Empresários baianos falam sobre projeto de redução na jornada
Nesta terça, a CCJ da Câmara discutiu a PEC pela segunda vez
A diminuição da jornada de trabalho é uma pauta discutida no meio empresarial de diversos países. Dentre eles, algumas empresas do Estados Unidos, Austrália, Canadá, Reino Unido e Nova Zelândia já adotam no novo modelo. O sistema consiste no encurtamento da semana de 05 para 04 dias de trabalho, mas com o colaborador recebendo o mesmo salário e a produtividade em 100%. No Brasil, o tema sofre bastante controvérsias, visto que no final de novembro, os deputados o retiraram de pauta no congresso. No entanto, nesta terça-feira (05), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara vai discutir novamente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Diante disso, o Anota Bahia reuniu alguns empresários baianos para discorrerem sobre a temática e trazerem suas perspectivas.
Para o presidente do LIDE Futuro, Diego Wildberger, a proposta tem o foco no aumento de produtividade e não apenas em conceder mais um dia de folga para o trabalhador. “De nada adianta reduzir a jornada de trabalho se o clima, a cultura organizacional e os processos internos da empresa não mudarem”, disse. O empresário ainda ressalta que outro motivo para a aplicação do modelo é a diminuição do presenteísmo e do absenteísmo. Os quais consistem na baixa na produtividade em ambiente de trabalho por conta do estresse, ansiedade e depressão, e no afastamento do ambiente de trabalho pelas mesmas questões, respectivamente. De acordo com Diego, para o sistema ser efetivo tem que investir em ações para melhoria do clima, cultura organizacional, melhoria dos processos internos e saúde mental. “Ações voltadas para desenvolvimento de estratégias de gestão emocional, assistência médica e psicológica, para que o colaborador tenha um acompanhamento e evite que questões pessoais, emocional e profissionais interfiram na produtividade que seu cargo se propõe a entregar”, completou.
Já Paulo Cavalcanti Jr, CEO da Carbonor e do Grupo Paramana, pontua que existem muitos setores que são essenciais, e não podem parar nem mesmo aos finais de semana e feriados, como: hospitais, tratamento de aguas publicas, limpeza urbana e fabricas de processo contínuo. Portanto, a implementação do modelo nessas situações significa que as empresas terão que contratar mais colaboradores e reorganizar as escalas. “Ou seja, isso será repassado para o consumidor final, que pagará mais caro para ter acesso a serviços essenciais como água, esgoto e saúde”, exprimiu. Assim, Paulo afirma que a experiência deveria ser realizada para determinados setores da economia não essenciais, em que os impactos possíveis não sejam tão nocivos à sociedade. “A partir desses estudos a prática poderia ser, ou não, expandida para outros setores de maneira gradativa”, comentou.
Segundo o CEO da AMB Business, Aldo Benevides, a ação faria com que os colaboradores fossem mais efetivos, por consequência de terem um tempo mais curto para executarem suas obrigações e baterem suas metas. Aldo, que também é sócio da rede de restaurantes Five Sport Bar, também falou que o tempo maior de descanso e felicidade, pelos três dias de folga, seriam outros responsáveis pela maior produtividade. Por outro lado, para o empresário, o princípio teria que funcionar como um sistema de recompensa. “Esse dia a mais de ‘folga’”’, teria que ser um benefício para quem conseguiu bater a meta de produtividade nos quatro primeiros dias da semana. Não bateu meta? Trabalha mais um dia. Até que todos se acostumem e consigam se adequar e produzir a semana toda em quatro dias”, explicou.
André Luís Barbosa, presidente do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia (CRC-BA), é a favor das tendências, contanto que siga um fluxo dos negócios para fortalecer o setor e que seja feita uma adequação responsável. “Diante de um cenário em que as pessoas são as referências no mundo coorporativo, entendemos como positivo este novo formato, pois tem como objetivo viabilizar uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores, reduzir o estresse, aumentar a produtividade e promover um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional”, afirma. André também ressalta que a redução da jornada pode ser feita de várias formas, como por exemplo, reduzir a carga horária diária, mantendo a quantidade de dias.
Além disso, o presidente da CRC-BA, conta que o modelo pode trazer vantagens para as empresas, como a redução de custos com energia, manutenção e outros gastos operacionais. “A redução da jornada de trabalho pode trazer benefícios significativos, mas também requer uma cuidadosa consideração dos impactos e planejamento adequado para garantir que seja implementada de forma eficaz e equitativa para todos os envolvidos”, opina André. “Sabemos que nem todas as empresas poderão se adequar a essa realidade, mas aquelas possíveis, cabe fazer um estudo profundo sobre os impactos a serem realizados, sem o comprometimento nos resultados”, completa.