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Festival de Brasília: quatro filmes de realizadores baianos passam pelo universo infantil

Filmes baianos ganham destaque no festival

Por Rafael Carvalho*

07/12/2024 - 5:40 h
Imagem ilustrativa da imagem Festival de Brasília: quatro filmes de realizadores baianos passam pelo universo infantil
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Uma garotinha negra, da periferia de Salvador, adora ler e escrever histórias e pensamentos em um caderno, compartilhando suas narrativas com o irmão mais novo. É a interação entre eles que compõe a narrativa do curta baiano A Menina que Queria Voar, da realizadora Tais Amordivino. O filme foi apresentado na 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, dentro da Mostra Festivalzinho, dedicado ao público infanto-juvenil.

Produzido pela Ori Imagem e Som, o curta se baseia nas memórias da própria realizadora. “A personagem Lila e o filme surgem olhando para dentro de mim”, revelou Amordivino ao A TARDE.

“Eu sempre fui uma criança muito livre, de brincar na rua, de jogar bola, mas também de criar poesias. Eu escrevia muito, então criei essa personagem olhando também para mim, uma menina preta que escrevia em seu caderno mágico e, com isso, viajava mundos”, complementou.

Lila revela seu desejo inocente de querer voar ou de pilotar um foguete e isso a faz fabular diante da realidade periférica onde vive – o filme não deixa de denunciar a violência do Estado perpetrada contra a população negra. “Mas é um filme sobre sonhar, uma homenagem às escritoras e escritores pretos que costuram as linhas do mundo com sua poesia. E para todas as crianças pretas que, assim como Lila e seu irmão, precisam cultivar o sonho”, afirmou a cineasta.

O curta se passa e foi inteiramente filmado no bairro do Cabula, exatamente onde a diretora morou por 18 anos de sua vida. Ela contou que retornar ao lugar foi importante para as pessoas se reconhecerem na tela e também para gerar retorno financeiro pelos serviços prestados pela comunidade durante a realização das filmagens. “Tem um lugar de pertencimento e de vivência voltar a esse lugar”, concluiu.

Doce vida dura

Já o curta Néctar do Tempo, de Pedro Rodrigues, muda completamente de cenário e perspectiva, mas observa a vida de um homem negro, seu trabalho e lutas cotidianas. Trata-se de Seu Paraíba, um apicultor que vive na Ilha de Vera Cruz, próximo a Itaparica, e produz mel de forma artesanal.

“Conheci Seu Paraíba em Vera Cruz, terra do meu pai. Ele mora em uma casa de beira de estrada, longe de outras casas, já entrando na mata. Um dia fomos visitá-lo e ele me contou tudo sobre apicultura e me falou sobre a sua história de vida. Nesse momento, percebi que ele merecia esse registro. É um senhor muito comunicativo, educado e com uma trajetória muito bonita”, afirmou o jovem realizador.

O filme foi apresentado dentro da programação do V FestUni – Festival de Cinema Universitário, voltado para filmes feitos por estudantes de cinema. Pedro concluiu o curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), em Cachoeira, e Néctar do Tempo é seu filme de conclusão de curso.

O filme apresenta não apenas o pensamento de mundo de Seu Paraíba e a escolha em viver naquele ambiente inóspito, afastado dos centros urbanos, mas também seu trabalho. “Ele mesmo nos indicou o período em que os favos de mel estariam carregados e nós nos organizamos para filmar esse processo da retirada do mel”, pontuou Rodrigues.

Preta e pioneira

A cineasta baiana radicada no Rio de Janeiro, Mariana Jaspe, já havia apresentado o longa-metragem Quem é Essa Mulher? em outros festivais, mas a obra compõe muito bem a mostra ‘A Formação dos Brasis’, voltada para filmes que refletem sobre temas socioculturais que de alguma forma ajudaram a forjar a nação brasileira. O filme resgata a história de Maria Odília Teixeira, a primeira mulher negra a se formar em Medicina na Bahia, o que em si já explica a inclusão desse filme na mostra.

A narrativa se costura através da pesquisa de mestrado da historiadora Mayara Priscilla de Jesus. É ela quem acompanhamos no documentário, revisitando os passos de sua investigação em busca dos vestígios e informações sobre Maria Odília, que nasceu em 1884, quatro anos antes da abolição da escravidão, filha de uma ex-escravizada.

“A produtora Fernanda Bezerra me chamou para fazer um filme sobre Maria Odília e Mayara ia ser apenas a pesquisadora. Mas eu percebi que o verdadeiro filme estava ali no encontro entre essas duas mulheres, com seus pontos de contato e de afastamento”, explicou a diretora.

Assim, Quem É Essa Mulher?, além de apresentar ao espectador a trajetória de vida dessa mulher pioneira, antes e depois de se formar, também se debruça em acompanhar o esforço de pesquisa de Mayara e também sua família, suas vivências e anseios como mulher negra. “A melhor maneira de contar a história de Odília é espelhar sua história no tempo presente, na história de Mayara, que foi quem encontrou Odília. É também um filme sobre rememorar, então eu queria colocar no filme Mayara encontrando as pessoas que nos ajudaram a desvendar essa trajetória, tecendo essas memórias”, arrematou Jaspe.

Contracultura baiana

Também o cinema clássico tem lugar dentro da programação do Festival de Brasília. O evento exibiu a cópia restaurada de Meteorango Kid – Herói Intergalático (1969), obra irreverente e iconoclasta, em sintonia com a produção do Cinema Marginal feito à época. O longa foi premiado no Festival de Brasília há 55 anos com o Prêmio do Público e o Prêmio Especial do Júri.

Emocionado, o veterano cineasta baiano André Luiz Oliveira, que vive em Brasília desde a década de 1990, apresentou a sessão, acompanhado de Maria Dora Mourão, diretora da Cinemateca Brasileira, e do produtor e cineasta Paulo Sacramento. Juntos, eles levaram adiante o projeto de restauro do filme.

*O jornalista viajou para Brasília a convite da organização do evento.

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