A BYD é o futuro
Confira a coluna de Armando Avena desta quinta-feira
A Ford era o passado, a BYD é o futuro. Foi essa a frase que me veio à cabeça no dia em que a empresa chinesa lançou a pedra fundamental das suas instalações no site da antiga Ford. A BYD é o futuro porque vai investir R$ 3 bilhões na instalação de três fábricas e vai recompor a indústria de bens finais na Bahia.
Todavia, muito mais importante que isso, é o fato da BYD fabricar carros elétricos, que é o futuro da indústria automobilística no mundo, e ampliar a matriz produtiva baiana focada na energia limpa e na neo-industrialização, que representa o processo de modernização industrial comprometido com o meio ambiente, é baseado em inovação e sustentabilidade e busca a integração com as cadeias produtivas internacionais.
A produção de carros elétricos vai ampliar a matriz produtiva baiana, que está se especializando na energia limpa e na qual já somos líderes em energia eólica e solar, e teremos em breve uma grande refinaria de biocombustíveis resultante do acordo da Petrobras com a Acelen. Ou seja, a Bahia tem todas as potencialidades para ampliar uma cadeia de produção energética/industrial limpa.
A BYD é o futuro e seu CEO global, Wang Chuanfu, o Elon Musk da China, anunciou em seu discurso na solenidade a implantação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento na região metropolitana de Salvador, avisando que a empresa conta com mais de 90 mil engenheiros e gera 19 patentes por dia. E um dos primeiros projetos deste centro será o desenvolvimento de uma tecnologia local para fazer um motor híbrido que aceite etanol, ainda no âmbito das energias renováveis, anunciou Stela Li, presidente da empresa nas Américas.
Esse é o caminho da indústria limpa: a integração de cadeias produtivas que não agridem o meio-ambiente.
‘Vale do Silício’
O CEO da BYD foi mais longe e afirmou que quer transformar a região metropolitana de Salvador no “Vale do Silício brasileiro”. Ora, há muito otimismo neste anúncio, mas, se a meta for levado a sério pelos poderes públicos, e, levando em conta que temos aqui um centro de excelência em pesquisa de prestígio mundial, o Senai/Cimatec, que atua em vária áreas; e um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia, em Camaçari, no qual a Ford emprega atualmente 1.500 engenheiros, especialistas em criação e design de novos produtos para suas operações em nível global, é possível, guardando as devidas proporções, ter nosso pequeno Vale do Silício.
A BYD é o futuro porque também abre perspectivas para o empresariado baiano e de outros estados, já que estabelece a intenção de montar um polo de fornecedores em diversas áreas, seja na produção de autopeças e equipamentos técnicos ou na prestação de serviços. E, além disso, esse polo de fornecedores pode ter alcance regional, integrando-se com as necessidades da Stletantis, a maior montadora de automóveis do País, que possui uma grande unidade em Pernambuco. Por tudo isso, a BYD é o futuro e a Bahia a recebe de braços abertos.