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Angelina Jolie dá vida a Maria Callas no novo filme do chileno Pablo Larraín

Filme encerra uma trilogia sobre personalidades femininas marcantes do século passado

Por Rafael Carvalho - Especial para A Tarde

19/01/2025 - 1:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Angelina Jolie dá vida a Maria Callas no novo filme do chileno Pablo Larraín
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Essa espiral de filmes sobre figuras femininas da cultura e do poder – chamá-los de cinebiografias pode parecer incorreto – não fez muito bem ao cinema de Pablo Larraín. Cineasta chileno que migrou para as produções “internacionais” com a chancela dos grandes festivais europeus, Larraín lança agora sua mais nova aposta, a investigação sobre os últimos dias de Maria Callas, suas obsessões e dramas pessoais enquanto se prepara para uma nova e inesperada apresentação musical.

Apesar de conter no título brasileiro o nome artístico da grande cantora lírica greco-americana que se tornou cidadã do mundo, o título original é um singelo Maria, como se houvesse a intenção de tirar o peso da figura pública e polêmica que ela se tornou no decorrer da carreira.

Mas o que vemos no filme é justamente as agruras emocionais da diva, já que o roteiro parece muito mais disposto a fazê-la revisitar episódios do passado, conectando-os com o acerto de contas que ela busca fazer consigo mesma no presente, envolvendo basicamente sua relação com a figura estelar que se tornou.

Quase que isolada em um grande apartamento em Paris no final dos anos 1970 – morava com dois fieis serviçais, uma governanta e um mordomo (vividos pelos ótimos atores italianos Pierfrancesco Favino e Alba Rohrwacher) – a personagem sofre com o peso da idade e, principalmente, com a decadência vocal, lhe tolhendo daquilo que a tornou famosa e reverenciada como um dos maiores nomes do canto lírico no mundo.

Seu corpo foi encontrado no chão de casa, vítima de uma parada cardíaca – provavelmente agravada pelos muitos remédios que tomava nos últimos anos. Larraín parte daí para revisitar os anseios daquela mulher, revisita momentos do passado – como a conturbada relação que manteve com o magnata Aristóteles Onassis (Haluk Bilginer) – mas também aproveita para fabular e imaginar situações que revelam suas vicissitudes, em que tudo parece portentoso e dramático, inclusive o seu sofrimento.

Trilogia involuntária

Faz sentido pensar numa espécie de trilogia sobre mulheres encurralada pelas circunstâncias da vida que Larraín formatou juntamente com os trabalhos anteriores Jackie (2016) e Spencer (2021).

Mesmo com resultados irregulares, especialmente neste último, Jackeline Kennedy e Lady Diana, no entanto, eram retratadas em momentos emblemáticos de suas vidas conjugais, casadas com figuras de status político muito proeminentes, fazendo do filme estudos mais consistentes sobre as agruras, exigências e sacrifícios que essas mulheres precisaram fazer em tal posição.

No caso de Maria Callas, o que inquieta e oprime a personagem é a sua própria vaidade machucada e a negação pessoal de seu envelhecimento – apesar de ter chegado apenas aos 53 anos de idade.

É difícil para ela entender que seu tempo, talvez, já tenha passado. Consequentemente, ela sofre também com a perda do estrelato, da vida midiatizada, estando longe dos holofotes e de olhares admiradores.

Ou seja, não é a Maria que vemos aqui – como o título original faz parecer –, mas La Callas retratada no seu declínio burguês, cercada por luxo e vazio, refém de seu próprio ego ferido. Em determinado momento em que ela ensaia o canto com um pianista e sua voz não alcança as notas necessárias, ele lhe diz: “Essa contando é a Maria, eu quero ouvir La Callas”.

E isso não é necessariamente uma opção equivocada na concepção narrativa do filme, mas Larraín, junto com o roteirista Steven Knight, pesam a mão no sofrimento autoimposto de uma mulher sobre sua própria imagem e não conseguem escapar de um olhar apenas condescendente a ela.

Autoanálise

Na sua reclusão e ao remoer as dores de não ser mais La Divina ou La Callas – epítetos ostentados quase como títulos de nobreza –, a personagem investe em subterfúgios devaneadores para uma autoanálise, como por exemplo a conversa fictícia empreendida com um jovem jornalista (vivido por Kodi Smit-McPhee).

Poderia ser uma bela saída de roteiro, mas o que há ali não é um sujeito interrogando com real interesse uma grande personalidade artística, mas sim ela própria fantasiando sobre aquilo que já queria dizer (para o mundo?), como se desse as cartas desde sempre nesse delírio egoico.

E esse parece ser o veículo ideal para que Angelina Jolie exercite o lugar de diva em declínio, porém nunca derrotada. Sua composição tem algo de mimético, mas também certa segurança ao calibrar – e nunca exagerar – o peso dramático da decadência, ainda que seja o retrato de um sofrimento calculado demais e estacionado no mesmo tom.

Se pensarmos nas suas atuações dos últimos anos (Eternos, a fracassada aposta da Marvel, e o pouco visto Aqueles que Me Desejam a Morte), é um salto de qualidade, mas também ficam evidentes as próprias limitações do roteiro que não ajudam a tirá-la de certo pedestal da “diva em desgosto”. Nem mesmo os momentos de maior fabulação do filme conseguem elevar por muito tempo uma sensação de vigor criativo.

Desde que o filme estreou no Festival de Veneza, a atuação de Jolie vinha sendo apontada como uma das grandes apostas para a temporada de premiação – mesmo festival de onde saiu a incrível performance de Fernanda Torres, por Ainda Estou Aqui, que derrotou Jolie no Globo de Ouro.

É um filme que dá vazão à vaidade de Callas e parece bem satisfeito com essa escolha apenas, sem se esforçar muito em acrescentar outras camadas à personagem.

Tudo está muito cercado de certa grife blasé que nos impede de enxergar a verdadeira Maria por baixo de tanto luxo e presunção.

MARIA CALLAS (Maria) / Dir.: Pablo Larraín / Com Angelina Jolie, Haluk Bilginer, Pierfrancesco Favino, Alba Rohrwacher, Valeria Golino, Caspar Phillipson, Stephen Ashfield / Salas e horários: cinema.atarde.com.br

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