A economia do forró
Hoje é dia de São João, dia de pular fogueira, comer canjica e dançar o arrasta-pé. É dia de festa e de alegria na Bahia e por aqui a festa é sinal de crescimento da economia e de geração de emprego e renda. E, assim como o carnaval faz girar uma cadeia de negócios de grandes proporções que gera atividade econômica o ano inteiro, o São João também movimenta o mercado de emprego e de serviços e de tal modo que se pode falar de um ramo de negócios genuinamente nordestino: a economia do forró. O rótulo pode ser dado às atividades de produção de bens e serviços que ocorrem o ano inteiro, mas que se realizam efetivamente no mês de junho, quando se comemoram as festas de Santo Antônio, São João e São Pedro.
As ações envolvidas com a festa englobam o turismo propriamente dito; os recursos alocados pelos governos estaduais e municipais; a montagem e instalação de verdadeiros parques de consumo e diversão, com barracas e pontos para ambulantes; a atividade hoteleira; a realização de festas privadas; a geração de infraestrutura; o pagamento de músicos e de espetáculos; a arrecadação de impostos e dezenas de outras atividades propiciadas pela festa. Tudo isso, que estava paralisado por causa da pandemia, volta agora com força total.
Não existem ainda números oficiais para avaliar o impacto econômico e financeiro das festas juninas, mas baseado em estimativas da Secretaria de Turismo, a movimentação financeira atinge os R$ 550 milhões por ano em eventos nos municípios que, direta ou indiretamente, são impactados pelos efeitos multiplicadores da festa, com a geração de 40 mil empregos. Na verdade, esse montante precisa ser qualificado, mas a festa gera centenas de atividades, a exemplo de festas privadas, pagamento de músicos e infraestrutura de shows, decoração das cidades, segurança e infraestrutura de higiene e limpeza, arrecadação de impostos e outros itens. Só o governo do Estado vai injetar em 2022 mais de R$ 20 milhões para apoiar a realização da festa nos municípios.
E há dois anos sem festa de São João, o mais provável é que este ano os valores sejam mais elevados. A movimentação financeira será grande em cidades como Cachoeira, Mucugê, Amargosa, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Piritiba, Ibicuí, Lençóis e outras.
Algumas cidades do interior da Bahia multiplicam por três sua população original, com o fluxo de turistas no São João, e é fácil verificar o impacto no mercado imobiliário, nos restaurantes, na hotelaria e no mercado informal, onde centenas de barracas vendem todos os tipos de produtos, no ambiente cultural, no mercado artístico e em dezenas de atividades que de uma forma ou de outra estão ligadas à festa.
Importante ressaltar que o São João passou a atrair turistas extra estaduais e Salvador se posiciona tanto como polo receptivo, como polo emissor de turistas. Isso pode ser mensurado no pedágio da BR 324, cujo fluxo de automóveis é acrescido de milhares de automóveis no período e na média mensal do fluxo de passageiros no terminal rodoviário de Salvador, que aumenta em cerca de 40% em junho e também no aeroporto de Salvador.
E aqui vale lembrar que, além da ocupação dos hotéis, uma outra fonte expressiva de negócios é o aluguel da própria casa, um ganho extra que se junta à produção de alimentos e fogos e ao oferecimento de serviços. O fato é que, embora não seja possível contabilizar com segurança o montante de recursos que as festas de São João na Bahia e no Nordeste brasileiro movimentam, é certo que estamos diante de uma importante e promissora atividade econômica, capaz de gerar riqueza para os municípios localizados nos mais recônditos locais do semiárido baiano e que pode ser rotulada como a economia do forró.