A tragédia do Rio Grande do Sul e a consciência cidadã
Confira a coluna ACB em Foco
Desde o começo deste mês, a tragédia no Rio Grande do Sul sensibiliza e comove a todos nós, cidadãos brasileiros. A dimensão das enchentes é avassaladora e, de forma trágica, tem custado a perda de muitas vidas humanas, além dos prejuízos econômicos incalculáveis para cidadãos, famílias, empresas e também para o Estado.
O momento é de total solidariedade e mobilização para oferecer apoio e acolhimento às populações fortemente atingidas pelas enchentes. As ações promovidas pela sociedade civil, como doação de água mineral, roupas, produtos de higiene e alimentos, oferta de serviços e voluntariado, são muito necessárias e demonstram o sentimento de pertencimento e unidade que existe na sociedade brasileira.
Mas, diante da repetição destes fenômenos, precisamos aproveitar o calor do momento para também fazer, desde já, uma profunda análise e reflexão dos erros históricos, corrigir os rumos das políticas públicas e buscar ações preventivas realmente eficientes para evitar novas catástrofes. Ou então, continuaremos a acompanhar angustiados as cenas que hoje assistimos nas tvs e vivendo as incertezas e insegurança com o futuro.
Realmente é mais fácil culpar a natureza e o governo por este e quase todos os demais desastres naturais, como se nada disso fosse da nossa conta. Mas este argumento precisa ser substituído pelo eu responsável, o eu atitude, o eu transformador. Deixar tudo nas mãos do governo, sem exercer a nossa democracia participativo, é um erro.
As políticas estruturantes do Estado brasileiro precisam ser tratadas como agenda comum dos governos, da sociedade civil organizada e das entidades representativas dos setores produtivos, que também possuem conhecimento, ferramentas e capital para participar democraticamente das discussões e implementação destas transformações.
Não podemos descartar as ações imediatas. Mas o planejamento de longo prazo, com políticas públicas responsáveis e bem estruturadas é indispensável para a sustentabilidade e estabilidade econômica da nação. E tudo isso precisa ser encarado por todos.
Como venho divulgando intensamente, o nosso envolvimento neste movimento de transformação social e econômica começa com o aprendizado e exercício da consciência cidadã participativa transformadora. Desenvolver uma inteligência cidadã que nos leve a saber participar das decisões que impactam nosso futuro, e não deixar os rumos do país apenas nas mãos das políticas partidárias e ideológicas, dependendo das vontades de governos transitórios. Precisamos de planejamento de Estado, com a participação de todo povo brasileiro, de quem emana o verdadeiro poder.
Justamente com este entendimento e propósito, o Núcleo de Sustentabilidade da Associação Comercial da Bahia (ACB) e o Instituto Brasileiro de Direito e Sustentabilidade (IbradeS) se uniram para realizar o Segundo Congresso Brasileiro de Direito e Sustentabilidade, que acontece em Salvador, nos dias 16 e 17 deste mês.
Assim como na edição anterior, o congresso vai mostrar a necessidade de governos, sociedade civil e empresas trabalharem juntos pelo aprimoramento e modernização das instituições democráticas, da Constituição e da Política Nacional do Meio Ambiente, abrindo um caminho de desenvolvimento econômico em sintonia com a manutenção do equilíbrio da natureza, em um ambiente de livre iniciativa, inovação, e indução de políticas públicas seguras e consistentes.
Já a sede da ACB, no bairro do Comércio, segue recebendo doações para as vítimas da enchente no Rio Grande do sul.
Vamos participar!
*Paulo Cavalcanti é presidente da Associação Comercial da Bahia