O próximo passo
Democracia instaurada e em processo de amadurecimento. Contas equilibradas, com um aumento substancial de receitas. Patrimônio recuperado e expandido. Quase quatro anos após a intervenção que afastou Marcelo Guimarães Filho da presidência e mais tarde estabeleceu eleições diretas no clube, o Bahia hoje está administrativamente no caminho certo. E ainda que não pareça, até mesmo o tão criticado departamento futebol evoluiu neste quadriênio, e hoje o Tricolor tem uma razoável base de atletas com contratos longos para começar a temporada 2018, mesmo ainda no início de 2017, além de estar de volta à Série A e da proximidade de faturar a Copa do Nordeste.
Mas e agora que a casa está arrumada, o Esquadrão está pronto para o próximo passo? Porque. mesmo com todas essas melhorias, o destino de curto e médio prazo do Bahia (e de tantos outros clubes de orçamento limitado) é seguir sua sina de time de meio de tabela, constantemente assombrado pelo fantasma do rebaixamento. Assim, é preciso querer mais que a estabilidade e ir além do ‘bê-a-bá’ das políticas de boa governança. E nem estou falando aqui em uma quebra de paradigma administrativo (ainda que a longo prazo eu a ache necessária), mas de saber que em vários tipos de negócio é preciso arriscar mais para de fato crescer.
Considero muitas das críticas feitas ao departamento de futebol do Bahia e à administração de Marcelo Sant'Ana injustas, mas muitas das reclamações à atuação do clube no mercado de jogadores têm mais do que razão de ser. Reestruturado, o Tricolor precisa ser mais consistente nas contratações. Não há mais espaço APENAS para apostas. É preciso dar tiros certeiros, e isso significa investir, de verdade, em atletas que ofereçam não apenas um nome ou reputação, mas resultados e soluções para as carências da equipe.
Nesse quesito, o Bahia hoje está estagnado. Tudo bem que o mercado brasileiro não é fácil e está, há anos, inflacionado, mas esse é apenas mais um motivo para trabalhar melhor e com mais critério, ao invés de oferecer a Renato Cajá e Maikon Leite, por exemplo, parte considerável de seu orçamento em salários.
O cenário internacional e muito mais amplo do que a possibilidade de trazer para Salvador um Pablo Armero. A cena nacional, sobretudo nas reservas dos clubes de grande faturamento, é sortida de excelentes opções, como um Gabriel, no Flamengo, um Moisés ou Clayton, no Corinthians, Erik, no Palmeiras, Neílton, no São Paulo (atleta do Cruzeiro), e tantos outros Brasil a fora com o mesmo perfil.
Sim, são jogadores caros, mas não fora da realidade de uma empresa de R$ 129 milhões anuais de faturamento. Até porque, ainda jovens, mas já maduros, têm mercado de revenda e tendem a dar retorno não apenas em campo, mas também aos cofres do clube. E é aqui que entra a contratação como investimento. Apostas em promessas ou em ‘medalhões’ têm, sim, seu espaço, mas para se diferenciar, é preciso ir às compras com mais ímpeto.
Não é um caminho fácil a percorrer, mas também não se trata de um passo no escuro. É um risco necessário para crescer e não ficar na mesmice.