Se tiver sem grana, sem carro e sem casa, o negócio é apostar no poder inquestionável de seu lepo lepo (tem que ter). Se o romance acabar, é caso de pedir que o outro tire tudo de casa - incluindo os CDs, os livros e as fotografias - e deixe o "vazio imenso desse apartamento".
No verão da Bahia, tem música para tudo. Se quiser o perdão da amada, é encostar o nariz no dela e fazer bilu bilu bilu bilu, como ensina Pablo, em seu novo hit.
Para dançar colando coxa com coxa, curtir uma fossa ou descer até o chão, o repertório do verão deste ano tem de tudo e mais um pouco. E olha que ainda nem chegou o Carnaval. Dono de uma das vozes mais ouvidas por aí , o cantor Pablo conta que só escolhe músicas que se identifiquem com o dia a dia das pessoas. Foi assim que ele decidiu incluir Bilu Bilu, composição de Tatau e Eva Cavalcante, no repertório de seus shows. "Escutei e vi que tinha que gravar. É mais uma coisa que faz parte da rotina dos românticos, encostar o rosto ao da pessoa amada e fazer bilu bilu com o nariz", diz Pablo. Ele confessa nunca ter feito o bilu bilu, mas não descarta a possibilidade. "De repente, né? Mas tem que ser uma coisa bem espontânea", ele diz, enquanto cai na risada. Fã do cantor, a dona de casa Raimunda Lima, 59 anos, conta que já fez muito bilu bilu por aí. Dos filhos aos netos, ninguém escapa da brincadeira carinhosa. "Isso todo mundo faz, é uma coisa muito gostosa, um carinho que a gente tanto sente quanto transmite através da música", afirma ela, presidente do fã- -clube Pablo Mania. Outra música que invadiu a cidade é o hit CDs e Livros, do grupo Asas Livres, ao qual o cantor Pablo inclusive já pertenceu. Essa é outra que gera muita identificação por parte de quem ouve e curte."Lembro muito de um amigo que, nos últimos dois relacionamentos, ficou sem nada. Uma mulher levou o que tinha dentro de casa e a outra quebrou tudo. Mas elas não tinham interesse literário como na música, era só pelos eletrodomésticos", conta Washington Andrade, 29, professor de história. Ele aproveita o ensejo pra tirar o corpo fora: avisa logo que não se identifica com a música. "Essa, graças a Deus, eu não tenho história não. Mas é bom, me espelho no sofrimento alheio", admite. É outro o sucesso que inspira o promotor de eventos Tiago Luis, 27 anos: o Lepo Lepo, do Psirico. Ele, que tem carro mas não tem teto (mora com os pais), garante que conquistou a namorada como diz a música. "Antes do carro, era meu lepo lepo que garantia. E amor, né?", ele conta.Pra ele, a música é leve, divertida e tem lá sua parte de verdade. "O homem acha que hoje em dia as mulheres só querem se a gente tiver carro, teto ou dinheiro, e ele tenta conquistar por outro lado, com o lepo lepo. Ele oferece o amor", Tiago diz, rindo.| Foto: Editoria de Arte