Construindo pontes
Confira a coluna ACB em Foco nesta quarta-feira, 19

A história da Bahia é feita de encruzilhadas: entre o mar e a terra, entre a conquista e a resistência, entre o comércio e a política. Desde o século XVI, Salvador foi palco de episódios decisivos, da fundação da capital à invasão holandesa de 1624, quando se revelou peça estratégica no xadrez do Atlântico. Nesse contexto, já despontava a consciência de que os destinos da província não se decidiriam apenas no campo militar, mas também na organização da vida econômica e na capacidade de articulação de seus agentes. Foi dessa tradição que nasceu, em 1811, a Associação Comercial da Bahia, a mais antiga entidade do gênero no País, símbolo da força de uma classe mercantil que sabia que prosperidade e soberania exigem instituições sólidas.
Ao longo do século XIX, a Bahia não foi coadjuvante, mas protagonista. Como lembrava Braz do Amaral, a independência não se resume ao grito do Ipiranga, mas à luta sangrenta travada nas ruas de Salvador e em seu Recôncavo, onde o povo se sacrificou pela liberdade. A Associação Comercial, nascida desse mesmo ambiente, soube representar interesses privados e, ao mesmo tempo, erguer-se como espaço de diálogo e de pactos coletivos. Sua sede monumental no Comércio, de frente para a Baía de Todos os Santos, é mais que arquitetura: é monumento vivo, testemunha da força simbólica de uma entidade que atravessou impérios, repúblicas e crises, mantendo-se como referência de estabilidade.
Hoje, a entidade continua a cumprir essa vocação. Em tempos de globalização assimétrica e de urgências locais, a ACB reafirma seu papel como ponte entre governo, sociedade e setor produtivo. Sob a presidência de Isabela Suarez, a Associação recupera o sentido original de sua fundação: articular convergências. Sua liderança tem se destacado pela capacidade de diálogo interinstitucional, pela abertura ao debate sobre sustentabilidade, inovação e comércio exterior, e por compreender que desenvolvimento não se constrói no isolamento, mas na soma de esforços.
Num mundo em que prevalecem fragmentação política e disputas estéreis, a Associação Comercial da Bahia mantém viva a lição de sua própria história: a Bahia só cresce quando sabe mediar, negociar e criar consensos. Isabela Suarez não representa apenas uma continuidade administrativa, mas a atualização de um legado. Através dela, a mais antiga associação mercantil do Brasil se projeta no futuro, honrando sua tradição de guardiã da memória e, sobretudo, de sentinela do desenvolvimento econômico e social da Bahia.
Zilan da Costa e Silva é vice-presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB)
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