Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > ACB EM FOCO
COLUNA

ACB em Foco

Por Samir Abdalla

ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 19 de novembro de 2025 às 11:00 h | Autor:

O imperativo do planejamento urbano nas grandes cidades

Confira coluna ACB em foco desta quarta-feira

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
Samir Abdalla, diretor da Associação Comercial da Bahia (ACB)
Samir Abdalla, diretor da Associação Comercial da Bahia (ACB) -

A urbanização acelerada constitui um dos fenômenos mais expressivos da contemporaneidade, impondo às grandes cidades desafios de ordem estrutural, social e ambiental de proporções inéditas.

A densificação populacional, a expansão desordenada das periferias e o colapso de sistemas essenciais — transporte, saneamento, habitação e segurança — evidenciam a insuficiência de um desenvolvimento urbano desprovido de racionalidade e visão de longo prazo. O geógrafo e intelectual Milton Santos destaca que o planejamento urbano se erige não apenas como uma ferramenta técnica, mas como um verdadeiro instrumento civilizatório.

Tudo sobre ACB em Foco em primeira mão!
Entre no canal do WhatsApp.

“Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro.” Essa máxima de Heródoto, evidencia a relevância de se analisar os acontecimentos históricos como forma de compreender as origens e as dinâmicas dos problemas contemporâneos, oferecendo subsídios para decisões mais assertivas e para a construção de um futuro pautado na consciência e no planejamento.

Planejar é antever. E, nas cidades, essa capacidade de previsão e ordenamento traduz-se na arte de compatibilizar interesses diversos — públicos e privados, coletivos e individuais — em prol do bem comum e da sustentabilidade do território.

O planejamento urbano, quando dotado de rigor técnico e respaldo político, é capaz de converter o caos em ordem, a improvisação em diretriz e a segregação em convivência harmônica. Entretanto, o que se observa, em grande parte dos centros metropolitanos brasileiros, é a prevalência de um urbanismo reativo, conduzido sob o signo da urgência e do imediatismo.

A captura do planejamento por interesses episódicos comprometem a coerência das políticas públicas e fragilizam a cidade como organismo vivo. O planejamento urbano não pode restringir-se à mera disposição geométrica de ruas e edificações. Ele deve abarcar dimensões mais profundas, perseguindo construção de cidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.

É imperioso, portanto, que o planejamento retome o lugar que lhe é de direito: o de pilar fundamental da governança urbana. Temos diante de nós a oportunidade de repensar nossa cidade. O momento de revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) representa uma oportunidade ímpar de enfrentar, com coragem e responsabilidade, os mais graves problemas urbanísticos.

Infelizmente, além dos desafios estruturais, Salvador ainda enfrenta um tipo de ambientalismo reacionário, pautado por interesses pessoais disfarçados de pureza ecológica idealizada. Trata-se de uma postura frequentemente desconectada da realidade socioeconômica e resistente a soluções inovadoras e tecnocientíficas, presa a um verdadeiro fundamentalismo ecológico.

Em síntese, é necessário promover o debate sobre a cidade com foco na sustentabilidade, na competitividade e na qualidade de vida, evitando que a visão de futuro de Salvador seja limitada por um movimento neo-ludista cada vez mais presente nas redes sociais. A ausência de planejamento é a antessala da decadência urbana; sua presença, o signo da maturidade civilizatória. Que Salvador projete seu futuro com lucidez e pragmatismo.

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.

Participe também do nosso canal no WhatsApp.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco