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Armando Avena

Por Armando Avena

ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 31 de agosto de 2023 às 5:45 h | Autor: Armando Avena - A TARDE

A China, o momento Minsky e a Bahia

Confira a coluna Armando Avena desta quinta-feira

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Pequim, na China
Pequim, na China -

Tudo indica que a China está prestes a viver uma crise semelhante a de 2008, ou seja, uma crise de grandes proporções que pode afetar a economia mundial e também a economia baiana. Semelhante ao que aconteceu nos Estados Unidos em 2008, a China tem uma “bolha imobiliária” prestes a explodir e essa bolha tem o mesmo componente: empréstimos imobiliários de risco, sem lastro de garantia e que podem gerar uma corrida aos bancos.

A China nega, seus líderes tentam resolver o problema, mas as chances de um “momento Minsky” são cada vez maiores. O economista Hyman Minsky demonstrou que num período de intenso boom econômico os investidores tendem a aceitar riscos maiores e ampliam seus empréstimos exageradamente. Então, no “momento Minsky”, quando o período de otimismo excessivo está acabando, qualquer evento desestabilizador leva os investidores a uma corrida aos bancos e o sistema entra em colapso.

Quase houve um “momento Minsky” este mês na China quando a gigante do setor incorporador, a China Evergrande, pediu recuperação judicial e registrou-se a inadimplência da Country Garden, maior incorporadora do país em vendas de propriedades, e da empresa fiduciária Zhongrong Trust. Parecia que o efeito Lehman Brothers, que desencadeou a crise de 2008, tinha ressuscitado na Ásia. O pior é que já há sinais de que a inadimplência das incorporadoras imobiliárias se espalhou pelos fundos de investimento, que administram 3 trilhões de dólares. A cada dia, surgem sinais mais preocupantes. A demanda doméstica está caindo, as exportações estão em queda e o yuan chinês caiu para seu nível mais baixo em 16 anos, obrigando o Banco Central a elevar o valor do dólar. A economia chinesa, que crescia a 12% ao ano, teve sua meta oficial de crescimento reduzida pela metade, para cerca de 5,5% em 2023, e ninguém acredita que ela seja factível.

O governo reduziu a taxa de juro, tentou reaquecer o mercado imobiliário e a demanda doméstica, mas a crise, que já é nítida desde abril, continua. E, para completar, o governo está endividado e o país tem uma crise populacional, com a taxa de fertilidade despencando e ficando menor do que a do Japão.

Mas o que é que a Bahia tem a ver com isso? Muito mais do que o leitor imagina. A China é o maior parceiro comercial da Bahia, sendo responsável por cerca de 25% das suas exportações e a Ásia por mais de 40%. Pois bem, no 1º semestre de 2023, as exportações baianas caíram 28,6%. E a China reduziu suas compras em 23%, segundo dados da SEI. A crise na China já está atingindo a Bahia e terá reflexos negativos no agronegócio, especialmente a soja, mas também nas cadeias de metalurgia, petróleo, mineração, celulose e outros. E vai afetar os terminais portuários e todas as operações de serviços ligadas ao comércio exterior. E, para completar, existem também vários projetos chineses de investimentos públicos, com grandes obras de infraestrutura, e privados, com a vinda de empresas como a BYD e outras. Em resumo: uma crise de grandes proporções na China vai afetar a Bahia.

A economia em Salvador

A Prefeitura tem agido corretamente para estimular a economia de Salvador. O programa Invista Salvador, por exemplo, estabelece ações para desburocratizar e agilizar a abertura de empresas e incentivos para criar um ambiente amigável para os investimentos. Ontem, o prefeito Bruno Reis também anunciou uma nova rodada do programa CredSalvador que apoia pequenos empreendedores e pessoas que atuam no comércio informal. Entre 2021 e 2022, o CredSalvador emprestou R$ 21 milhões. São ações positivas, mas a Prefeitura precisa de uma política favorável ao empreendedor, que faça com que o investimento em Salvador seja capaz de gerar uma taxa interna de retorno adequada.

O Bahia é uma empresa?

O que uma empresa faria com o gerente de vendas, se a equipe montada por ele fosse ótima, mas, após um ano, vendesse muito pouco, quase nada? O que os acionistas de uma empresa fariam com seu principal executivo se ele, durante mais de um ano, dissesse que a equipe estava entrosada, só não conseguia gerar lucros? O que uma empresa, cujo objetivo é se posicionar nas competições e com isso ganhar mais dinheiro, faria com um executivo que não está alcançando esse objetivo e está perdendo market share? Pior, está caindo no ranking, frente aos concorrentes. A pergunta é sobre economia, mas pode ser sobre futebol, afinal o Esporte Clube Bahia agora é uma empresa. E perguntar, não ofende!

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