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03/10/2024 às 2:00 - há XX semanas | Autor: João Paulo Barreto, especial para A TARDE

AUDIOVISUAL

Curta-metragem dirigido por Lara Carvalho está em festival internacional

‘56 Dias’ está na primeira edição do ‘Festival Internacional de Cinema de Ribeirão Preto’

Imagem ilustrativa da imagem Curta-metragem dirigido por Lara Carvalho está em festival internacional
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Destaque em festivais, como os baianos Panorama Internacional Coisa de Cinema e a Mostra de Cinema Contemporâneo do Nordeste, 56 Dias, filme escrito e dirigido por Lara Carvalho, segue construindo uma importante carreira em eventos cinematográficos e, agora, é um dos destaques no Festival Internacional de Cinema de Ribeirão Preto, que acontece até sábado na cidade paulista.

Em sua construção narrativa, 56 Dias é um filme de uma sensível entrega feminina. E não somente de sua protagonista, Laís Machado, ou de sua parceira em cena, Dani Souza. A entrega através do texto e direção da cineasta Lara Carvalho surge a partir de sua própria vivência, em uma experiência dolorosa e pessoal que traz ao seu curta um aspecto biográfico intimo e corajoso de se desbravar diante de sua audiência.

“Comumente, a ideia de um filme surge para mim com uma imagem, um pedaço de um diálogo ou um acontecimento em específico, e só então a narrativa se desenrola”, explica Lara em entrevista ao A TARDE. “Dando uma oficina outro dia, brinquei que era como uma faísca, aquele feixe de luz que surge rápido feito relâmpago e você precisa alimentar até ele virar um fogo brando. Curiosamente, no caso de 56 Dias, isso foi bem diferente, mas porque o filme nasceu de uma história vivida. Entre 2016 e 2017, me envolvi com uma pessoa e, depois que as coisas terminaram entre a gente, me descobri grávida", relembra.

Em sua escrita do roteiro, a diretora trouxe para sua protagonista a mesma dor e reflexão oriundas de uma experiência traumática própria. "Demorei pra entender o que eu queria fazer diante da situação. E, uma vez que decidi, me deparei com a falta de dinheiro para buscar o que eu queria: um remédio. Mas a vida não para, mesmo quando estamos passando por poucas e boas. Então, me vi tendo de seguir com as responsabilidades, os compromissos e as relações que eu tinha. Uma forma de escapismo, talvez? Uma forma de evitar o confronto com a realidade? Ou de seguir confrontando a realidade apesar dos pesares? Quando tive a experiência do aborto espontâneo, aos 56 dias de gravidez, foi um processo que me marcou muito. Precisei de meses, quiçá anos, pra conseguir entender tudo que vivi", confessa a diretora.

Signos e significados

Repleto de símbolos trazidos em cenas que constroem para a audiência a dor física, sentimental e psicológica vivida pela personagem principal da obra, 56 Dias opta por ilustrar esses momentos de uma maneira a utilizar, em uma mescla de um onírico escapista e uma realidade brutal, esse impacto que a interrupção da gravidez trouxe para a vida de sua protagonista.

“Gosto de pensar no cinema como essa linguagem colaborativa não apenas entre a equipe técnica, mas também entre o filme e seu público", afirma Lara, ao abordar a ideia de criar imageticamente um modo que transmitisse à audiência esse extravasamento. “Essa possibilidade de preencher lacunas com as nossas próprias interpretações é um dos aspectos mais bonitos de se criar artisticamente. Para mim, os elementos e símbolos dessas cenas mais oníricas – ainda que não sejam apenas cenas de sonho – simbolizam diferentes aspectos da fertilidade, da culpa, do enfrentamento, da quebra do silêncio", pontua a diretora.

Os símbolos que “56 Dias” apresenta geram esse impacto a partir de elementos que vão desde sementes que surgem em cena e seu aspecto afetivo que, dolorosamente, deixam de simbolizar um germinar e passam a remeter ao trauma, até o modo como um simples convite a uma expressão performática e artística pode ajudar uma pessoa a iniciar sua reconstrução. "As sementes vermelhas de piriquiti são comumente associadas à felicidade", salienta Lara ao exemplificar essa eficiente associação de símbolos. "No filme, elas foram deslocadas pra essa sensação incômoda de serem expelidas pela protagonista, podendo simbolizar tanto o aborto que virá cenas mais tarde, quanto a dificuldade da protagonista de colocar em palavras tudo aquilo que está sendo movimentado dentro dela. Acho que vale dizer também que me sinto muito inspirada pelas cineastas que vieram antes de mim, como Maya Deren, Agnès Varda, Ana Carolina, Safi Faye e tantas outras, e por como elas exploram essa potência da imagem audiovisual de transpor sensações e sentimentos que inclusive borram a linha entre o real e o imaginário", desta a cineasta.

Futuro longa

Lara Carvalho, ao lado da produtora Flávia Santana, acaba de ter o projeto de longa metragem Até o Amanhecer contemplado no Brasil CineMundi, evento de co-produção organizado pela Mostra de Cinema de Belo Horizonte.

“O filme está em gestação há bastante tempo, de forma totalmente independente. Nos últimos dois anos, senti que ele estava pronto para ir para o mundo e começarmos a captação. Tenho a sorte de contar com duas produtoras executivas incríveis, Georgia Kirilov e Flávia Santana, que entraram de cabeça no projeto comigo. É o meu segundo longa-metragem, sendo o primeiro de ficção e se passa em Canudos, no sertão da Bahia ", explica Lara.

“O Brasil CineMundi foi a primeira participação do filme em um encontro de negócios. Tivemos a oportunidade de nos reunir com players (potenciais co-produtores) de diversos países para apresentar o projeto, que foram muito receptivos e generosos com suas partilhas, oferecendo perspectivas distintas para a captação de recursos para produção e pós-produção do longa. O prêmio certamente vai ser essencial para essa fase de captação de recursos e estamos confiantes de que será uma grande contribuição para o projeto, algo que certamente o fortalecerá até a hora dele chegar nas telas", comemora a diretora.

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