Vote consciente agora, para não chorarmos juntos amanhã
Confira a coluna ACB em Foco
No próximo domingo, os cidadãos brasileiros vão às urnas para escolherem seus prefeitos e vereadores e, mais uma vez, uma grande parcela da população exercerá esse direito como um ato corriqueiro, sem refletir profundamente sobre o impacto de suas escolhas. Sem preparo para exercer plenamente sua cidadania, muita gente não percebe que a eleição dos gestores públicos afeta toda a sociedade, envolvendo questões como saúde e educação pública, mobilidade e moradia, segurança e violência.
A solução para os nossos problemas vai muito além do voto em si e requer a compreensão de que a verdadeira crise está na falta de inteligência cidadã, de participação consciente, do abandono do pensamento crítico. Como exemplo, cito o programa Bolsa Família que, criado com o nobre propósito de auxiliar famílias em situação de vulnerabilidade, vem sendo distorcido em sua aplicação. Ao invés de promover uma transição para a independência econômica, está servindo a uma geração que prefere permanecer nesta falsa zona de conforto, optando por não trabalhar, mesmo diante da oferta de emprego.
Trata-se de mais um sintoma de uma sociedade que sofre do analfabetismo sobre o que é cidadania, mantendo-se afastada da inteligência cidadã e dos sentimentos de pertencimento e autoestima, formando um povo sem perspectiva, que substitui o esforço pelo oportunismo, tornando-se cronicamente dependente do Estado.
Outro fenômeno alarmante neste contexto é o crescimento das apostas e jogos online, especialmente entre os jovens. Ao invés de lutar por um futuro digno por meio do trabalho, muitos escolhem depositar suas chances em um sistema que não promove o progresso real. É a consolidação de uma cultura oportunista, onde a esperteza é celebrada e o esforço coletivo é ignorado, criando um círculo de apatia e alienação.
Ao acreditarmos que nossa única função é votar, perdemos a oportunidade de acompanhar, cobrar e participar das decisões que nos afetam diretamente. Com isso, abrimos espaço para que a superficialidade e o oportunismo floresçam, tanto na política quanto no convívio social.
Precisamos retomar o caminho da evolução e voltar a nos aproximar dos princípios básicos para nossa sobrevivência coletiva. Votar é apenas o primeiro passo, não deve ser o único. Verdadeiras transformações ocorrem quando o cidadão se engaja de forma contínua na vida pública, aprendendo a questionar, participar, cobrar transparência e exigir políticas públicas que visem o bem comum. Não podemos ser meros espectadores enquanto o destino de nossas cidades é decidido.
As eleições são muito mais do que uma simples escolha entre candidatos; são escolhas sobre o tipo de sociedade na qual queremos viver. Queremos um município onde as pessoas se acomodam no assistencialismo, nas apostas e na busca pelo caminho mais fácil? Ou queremos viver em uma cidade onde o trabalho, a ambição e a dignidade cidadã sejam valorizados?
O momento é de repensarmos nossa postura como cidadãos e enxergamos o nosso papel social. A responsabilidade está em nossas mãos, e a escolha que fizermos no próximo domingo terá consequências diretas em nossas vidas e na de todos ao nosso redor.
Por tanto, vamos refletir: queremos seguir com benefícios imediatos, discursos fáceis e promessas vazias que nos levarão a seguir reclamando e chorando depois? Ou queremos a oportunidade de transformar?