Dia Nacional do Associativismo é debatido no Congresso Nacional
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Em sessão marcada por discursos contundentes e um chamado à unidade e participação, a Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados realizou, ontem, uma audiência pública para debater a proposta de criação do Dia Nacional do Associativismo, sugerido para 15 de julho, data da fundação da primeira entidade empresarial do Brasil, a Associação Comercial da Bahia (ACB), em 1811.
Proposta pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE), a audiência foi articulada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), com a participação de lideranças de diversos estados. O parlamentar destacou que o associativismo é um vetor de transformação para a economia nacional.
“A colaboração e o compartilhamento de experiências entre empreendedores potencializam a capacidade de enfrentar desafios, explorar novas oportunidades e desenvolver soluções inovadoras que beneficiam toda a sociedade”.
O presidente da ACB, Paulo Cavalcanti, discursou em defesa do associativismo como berço da consciência cidadã participativa no Brasil. Ele destacou que a entidade não apenas foi pioneira na representação empresarial, mas também atuou historicamente como promotora de serviços públicos essenciais, desde a criação da primeira Guarda Municipal à importação de bombas para combate a incêndios no Pelourinho, passando pelo financiamento da Guerra do Paraguai e a fundação da primeira escola de contabilidade do País.
“A ACB é a mãe do associativismo no Brasil. Foi a partir dela que surgiram soluções cívicas espontâneas para desafios que o Estado não conseguia resolver. Cidadania não é apenas votar. Cidadania é participar, construir, exigir. E o associativismo é a ferramenta mais eficaz para isso. Precisamos resgatar a consciência cidadã participativa e transformar nossa presença social em força política permanente”, afirmou Cavalcanti.
Ele também criticou a fragmentação das entidades representativas empresariais que, como analisou, tem enfraquecido o diálogo com o Estado. “A ACB já foi elevada por decreto à condição de conselheira da República do Brasil. Hoje, estamos dispersos. Precisamos retomar a unidade que nos deu força.”
Presidente da Federaminas, Valmir Rodrigues compartilhou sua trajetória pessoal de dificuldades superadas com o apoio do associativismo. “Vim do interior de Minas (Gerais), vendi um guarda-roupa para buscar oportunidades e foi numa associação comercial que encontrei o caminho para empreender. Hoje, gero empregos e trago comigo a convicção de que o associativismo é um ambiente de ideias, acolhimento e transformação.”
Ao fim do encontro, ficou claro o consenso entre os participantes de que a instituição do Dia Nacional do Associativismo não é apenas uma homenagem, mas um gesto de reconhecimento e um chamado à mobilização da sociedade civil organizada.
“Mais do que uma comemoração, o Dia Nacional do Associativismo é o reconhecimento do papel histórico e atual das associações comerciais na construção de um ambiente empresarial mais justo, competitivo e comprometido com o desenvolvimento sustentável do País”, disse Alfredo Cotait, presidente da CACB.
A proposta segue agora para tramitação formal na Câmara dos Deputados, em cumprimento à Lei 12.345/2010, que exige debate público para a criação de datas comemorativas nacionais.