CARNAVAL
Carnaval agita a geração de empregos na cidade
Folia em 2025 tem potencial de ultrapassar as 200 mil vagas criadas no ano passado
Por Joana Lopes
![Da montagem dos camarotes até o comércio de abadás, passando por centenas de outras atividades, o Carnaval de Salvador cria postos diretos e indiretos](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1300000/1200x720/Carnaval-agita-a-geracao-de-empregos-na-cidade0130652300202502090819-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1300000%2FCarnaval-agita-a-geracao-de-empregos-na-cidade0130652300202502090819.jpg%3Fxid%3D6550062%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1739290636&xid=6550062)
Com previsão de movimentar R$ 1,8 bilhão em negócios, de acordo com a Secretária Municipal de Cultura e Turismo (Secult), o Carnaval de Salvador também tem impacto na geração de empregos. Com base nos dados da Prefeitura (que ainda não divulgou números deste ano), a folia gerou mais de 200 mil vagas em 2024. “Nesse período, há um claro aumento de demanda relacionada ao turismo, de modo geral, na alta estação, que fica ainda mais forte no Carnaval em cidades como a capital baiana”, comenta Cristian Giuriato, diretor da Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem).
A Asserttem calcula que serão 800 mil contratações temporárias entre janeiro e março em todo o país, um número ligeiramente superior (2%) ao do primeiro trimestre de 2024. As grandes empresas que movimentam a festa começaram a reforçar suas equipes há meses. “Desde dezembro, aumentamos significativamente a contratação de novos colaboradores. Com a abertura de mais pontos de venda de abadás e camarotes, vamos chamar ainda mais gente”, conta Joaquim Nery, sócio da Central do Carnaval. Trinta pessoas foram alocadas até agora, não só nas vendas, mas também no escritório administrativo da Central.
“A previsão é de gerar 400 empregos diretos, além dos funcionários de empresas que prestam serviços terceirizados, como de limpeza. Isso já representa um aumento de 12% em relação ao Carnaval de 2024”, acrescenta Nery. Ele diz que as vagas temporárias são geralmente preenchidas por pessoas entre 18 e 22 anos, que, muitas vezes, retornam nos anos seguintes. “Hoje, nossa equipe fixa é totalmente composta por profissionais que vieram de outros Carnavais e que começaram em vagas temporárias. Tem gente que trabalha comigo há 20 anos e começou assim”.
Mila Vilanova é um exemplo. No ano passado, a jovem conseguiu uma vaga temporária na venda e entrega de abadás e trabalhou durante duas semanas. “Gostei muito da experiência e me senti conectada com a empresa”, diz ela. Em agosto, quando a Central do Carnaval começou a planejar o lançamento de Alegr.IA, inteligência artificial da empresa que conecta a marca ao público nos ambientes digitais, Mila foi chamada para integrar o time, trabalhando com marketing e redes sociais.
O mesmo acontece na Premium Entretenimento, empresa responsável pelo Camarote Salvador, que pretende gerar 14.700 postos de trabalho direto e indiretos este ano. “Alguns colaboradores retornam a cada edição do Camarote Salvador, como algumas pessoas das áreas de marketing, produção e vendas. Fazemos uma avaliação criteriosa de desempenho durante o evento e os melhores avaliados são cadastrados no nosso banco de dados para o ano seguinte. Se temos alguma vaga fixa na Premium, priorizamos o nosso banco de talentos”, conta Luciana Villas Boas, CEO da empresa.
Renda e impacto social
Em alguns casos, o trabalho tem impacto social, econômico e sustentável para muito além da semana de festa. O Costura Solidária Sustentável, um projeto de costureiras negras da Península de Itapagipe, renovou com o Camarote Salvador uma parceria que surgiu no ano passado: a partir das lonas usadas na cenografia do camarote, o grupo de mulheres fabrica bolsas exclusivas para os clientes do evento. “Transformamos uma tonelada de lona, que demoraria 400 anos para se decompor na natureza, em 1.800 bolsas”, conta Carine Nascimento, coordenadora executiva do Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), que abriga o projeto.
Este ano, mais 10 mulheres do Costura Solidária Sustentável foram contratadas para transformar 450 quilos de lona em novos acessórios. “Mais empresas deveriam enxergar o resíduo como uma oportunidade de agregar sustentabilidade às suas marcas e, ao mesmo tempo, gerar oportunidade e renda para quem precisa”, defende Carine. O Carnaval, afinal, também é sobre isso.
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