Em uma democracia, onde todo poder emana do povo, a maioria decidiria
Confira a coluna ACB em Foco desta quarta-feira
O momento que vivemos é histórico e assombroso para todos nós, cidadãos com maturidade cívica e o mínimo de conhecimento do que significa viver em sociedade, com consciência cidadã e política, que sabe dos seus direitos e deveres previstos na nossa constituição. É um cenário que nos leva a perceber mais do que nunca que necessitamos transformar nossa cultura se quisermos realmente escolher o que é o melhor para todos nós. Ou então, seremos obrigados a viver sob as barbares que decidiram em nosso nome.
Vivemos um momento no qual afirmar que estamos em um regime democrático soa quase como um contrassenso. A maioria dos brasileiros, infelizmente, não compreende o verdadeiro significado da cidadania. Muitos não exercem seus direitos e, ainda pior, não têm noção do poder de transformação que isso representa. Vivemos em uma época marcada pela "inocência cidadã", onde a sensação de pertencimento e unidade é quase inexistente.
No entanto, não podemos apenas apontar o dedo para os cidadãos comuns. Nós, da sociedade civil organizada, especialmente as entidades empresariais, também temos nossa parcela de responsabilidade. Permitimos e, por consequência, perdemos não só espaço, mas também valor e voz na arena pública. Nos afastamos equivocadamente da política pública, e, por falta de maturidade cidadã, sofremos com o que podemos chamar de "analfabetismo da inteligência cidadã", o que nos leva a não exercer a força das nossas escolhas democráticas.
Essa lacuna no conhecimento se manifesta em diversos aspectos da nossa sociedade. Não compreendemos nossos direitos constitucionais, em grande parte porque não tivemos a oportunidade, e tampouco promovemos o aprendizado e empoderamento do nosso povo. A maioria dos cidadãos não acredita que o setor público lhes pertence, e muitos veem os servidores públicos eleitos pelo nosso voto direto como alguém que está nos prestando um favor, e não cumprindo um dever. Esse cenário revela uma triste verdade: desconhecemos nosso pacto social, a nossa constituição cidadã.
Alerto e reitero a urgência de compreendermos a necessidade de nos mobilizarmos. Precisamos avançar no fortalecimento da consciência cidadã e da participação transformadora, para que possamos resgatar a essência da democracia e do regime democrático no qual afirmamos viver.
Nesse momento, todo indivíduo, seja do setor público ou privado, empresário ou empregado, deve conhecer seu poder de participação nas tomadas de decisão. E cabe às organizações da sociedade civil, entidades de representação empresarial, associações de classe, se enxergarem como uma minoria com capacidade para transformar essa realidade, despertar e propagar o pensamento crítico, o conhecimento, a informação, a luta contra as polarizações.
Vamos juntos fortalecer nossas ações e devolver o sentimento de pertencimento e unidade para a nossa sociedade? É com a prática da inteligência cidadã que construiremos um real Estado Democrático de Direito e nos tornaremos uma nação capaz de refletir as nossas verdadeiras vontades.