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ESTREIA

‘O Conde de Monte Cristo’ encontra equilíbrio entre profundidade dramática

Montagem segura e um roteiro coeso e fiel ao clássico

Por João Paulo Barreto

08/12/2024 - 7:32 h
Imagem ilustrativa da imagem ‘O Conde de Monte Cristo’ encontra equilíbrio entre profundidade dramática
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Obra adaptada diversas vezes para o cinema, O Conde de Monte Cristo, livro do francês Alexandre Dumas (1802 - 1870), cuja escrita secular se tornou notória pela sensação de regozijo advinda de sua recompensa no testemunhar da vingativa trajetória de seu herói protagonista, ganhou, em 2024, versão grandiosa pelas mãos dos diretores Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte.

Os cineastas são os roteiristas responsáveis pela não menos impactante duologia Os Três Mosqueteiros, lançada em 2023 e, aqui, assumem o desafio de dirigir essa nova adaptação.

O desafio, no caso, centra-se na busca pela conexão com uma audiência cada vez mais dispersa e fugaz, cujas respostas a produtos audiovisuais como longas metragens e que, por sua vez, exigem um maior comprometimento em sua imersão, são cada vez menores. Com ‘curtos’ 178 minutos, essa mais nova versão de O Conde de Monte Cristo, filme destaque da edição 2024 do Festival Varilux de Cinema Francês, é muito provável que o público demonstre certa resistência em se aventurar por aquela França do século XIX, quando a sombra napoleônica ainda pairava e a guerra civil não havia deixado de ser uma realidade.

Mas ao chamar sua metragem, evidentemente longa, de curta, a percepção clara de um roteiro bem engendrado se faz necessária de se registrar. Junto a uma trilha sonora orgânica que, perante os momentos de emoção que a obra exige, constrói um crescente que se soma ao ritmo intenso advindo da exata montagem que o filme de Delaporte e La Patellière possui, a sensação transmitida ao espectador é justamente a de um filme coeso, dinâmico e distante de qualquer impressão enfadonha por suas três horas de duração.

Ritmo afiado

Em visita ao Brasil, o diretor Matthieu Delaporte conversou com o jornal A TARDE e comentou essa opção de manter o corte final com três horas e que, mesmo alcançado tal metragem, ainda sentiu falta de trechos que caíram na montagem. "Foi difícil compactar toda a história em três horas. Cortamos até coisas que eu gosto muito. Mas a obsessão que tínhamos era a de pegar o público pela mão e não soltar mais. A ideia era não ser complacente com as imagens em nosso filme. E cada vez que sentíamos que o filme estava menos magnético, era justamente quando tinha que cortar", relembra Delaporte.

“Lembro que cortamos uma parte do filme que tinha um ator do qual eu gosto muito. Mas essa cena o tornava mais lento. E o cinema é como a música. Pensamos esse filme como uma ópera que precisa prender o público e não soltar mais. Nós nos concentramos em fazer um filme épico, mas, ao mesmo tempo, íntimo", explica o diretor e roteirista.

Tal aspecto intimista de sua obra, claro, vem do drama vivido por seu protagonista, o íntegro Edmond Dantès (Pierre Niney), que, injustamente acusado de conspiração política, é, no dia do seu casamento, preso e sentenciado à morte.

O que ninguém sabe é que, levado vivo para uma ilha-prisão, o homem consegue escapar, mas não sem antes conviver por anos com o Abade Faria, que lhe confidencia o local secreto onde um tesouro foi escondido. No drama de Dantès em ter sido privado da mulher de sua vida e de sua própria existência de modo tão brutal, o citado lado intimista da obra se evidencia. Na atuação de Niney, bem como na de Anaïs Demoustier, que vive sua amada Mercédès Herrera, muito dessa característica do filme em manter um drama humano bem cadenciado junto à grandiosidade de sua história, se faz presente.

“A ideia era ficar nos sentimentos e manter essa intensidade dramática o tempo todo. Dissemos para os atores não terem medo de demonstrar emoção. Porque, na França, às vezes, os atores ficam contidos. E nós dissemos a eles para se entregarem. Muitas vezes, os atores, na França, mantêm sua atuação em um segundo grau. E eu queria o oposto. Queria o primeiro grau. Algo para ser forte no sentimento", explica o co-diretor que, dinâmico em seus trabalhos, também, já dirigiu, também filmes cômicos.

“Adoro a comédia, fiz muitas. Mas, dessa vez, não era uma comédia. Tem personagens que trazem humor, como o de Danglair, mas é um humor frio. São algumas gotas", pontua Matthieu Delaporte.

Vilanesco traidor

Vivendo o vilão Danglars com uma mescla de ameaça e pragmatismo, o ator franco-português Patrick Mille criou um antagonista cujo peso de sua atuação o torna um típico personagem que causa ao público certa repulsa, mas, ao mesmo tempo, uma atração mórbida. Também em visita ao Brasil, Mille conversou com o jornal A TARDE e falou sobre a composição do seu antagonista.

“No roteiro, tem uma coisa muito importante que é o fato do Danglars, ao contrário do livro do Dumas, ser o capitão do barco. No livro, ele é o contador. Mas, no filme, ele é o capitão. Isso é uma coisa muito importante, porque vai dar uma dimensão tamanha a esse personagem do Danglars. Na cabeça dele, ele é uma vítima de uma injustiça, pois Dantès tomou seu posto de capitão. Danglars, depois disso, é descartado. E ele vê isso como uma injustiça por ter feito o seu trabalho, que era o de não parar para fazer um resgate ao mar durante um período de guerra civil, pois podia ser uma armadilha. Todos diziam sobre o risco de parar para ajudar alguém ao mar. E é exatamente isso que Dantès faz. Então, já tinha esse desenvolvimento na história", analisa Mille.

O aprofundamento na psique de Danglars, no intuito de entender suas motivações, trouxe a Mille uma forma de ver as nuances de seu personagem de maneira não a justificá-las, mas, sim, compô-las de maneira orgânica.

“Para o meu trabalho de ator, é uma coisa que eu queria compreender. Não é defender ou desculpar o comportamento do Danglars, mas, sim, compreender a razão dele ser tão mal, dele ser tão violento. Eu achei esse caminho. Inventei uma infância dele em uma história bem nutrida. Nos livros do Jack London, com temas de navegação, quando temos um personagem muito duro, muito violento, isso muitas vezes vem da infância, que foi, também, violenta e horrível. Então, eu imaginei isso", destaca Patrick Mille.

Com a citada recompensa ao espectador diante da vingança fria e calculista de seu protagonista, que constrói uma estrutura gradativa de destruição de seus traidores algozes do passado, O Conde de Monte Cristo entrega uma narrativa que, de fato, do mesmo modo que descreveu seu diretor, leva sua audiência pela mão até o último momento. Assim, é ótimo quando encontramos uma peça de entretenimento audiovisual de três horas de duração que alcança resultados semelhantes aos do seu magnético original literário.

O Conte de Monte Cristo (Le Comte de Monte-Cristo) / Dir.: Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte / Com Pierre Niney, Anamaria Vartolomei, Vassili Schneider, Anaïs Demoustier, Julien de Saint Jean, Laurent Lafitte, Julie de Bona, Bastien Bouillon, Patrick Mille/ Salas e horários: cinema.atarde.com.br

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