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Por Luiz Teles

ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 06 de junho de 2024 às 17:21 h | Autor: Luiz Teles

Confiança em Paris

Confira a coluna do jornalista Luiz Teles

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Isaquias Queiroz na prova da canoagem C1
Isaquias Queiroz na prova da canoagem C1 -

Após um ciclo olímpico conturbado e cheio de incertezas, os dois principais atletas baianos da atualidade chegarão em Paris em seus melhores momentos desde os ouros conquistados por ambos em Tóquio-2020. Se de 2021 para cá Ana Marcela Cunha e Isaquias Queiroz impuseram mudanças radicais em suas carreiras, parece que a atitude corajosa, de quase um recomeço, dará frutos importantes para os multicampeões mundiais.

Começando por Ana Marcela, até o final da temporada passada poucos analistas esportivos achavam que a soteropolitana conseguiria uma reviravolta de performance a tempo de competir por medalha em Paris-2024. Ontem pela manhã, contudo, após um jejum de 22 meses sem vencer uma prova sequer, ela conquistou o ouro na prova olímpica de 10 km da etapa da Itália da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas.

O fim do tabu encerrou uma fase em que, apesar de ter conquistado a vaga olímpica e uma medalha de bronze nos 25km no Mundial do ano passado, o rendimento de Ana Marcela passava muito longe daquele de subidas consistentes ao pódio e liderança quase que permanente do ranking mundial. Tudo isso aconteceu após lidar com uma mudança de técnico e local de treinamentos (foi morar na Itália, trocando no ano passado o brasileiro Fernando Possenti pelo italiano Fabrizio Antonelli), além de passar por uma lesão grave no ombro, que culminou numa bem-sucedida cirurgia no final de 2022.

A vitória na etapa italiana da Copa do Mundo foi emblemática, pois Ana Marcela deixou para traz suas duas principais concorrentes em Paris-2024, a alemã Leonie Beck (campeã mundial de 2023) e a holandesa Sheron Van Rouwendaal (campeã mundial de 2022 e 2024).

Quase parou

Estafado mentalmente após 15 anos servindo a seleção brasileira de canoagem de velocidade, Isaquias Queiroz esteve perto de abandonar a carreira de atleta. Precisou de um ano sabático, deixando Lagoa Santa, cidade mineira que abriga o centro de treinamentos da equipe nacional, para morar na Bahia e curtir a família e o filho então recém-nascido, Luigi (já tinha Sebastian, hoje com 7 anos).

O tempo dividido entre Ubaitaba e Ilhéus (onde treinou por um tempo) serviu para redirecionar suas ambições. Antes já determinado a ter em Paris sua última dança olímpica, agora o ubaitabense fala abertamente em encerrar a carreira em Los Angeles-2028. Sua meta e tornar-se o maior medalhista olímpico da história do Brasil, superando o recordista Robert Scheidt, que tem cinco pódios, contra os quatro atuais de Isaquias.

Ele, que está de volta a Lagoa Santa com a família e pretende comprar uma casa para se estabelecer na cidade até 2028, está focado em conquistar o ouro na França e falou sobre o bem que fez a ele se ausentar do esporte por um ano. “Não foi um ano ruim, não. Foi um ano que eu pude sentir o que é ser o Isaquias Queiroz. Não ser o Isaquias Queiroz da canoagem, o cara que é bom no esporte. Para mim foi especial e aquele ano de 2023 passou. Agora estou focado em Paris e na medalha olímpica. Quero chegar para ganhar a medalha de ouro”, disse em reportagem do ge.com, há duas semanas.

Há duas semanas, Isaquias foi ouro na prova olímpica dos C1-1000m na etapa húngara da Copa do Mundo de canoagem. Foi também sua primeira conquista no evento desde 2022. E o resultado é fruto também de um atleta repaginado não apenas mentalmente, mas também tecnicamente. Sete quilos mais magro do que em Tóquio-2020, ele tem trabalhado também uma maior resistência física sem perder a ‘explosão’, sua maior virtude, numa estratégia montada pelo técnico Lauro de Souza, o Pinda, para Isaquias estar mais bem preparado fisicamente para conquistar o bicampeonato olímpico.

A confiança de Isaquias está lá no topo. A nossa também!

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