Surge um ultramaratonista em menos de dois anos
Eletrotécnico acompanhava a mulher e virou atleta
Da noite pro dia um simples eletrotécnico, que vivia a rotina do seu trabalho e uma vida sem maiores aventuras, passou de acompanhante da sua esposa, Paula Cardoso, numa prova de atletismo nas areias de Stella Mares, para um ultramaratonista, de provas de longa duração.
Essa história de Argeu Ribeiro Cardoso, precisa ser contada desde o início da sua transformação, pois poucos acreditariam que um eletrotécnico poderia, com idade acima dos 30 anos, virar um corredor de provas de longa duração, um verdadeiro ultramaratonista.
Corrida nunca foi um hobby que passou pela cabeça de Argeu. Ele tinha outras prioridades. Mas, casado com Paula Cardoso, ele tinha, em casa, um exemplo de uma atleta.
A esposa, que começou fazendo corridas de 5 km na areia, agora já ultrapassou a casa dos 15 km e pelo ritmo, pode ser que a família acabe ganhando mais um atleta ultramaratonista.
Enquanto isso não acontece, Argeu disse que a mulher é um grande apoio que ele tem nas provas, sendo batedora e até acompanhante em certos trechos das competições.
Lembrando que essa história de Argeu começou em novembro de 2021 e uma semana depois ele já tinha corrido duas provas de 10 km cada. Mas o futuro atleta não parou por aí e em fevereiro de 2022 participou de uma meia maratona (21 km) e foi aumentando gradativamente suas distâncias para, 26, 30 e 36 km.
Ele começou a acompanhar os integrantes do clube Brutos de Stella, que já faziam 100 km e Argeu achava, no início, que eles eram malucos. “Depois, quando eu vi já estava tomado pelo desejo das corridas e pensei que eu podia também alcançar essa meta, pois nada é impossível, quando a gente quer alguma coisa. O ser humano é ilimitado”, desabafou o ultramaratonista.
Quando chegou o dia da Maratona de Salvador Argeu disse que Rubia Daniela, do Brutos de Stella, tinha uma inscrição pra ele e perguntou qual a distância que ele ia correr. Pra surpresa geral ele disse que ia fazer a maratona completa (42 km).
“Eu tinha um tênis comum, de academia, pois eu era um simples corredor amador e não conhecia detalhes de uma maratona. Com a ajuda dos Brutos de Stella, especialmente de Rogério Reis, fiz uns treinos nas dunas antes, para criar resistência e parti pra luta, vencendo esse desafio. Concluiu a prova em 3h22minutos.
“Um mês depois participei do meu primeiro Desafio 4 Faróis e me inscrevi nos 50 km. Faltando cerca de 15 dias pra prova, avisei a organização que iria pegar a medalha em Praia do Forte, o que significava mudar a inscrição para os 100 km”, disse Argeu.
Nessa primeira edição ele foi “devagarzinho”, como ele próprio confessa e completou a prova em 14 horas. Esse desafio ele conseguiu com apenas nove meses do início da sua nova vida, como ultramaratonista. Foi o tempo de surgir uma nova pessoa, um novo Argeu, que aos 38 anos agora é chamado de atleta ultramaratonista.
Ele sempre teve vontade de praticar um esporte e fazer parte de um grupo organizado, para desenvolver suas habilidades. Mas não pensava que esse esporte seria a corrida. Mas agora esse esporte virou uma paixão e um desafio. Segundo Argeu, ele gosta de ser desafiado e na corrida encontrou essa motivação.
Esse ano Argeu participou da sua segunda edição do Desafio 4 Faróis–100 km e conseguiu chegar em segundo lugar. Poderia ter sido melhor, segundo ele, mas durante os treinos preparatórios ele vinha sentindo algumas câimbras e para evitar isso durante a prova, manteve um ritmo mais moderado, gastando 11 horas.
Para se preparar para esses desafios, Argeu disse que segue, à risca, a planilha do seu professor. “Cumpro, religiosamente, as orientações sobre a quantidade de quilômetros que devo correr por dia, como me alimentar, como me cuidar e tudo o que ele manda fazer”, disse.
Sobre a alimentação, o ultramaratonista disse que faz uso de muitas raízes, aipim, batata, inhame, suco de beterraba com cenoura e gengibre. Come muitos ovos cozidos, dentre outras coisas indicadas pelo professor.
Pra mostrar que ser ultramaratonista tem um pouco de loucura, Argeu lembra que ele saiu do nada para corredor de provas de longa duração em menos de dois anos e no meio disso resolveu fazer uma prova de velocidade, o que muda completamente o treino. O objetivo, segundo ele, era subir no podium de uma competição diferente.
E isso aconteceu. O professor mudou completamente o esquema de treinamento do atleta que saiu de 100 km (resistência), para uma prova de apenas 5 km (velocidade). O resultado foi um podium em terceiro lugar, no Circuito Banco do Brasil, com 3 mil atletas e a realização de um desejo.