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ACB em Foco

Por Paulo Cavalcanti, presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB)

ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025 às 2:00 h | Autor:

Vaidade e inveja: armadilhas invisíveis que enfraquecem a união e o associativismo

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Paulo Cavalcanti, presidente da  Associação Comercial da Bahia (ACB)
Paulo Cavalcanti, presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB) -

Em um mundo onde a colaboração deveria ser a chave para transformações sociais, a vaidade e a inveja se infiltram silenciosamente, minando a força de movimentos associativistas e coletivos. Espaços nos quais deveria existir uma soma de esforços, muitas vezes se tornam palcos de disputas, não pela causa em si, mas pelo desejo de protagonismo.

No livro “A Inveja Nossa de Cada Dia: Como Lidar com Ela”, Joaci Góes aprofunda essa questão ao explicar como a inveja e a vaidade se retroalimentam. O invejoso deseja o que o outro tem, mas sua vaidade o impede de admitir isso. Já o vaidoso, ao buscar constantemente reconhecimento, pode despertar inveja nos que o cercam. Esse círculo vicioso cria barreiras emocionais que dificultam o apoio mútuo e a construção coletiva.

Quantas boas iniciativas já foram enfraquecidas não por falta de mérito, mas porque quem poderia apoiar escolheu se omitir? Quantos projetos benéficos à sociedade foram deixados de lado apenas porque sua visibilidade daria crédito a outro líder?

A inveja surge quando o sucesso do outro é visto como ameaça, e não como avanço coletivo. A vaidade, por sua vez, impede que muitos reconheçam o valor de algo que não leva sua assinatura. Quando esses dois sentimentos se alimentam mutuamente, o que deveria ser um espaço de construção se transforma em um campo de batalha silencioso, onde a maior preocupação não é o impacto social, mas quem ficará em evidência.

No associativismo, essa dinâmica é ainda mais perigosa. Líderes que deveriam estar unidos pela mesma causa se tornam rivais ocultos, cada um temendo que o brilho do outro apague o seu. Esquecem que a verdadeira liderança não se mede pelo destaque individual, mas pela capacidade de gerar transformação coletiva.

Joaci Góes sugere que a solução para quebrar esse ciclo está na humildade e no autoconhecimento. A humildade permite reconhecer e valorizar as conquistas alheias sem que isso afete a autoestima, enquanto o autoconhecimento ajuda a distinguir a legítima ambição do desejo destrutivo de superioridade.

Se quisermos fortalecer os movimentos associativistas no Brasil, é preciso irmos além do amadurecimento emocional e também despertar para o amadurecimento da consciência cidadã, com a qual poderemos romper esse círculo. Precisamos de lideranças que compreendam que ninguém constrói nada sozinho, que o mérito de um não diminui o outro, e que o verdadeiro reconhecimento não vem da autopromoção, mas do impacto gerado, que, com certeza, beneficiará a todos nós, brasileiros.

Quando tratamos de pautas de interesse nacional, o único compromisso deve ser com o bem comum. Grandes transformações sempre ocorreram quando indivíduos e grupos superaram vaidades e disputas pessoais para construir algo maior do que eles mesmos. O verdadeiro líder não se preocupa apenas com sua imagem, mas com o impacto e a transformação que pode gerar.

Reconhecer essa verdade exige autoconhecimento e o despertar da humildade, já que é sempre mais fácil enxergar a vaidade e a inveja nos outros do que em nós mesmos. Apenas quando deixamos de olhar para o próprio reflexo no espelho ou para o próprio umbigo conseguimos compreender que liderança não é sobre brilhar sozinho, mas sobre iluminar o caminho para todos.

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