INCENTIVO
Ouro Negro brilha na valorização de afros e afoxés na folia 2024
Programa do governo do Estado celebra meio século de resistência cultural com investimento recorde
Por Felipe Viterbo
O Carnaval 2024 promete entrar para a história. Com o tema ‘50 Anos de Blocos Afro. Nossa Energia é Ancestral’, a Bahia celebra meio século de resistência cultural representado pelos afros e afoxés. O Programa Ouro Negro, do governo do Estado, é um dos pontos altos desta edição. Este ano, o investimento histórico de R$ 14,7 milhões, praticamente o dobro do valor de 2023 (R$ 8 milhões), torna a iniciativa ainda mais robusta.
O Programa Ouro Negro não se limita a apoiar as agremiações de matriz africana, incluindo também os segmentos samba, reggae e indígena, bem como buscando a inserção de entidades LGBTQIA+. Em Salvador, 103 propostas foram contempladas, envolvendo entidades renomadas como Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Malê Debalê, Cortejo Afro, Alvorada, Bankoma e Banda Didá.
“A escolha do tema do Carnaval, que homenageia os 50 anos dos blocos afro e ressalta a energia ancestral que nos move, não é uma homenagem somente à música, ao ritmo e às cores da cultura africana. É, sobretudo, uma homenagem ao conteúdo e ao significado que esses grupos trazem como algo educativo e pedagógico para a Bahia”, ressaltou o titular da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA), Bruno Monteiro.
A programação do Carnaval de Salvador promete ser ainda mais abrangente e inclusiva, com apresentações nos três circuitos tradicionais (Dodô, Osmar e Batatinha), além de diversos palcos e circuitos alternativos, como Mãe Hilda, Sérgio Bezerra, Riachão e Mestre Bimba, sem contar com os espaços temáticos. Para além do Carnaval, o Programa Ouro Negro destaca a importância da inclusão e da educação cultural, promovendo a valorização e o respeito pela diversidade.
Vários blocos afros e afoxés completam datas ‘redondas’ este ano e promovem celebrações e homenagens especiais. O destaque é o Ilê Aiyê, pioneiro bloco afro, que celebra 50 anos como símbolo de resistência cultural e política. O Olodum e o Malê Debalê completam 45 anos, enquanto o afoxé Filhos de Gandhy comemora 75.
O Carnaval de Salvador ainda marca os 25 anos do Cortejo Afro, os 40 anos de carreira de Daniela Mercury e os 30 de Ivete Sangalo, totalizando mais de 700 atrações nos circuitos oficiais e cerca de 400 apresentações nos palcos espalhados pela cidade.
50 anos de Ilê Aiyê
Em 2024 o Ilê Aiyê, símbolo da cultura afro-brasileira, comemora meio século de história. Com o tema ‘Vovô e Popó: 50 anos de resistência e tradição do Bloco Afro Ilê Aiyê’, a agremiação presta no Carnaval homenagem aos seus fundadores, enaltecendo a criação do bloco como um emblema de resistência e empoderamento negro.
Para iniciar as festividades, o Ilê Aiyê participa amanhã da abertura oficial do Carnaval de Salvador, na Praça Castro Alves, ao lado de artistas como Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e BaianaSystem. Com seu desfile tradicional, saindo do Curuzu, as celebrações começarão no sábado, com uma cerimônia repleta de simbolismo e espiritualidade.
A programação prossegue com desfiles no Circuito Osmar (Centro) no domingo, e na segunda-feira. O espetáculo cênico-musical é embalado pelo envolvente som da Band'Aiyê, destacando-se como um altar para a Deusa do Ébano, Larissa Valéria Sá Sacramento, e as princesas recém-eleitas: Lorena Xavier Silveira Bispo e Caroline Xavier de Almeida. O encerramento do bloco no Carnaval de Salvador acontecerá na terça-feira, com uma celebração ao orgulho negro.
Fundado em novembro de 1974, no bairro da Liberdade, por Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, o Ilê é o primeiro bloco afro do Brasil. Reconhecido por seu comprometimento com a preservação e promoção da cultura afro-brasileira, o Ilê Aiyê desempenha um papel fundamental na celebração da identidade negra durante o Carnaval. Com foco na música, dança e exaltação das raízes africanas, o bloco – chamado de ‘o mais belo dos belos’ – se destaca por suas apresentações na avenida e pelos concursos que elegem a Deusa do Ébano a cada ano.
Símbolo de resistência e luta contra o racismo,o Ilê difunde um modelo positivo de representação para a comunidade negra, exaltando as raízes africanas da cultura nacional. Sua expressão artística abrange música, dança, ilustração e vestuário, enquanto simultaneamente desenvolve projetos de extensão pedagógica. Ao longo do ano, o Ilê promove atividades culturais, eventos educativos e oficinas.
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