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ACB em Foco

Por Redação

ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 15 de outubro de 2025 às 2:13 h | Autor:

O assistencialismo que aprisiona e a inteligência cidadã que liberta

Coluna ACB em Foco desta quarta-feira, 15

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Paulo Cavalcanti, presidente do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia
Paulo Cavalcanti, presidente do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia -

O que chamo de falta de inteligência cidadã, e também de baixa autoestima cidadã, pode ser percebido com clareza quando observamos o fenômeno do assistencialismo no Brasil.

Por ser uma questão sensível, é prudente esclarecer inicialmente que não sou contra ajudar quem realmente precisa. A Constituição Federal Brasileira garante amparo social e, como cidadão, acredito que existe um dever moral de socorrer quem enfrenta fome, doença, desemprego, abandono ou tragédias familiares. Ajudar o próximo é um ato de dignidade humana, antes de ser um gesto político ou religioso.

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O problema não está na ajuda em si, mas no desvirtuamento da ajuda. O que deveria ser um apoio temporário virou, para muitos, um modo de vida. O benefício assistencial, que deveria ser instrumento para a autonomia, transformou-se em fuga da responsabilidade, acomodação e dependência.

Essa distorção é reflexo direto da falta de inteligência cidadã — a incapacidade de compreender que a cidadania plena exige corresponsabilidade. Quando o cidadão delega tudo ao Estado e se contenta em ser tutelado, abdica da própria liberdade e da própria potência. Não há emancipação possível sem esforço individual, trabalho e consciência coletiva.

Na história da humanidade, o progresso sempre nasceu do trabalho e do senso de utilidade. Não nos faltam exemplos de homens e mulheres, ricos ou pobres, com fé ou sem fé, que dedicaram suas vidas a servir, criar, educar, empreender, curar e transformar. Porque servir dá propósito à vida. O ser humano precisa se sentir útil para preservar sua dignidade.

Agora, vamos comparar esse espírito com a realidade que se espalha pelo Brasil: pessoas que recebem auxílio governamental e trabalham informalmente sem se formalizar, tratando o benefício como renda permanente, e não como apoio temporário. Pior: passaram a achar isso normal. Alguns chegam a afirmar, com orgulho: “Eu não vou trabalhar para os outros. Prefiro ficar em casa recebendo do governo”.

Isso não é justiça social. É colapso moral. É a negação da autoestima e da dignidade. É a morte do espírito de contribuição. O assistencialismo sem contrapartida gera uma sociedade apática, covarde e refém da própria dependência. O verdadeiro empoderamento não vem de esmolas, mas de oportunidades para que cada pessoa caminhe com as próprias pernas.

Por isso, a Associação Comercial da Bahia apoia e incentiva projetos de emancipação econômica e social, como o Projeto Marsúpio, que acolhe e orienta trabalhadores e trabalhadoras informais em sua jornada rumo à autonomia. Iniciativas como essa mostram que é possível unir acolhimento humano com responsabilidade coletiva.

Receber ajuda não é vergonha. Vergonha é acomodar-se na ajuda. Se realmente acreditamos em justiça social, precisamos devolver algo à sociedade: ensinar, cuidar, participar, contribuir. Porque o grande problema do Brasil não é falta de escola: é falta de espelho. Falta coragem para olhar para si mesmo e perguntar: “O que eu estou fazendo para ser parte da solução?”.

O trabalho engrandece. O ócio adoece. E o assistencialismo que humilha precisa dar lugar à inteligência cidadã que liberta.

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