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Armando Avena

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ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 06 de janeiro de 2022 às 6:02 h | Autor: Armando Avena - A TARDE

2022: o ano da incerteza

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O ano de 2022 começa sob o signo da incerteza e ela deve predominar até que as luzes iluminem o ano de 2023. A incerteza será a tônica quando o assunto for a pandemia, pois, embora a maior parte da população brasileira esteja vacinada, ainda não se sabe o tamanho do estrago que a variante ômicron pode causar. A incerteza será a tônica quando o assunto for política, não só porque na democracia os resultados eleitorais são por definição incertos – pelo menos até que o povo deposite o voto na urna –, mas também porque a eleição aponta para uma disputa política sem precedentes e num cenário em que o Presidente da República, candidato à reeleição, é declaradamente antidemocrático e usará de todos os expedientes, mesmo ao arrepio da Constituição, para manter-se no poder. A incerteza será a tônica quando o assunto for economia, não só porque o mercado tem horror ao imprevisível, mas também porque os fundamentos econômicos não dão azo ao otimismo e num ano eleitoral a vontade de poder transforma-se com frequência em rombos nas contas públicas. Não há certeza, por exemplo, com relação ao desempenho da economia em 2022, já que a previsão de crescimento do PIB, que era de cerca de 3% no início de 2021, vem caindo mensalmente e no último Boletim Focus a expectativa de crescimento era de apenas 0,36%. E esta é uma previsão otimista, já que no 2º e no 3º trimestre de 2021, o crescimento foi negativo, caracterizando uma recessão técnica, e são muitos os analistas que, levando em conta a elevação da taxa de juros, já preveem um quadro de crescimento zero em 2022. A preocupação procede, afinal, o Banco Central já anunciou um novo aumento de 1,5% nos juros em fevereiro de 2022, elevando a taxa Selic para 10,75% ao ano. É uma taxa paralisante e vai afetar o mercado imobiliário, desestimular o investimento, inibir o consumo e tornar atrativo a poupança, criando assim uma receita quase infalível de recessão. A incerteza também ronda as previsões relacionadas à inflação, que se mostra resistente mesmo com a elevação estratosférica nos juros. Há expectativa de que a inflação, que hoje supera os 10% ao ano, caia pela metade em agosto ou setembro, mas poucos economistas apostam nessa trajetória. Esse cenário de incerteza vai ser potencializado a partir de abril de 2022, quando forem definidas as chapas que concorrerão à Presidência da República e então a cotação do dólar vai começar a ser influenciada pelo componente político, aumentando o custo das matérias-primas, obrigando as empresas a repassar custos e colocando mais gasolina na fogueira da inflação. Por tudo isso, o ano de 2022 será regido pela incerteza, mas a esperança se mantém à espreita e, quem sabe, aparece, lépida e fagueira, no alvorecer de 2023.

O Bahia e o core business

Imagine uma empresa cuja direção resolveu atuar em todas as frentes para assim modernizá-la. E então mudou o uniforme de seus funcionários, pintou a fachada, fez políticas sociais e campanhas de apoio aos direitos humanos. Fez tudo certo, mas não deu tanta atenção ao produto que vendia e, no final do ano, deu prejuízo. Em economia dizemos que uma empresa precisa colocar sempre em primeiro lugar seu “core business” ou o “núcleo do negócio”. A direção do Esporte Clube Bahia foi como essa empresa, fez um monte de coisa mas não cuidou o suficiente do “core business” do clube, que é o futebol. Se o presidente Bellintani não aprender essa lição, o Bahia vai continuar dando prejuízo na série B.

Bolsonaro e o Reiq

No ano passado, após amplo acordo, o Congresso aprovou a lei mantendo o Regime Especial da Indústria Química (Reiq) até janeiro de 2025, com redução gradual. O benefício fiscal, que reduz as alíquotas de PIS e Cofins incidentes sobre matérias-primas petroquímicas, é fundamental para dar competitividade à indústria baiana e à indústria química brasileira. Surpreendentemente, o Presidente Bolsonaro, que sancionou a lei, rompeu o acordo e editou no último dia do ano MP revogando o benefício, para compensar a desoneração do imposto de renda das empresas aéreas sobre o leasing de aeronaves. Se aprovado no Congresso, a medida será um duro golpe na indústria petroquímica da Bahia.

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