e federais fosse mais célere para a integração de todas as polícias”, explicou.
E falando em segurança das ruas, ações voltadas à segurança e o cuidado com a saúde do folião também cumpriram o seu papel no Carnaval 2023. A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) realizou 12.064 testes para detecção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) – 29 foram positivados para HIV, 212 para sífilis, 7 para Hepatite C e 5 para Hepatite B –, e mais de 700 mil preservativos foram distribuídos. Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 4.149 atendimentos, uma redução de 27% em relação ao ano de 2020.
“Conversei com a secretária Roberta Santana da Sesab e entendemos que a gestão anterior do governo federal não havia deixado uma campanha de massa, então investimos na prevenção. Houve queda também uma redução de 35% nas ISTs em relação a 2020 e dos 82 testes feitos para Covid-19, apenas 4 deram positivo, um percentual muito baixo”, informou a vice-prefeita, Ana Paula Matos.
Reposição do circuito
Outro grande destaque da folia de 2023 foi o reposicionamento do Carnaval do Centro. Há tempos que o Circuito Osmar - berço do Carnaval soteropolitano -, estava negligenciado, mas com 346 atrações este ano (165 a mais que a Barra) e novos espaços com shows no seu entorno, a ‘volta’ do circuito aconteceu em tão grande estilo, que o prefeito Bruno Reis afirmou: “O reposicionamento do Centro este ano e todo o apoio que recebeu, com certeza, adiou a necessidade dessa mudança do Circuito Barra/Ondina para a Boca do Rio”.
Mas Bruno Reis salientou que, à medida que Salvador e o seu Carnaval cresçam mais a cada ano, propostas como a do Circuito Boca do Rio devem voltar a ser pauta. No momento, inclusive em 2024, o investimento continua sendo para o Circuito Osmar. Presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Joaquim Nery acredita que a revitalização do Centro era um desejo de todos os envolvidos de alguma forma com o Carnaval, até mesmo dos foliões. “Essa discussão sempre esteve presente nas discussões do Comcar”, afirma.
“Não foi necessariamente perfeito, mas conseguimos alcançar um equilíbrio melhor entre os circuitos, graças ao apoio da prefeitura e do estado. Foi um Carnaval muito bom de forma geral. Terça, em especial, foi um dia muito forte no Osmar, o que só mostra que o Carnaval é uma célula viva e dinâmica, por isso não há sentido em retomar a discussão da mudança de circuito. Se isso vier a acontecer, deverá ser de modo natural, com a requalificação da orla a tornando mais atrativa para festas, não usando o Carnaval como locomotiva”, pondera Joaquim Nery.
Quem também está feliz pelo desempenho do Carnaval este ano é Vovô do Ilê – presidente e fundador Ilê Aiyê, um dos contemplados pelo Programa Carnaval Ouro Negro 2023, do Governo do Estado. Para ele, o Carnaval não foi apenas bom, mas também muito emocionante, pois a revitalização do Circuito Osmar era um desejo antigo não só dele, mas de muitos outros blocos afro que desfilam no Campo Grande. Blocos esses que insistiram muito nesse reposicionamento do circuito mais antigo e tradicional do Carnaval de Salvador.
“Junto a isso, o Ouro Negro sempre ajudou muito os blocos de matriz africana a irem para as ruas, mas acredito que ainda é preciso maiores investimentos nesses grupos durante o ano, vindo também do setor privado. Só para se ter uma ideia, veio gente do Havaí ver o Ilê este ano, mais uma das muitas provas de que os blocos afro movimentam a economia da cidade. Ano que vem o Ilê completa 50 anos, queremos desfilar três dias e que o Carnaval seja ainda mais bonito do que foi nesse 2023”, deseja.
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