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ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 14 de maio de 2025 às 2:40 h | Autor:

Da abolição à responsabilidade de construir um Brasil com pertencimento

Colunista Paulo Cavalcanti comenta sobre o 13 de maio e a sua importância

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Paulo Cavalcanti, presidente da Associação Comercial da Bahia
Paulo Cavalcanti, presidente da Associação Comercial da Bahia -

Em 13 de maio de 1888, o Brasil assinava a Lei Áurea e abolia oficialmente a escravidão. Um marco jurídico de grande simbolismo, mas limitado em seus efeitos práticos: não houve inclusão social, acesso à terra ou reparação. No ano seguinte, a monarquia caiu e a República foi proclamada com apoio de militares e de uma elite rural ressentida com o Império, que buscava preservar seus interesses sob outra forma de governo.

Esse recorte histórico nos convida a uma reflexão profunda: o Brasil não nasceu como projeto coletivo de nação, fundado no pertencimento e compromisso mútuo. Muitos vieram forçados, como os africanos escravizados; outros, fugindo de guerras e crises, sonhavam com o retorno à terra natal. Poucos vieram para ficar, transformar e se enraizar.

Essa herança segue viva. No século XXI, milhões de brasileiros ainda desejam sair do País em busca de outras cidadanias e oportunidades. Isso revela um dado inquietante: ainda não despertamos, como povo, um sentimento pleno de pertencimento, unidade e responsabilidade com o nosso próprio futuro.

Enquanto isso, quem fica e sustenta o País? A classe produtiva brasileira — que gera riqueza, paga impostos, mantém empregos e garante o funcionamento do Estado e da sociedade. São empresários e empreendedores que enfrentam, diariamente, a concorrência nacional e internacional, a instabilidade econômica, a burocracia estatal, a insegurança jurídica e, ainda assim, seguem firmes, sustentando famílias, empresas e comunidades.

A produção de riqueza não se opõe à cidadania. Ao contrário: é aliada dela. Concorrer no mercado não elimina o dever de contribuir para uma sociedade melhor. É justamente quem investe, emprega e contribui que possui legitimidade e capacidade para liderar um novo ciclo de consciência cidadã no Brasil.

Isso não significa renunciar à busca por metas, lucros e competitividade. Significa, sim, incorporar o compromisso com o fortalecimento do pertencimento cívico, superar polarizações vazias e valorizar direitos universais.

Essa precisa ser uma agenda de país. Um Brasil com segurança pública eficiente, educação de qualidade e saúde acessível será um país melhor para viver, trabalhar, empreender e gerar riquezas. E, paradoxalmente, são justamente os que mais contribuem — pagando uma das maiores cargas tributárias do mundo — os que mais arcam com a precariedade desses serviços, sendo obrigados a pagar duas ou três vezes por aquilo que o Estado não oferece de forma digna. Não se trata de capricho ou idealismo: trata-se de responsabilidade com um Brasil mais justo, estável e promissor.

A Constituição de 1988 ofereceu as bases. Mas a democracia não é autossustentável. Não é um ser autônomo, onipotente ou que se move sozinho. Exige participação consciente, compromisso coletivo e maturidade institucional. A evolução do pacto social e o equilíbrio entre direitos e deveres só virão com a participação ativa da sociedade civil e, especialmente, das organizações produtivas.

O Brasil precisa de cidadãos que assumam o dever de construir esta pátria com consciência e pertencimento. E é justamente quem já a sustenta que tem condições de liderar essa transformação.

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