As lideranças produtivas e a transformação das anomalias políticas brasileiras
Confira a coluna ACB Em Foco
Diferentemente de países como os Estados Unidos, onde o lobby é institucionalizado e dá voz aos grandes temas de desenvolvimento socioeconômico, no Brasil, temos uma elite política que faz as leis e segue concentrando o poder, mesmo que, historicamente, sem a devida eficiência, transparência e retorno social. Para transformar estas estruturas públicas ineficientes é urgente que as lideranças das classes produtivas despertem para a participação de forma unida e estratégica.
Combater essas anomalias requer organização e ação coletiva e suprassegmental das instituições dos setores produtivos, como confederações, federações, associações, sindicatos e outras entidades. Se pensarmos em atribuir estas demandas apenas a uma determinada elite econômica, perpetuaremos a desconexão que enfraquece nossa capacidade coletiva. Assim, é preciso ainda aumentar nosso efetivo e incluir, por exemplo, os “empresários raiz” – aqueles que enfrentam desafios diários na informalidade.
Em 2024, a reforma tributária mostrou que mudanças estruturais só vão ocorrer com mobilização e unidade entre empresários e lideranças associativistas. Agora, precisamos pautar um desafio ainda maior: uma reforma administrativa que aborde o peso do Estado, os distorcidos benefícios de muitos servidores e a ineficiência dos serviços públicos. Mesmo que tratada como “mexer em um vespeiro”, essa reforma interessa a todos e é fundamental para a sustentabilidade do Brasil, pois a ineficiência pública afeta a vida dos mais vulneráveis e impacta os investimentos daqueles que sustentam a máquina pública.
É urgente que essas lideranças atuem como interlocutoras entre o setor produtivo e as frentes parlamentares, criando e apoiando leis que beneficiem todos os brasileiros. Só assim conseguiremos aprovar pautas estruturais, como as regulamentações tributárias e a reforma administrativa, essenciais para corrigir distorções políticas e econômicas.
Nosso contexto político é marcado por uma elite que legisla para perpetuar-se no poder, concentrando privilégios e negligenciando eficiência e interesse público. Precisamos reverter este cenário e garantir que a criação de leis seja um instrumento de transformação para todos os cidadãos, e não uma ferramenta de autopreservação de um sistema político ineficiente.
Quando as lideranças das classes produtivas entenderem que a união é a chave, poderemos transformar essa realidade. Assim, fortaleceremos as instituições que nos representam, apoiaremos frentes parlamentares comprometidas com pautas estruturantes e, principalmente, traremos para esse movimento todos os empresários, formais e informais, que enfrentam os desafios de produzir em um País complexo como o nosso.
A Associação Comercial da Bahia, como secular espaço de articulação e liderança, convida todos os setores produtivos a participarem dessa luta. Nossa missão é promover uma nova cultura de cidadania participativa, onde cada ator produtivo compreenda seu papel na transformação do Brasil. O momento exige visão estratégica, união e atitude. A força de nossa classe produtiva pode e deve ser a força de aglutinação do Brasil.